Quem, no Brasil, por profissão, paixão, ou simplesmente prazer, resolver aprofundar seus conhecimentos no mundo do vinho, deveria ser alertado, desde o início, que encontrará as mesmas enormes dificuldades de um islandês que decidir estudar flora equatorial no planalto de seu país.
No Brasil tudo e todos contribuem para dificultar o consumo,
conhecimento e cultura do vinho.
Preços estrelares, qualidade medíocre, pouca ou nenhuma
concorrência, inexistentes tradições e culturas vinícolas e consumo ridículo,
são algum dos fatores que o profissional, ou enófilo, terá que enfrentar quando
resolver se aventurar pelo mundo do vinho no Brasil.
O quase herói, que resolver se profissionalizar, desde o
começo de sua carreira deverá superar, pelo menos, dois grandes obstáculos:
baixa qualidade dos cursos disponíveis, incompetência e despreparo dos “professores”.
Sempre afirmei e repito, que qualquer garçom, de bons wine-bar
ou restaurantes da Espanha, Portugal, França e Itália etc., possui maiores
conhecimentos vinícolas do que a esmagadora maioria dos “professores” dos
cursos existentes no Brasil.
Outro fator negativo a enfrentar: A eterna e total dependência financeira de
produtores e importadores.
Sem o suporte, dos setores acima, mencionados, AB$, $BAV,
sommeliers, críticos, divulgadores etc. encontrariam enormes dificuldades para
sobreviver.
A dependência é a mãe da subserviência, assim é ridículo
verificar como alguns de nossos mais badalados e consagrados “profi$$ionai$”, do setor, se prostituem para poder ganhar algum.
Os mais patéticos?
1º) Nariz se palhaço, gravatinha borboleta, posar pelado, puxar
o saco do Ciro Lilla para ganhar o papel de “Coroa-Propaganda” da Mistral e
conseguir um emprego, na “Vinci”, para um filho desempregado.
2º) Bajular ricos paulistas para conseguir beber fundos de
garrafas de etiquetas caras e famosas, escalar cruzeiros medievais e, em final
de carreira, ser “obrigado” a classificar um vinho do cerrado goiano, “...uma aberração de
tão bom”.
3º) Puxar o saco de importadores e produtores nacionais até,
pasmem, ser obrigado a classificar o quase (arghhh) Barbera da Perini como: “…. ótimo
suculento e equilibrado” e assim conseguir
patrocínio para poder participar “sei-lá-quantas-vezes-e-perder
outras-tantas”, de um dos “trocentos” e fajutos concursos de “Melhor
Sommelier do Mundo”.
4º) Deixar de ser “sortudo”, despencar
do “Olimpo
Global”, dos vinhos da Borgonha, Itália, Portugal Espanha e, já na
fase “azarado”, ser obrigado a publicar listas dos melhores
brancos, tintos e espumante nacionais.
Se a vida de algumas de nossas “estrelas” vinícolas não e nada
fácil, imagine a dos simples mortais.....
Resumindo: Caso você decida se aventurar, iniciar a percorrer
o difícil caminho das “vinhas & vinhos”, para abraçar a profissão de
sommelier, aqui vai a primeira dica: aprenda inglês, economize o quanto puder,
compre uma passagem para a Europa, arrume um trabalho de garçom (é fácil pois
falta mão de obra) e, depois de estabilizado, matricule-se em um curso em um
dos países escolhido.
Caso suas finanças não gozem de razoável saúde vá de Google.
O Google é grátis, melhor e mais confiável do que a imensa
maioria dos cursos caça-níqueis que andam por aí.
Dionísio
Nunca fora de tempo, aspirantes precisam de publicações como essa
ResponderExcluirMas vou lhe dizer, Dionísio, aspirantes do caminho enolóide não têm acesso ao blog, mundo restrito, não teria como expor as matérias de forma mais engajada? Tenho o bacco e bocca como um bibelô das minhas leituras mas sempre com o desejo de q o conteúdo fosse mais adiante
ResponderExcluirnossas limitações na net são antigas e notórias e não temos saco nem grandes desejos de nos expor muito mais. Quem quiser e puder , compartilhe, divulgue . Abraço
ExcluirO engajamento do marketing ( Mistral, outras..) é avassalador e prestam desserviço demais
ResponderExcluirAté parece que não conhecem o Brasil. Olhem para o atual estado das nossas cidades, para a pobreza galopante, para a nossa política, aquela breguice rica no poder ditando gostos, lembrem da nossa música, nossa literatura, que deixaram de existir. Queriam o que com os vinhos?
ResponderExcluirEndosso.
ExcluirOs poucos museus que existem "pegam" fogo. O perfil falso da Clarice Lispector no facebook escreve melhor e mais que a turma atual.
De legiao urbana a Pablo Evittar. De Carlos Gomes /Villas Lobos a caneta azul. De chapéu panama ao bone de hélice na ponta do Sergio Malandro. De Lula a Lula (com bolsocorno fujão para por cereja no bolo entre os Lulas). De plano real a arcabouco fiscal liderado pelo Retarddad. De Pele a Neymar Jr. De Senna a Pietro Fittipaldi. De Jo Soares a Whindersson Nunes. De Gal Costa a Anitta. De perdidos na noite a Faustao na band.
As vezes rola "free lunch" sim...
ResponderExcluir"Rega-bofe no RS chama de ‘erro’ crime de escravidão na produção do vinho.
Vinhos da Aurora, Garibaldi e Salton foram servidos intencionalmente em um jantar oferecido por uma família de empresários a seus pares e políticos durante o South Summit, em Porto Alegre, um evento global de inovação e tecnologia. Semanas atrás, 207 trabalhadores haviam sido resgatados da escravidão na produção das três vinícolas. "
Leia a matéria "Filipa Pato quer alçar a baga na Bairrada ao patamar da pinot noir na Borgonha" em https://neofeed.com.br/finde/felipa-pato-quer-alcar-a-baga-na-bairrada-ao-patamar-da-pinot-noir-na-borgonha/
ResponderExcluirQuando alcançar, em 2557, poderá iniciar nova escalada e superar o Champagne
ExcluirEm 2557 a Borgonha já vai ter voltado para a Gamay, pois a Pinot Noir não vai resistir ao aquecimento...
ExcluirVoltado? Quando a Borgonha deixou a Gamay ?
ExcluirA RUÍNA DE SHERRY-LEHMANN
ResponderExcluirhttp://www.revistagula.com.br/noticias/a-ruina-de-sherry-lehmann?fbclid=PAAabnbdypMYmp-AjutFEU21WVQ6EfXcqnnU74VXngYQ4qx66ejj2sstoys60
"há clientes estrangeiros que “não compram vinhos portugueses porque são superbaratos”"
ResponderExcluirhttps://www.publico.pt/2022/08/19/terroir/entrevista/claudio-martins-ha-clientes-estrangeiros-nao-compram-vinhos-portugueses-sao-superbaratos-2017435