Qual o vinho mais caro que já comprei?
Os 16 obstinados leitores que ainda nos acompanham na
quixotesca jornada de desmistificar os “críticos-bocas-livres”, que surgem como
cogumelos no mundo do vinho nacional, sabem perfeitamente que meu teto atinge,
no máximo, 100 Euros por uma garrafa prestigiosa.
100 Euros é meu limite porque não acredito que uma garrafa possa
custar mais do que isso, aliás, 100 Euros já é um exagero.
Não deveria nem poderia, mas quando até no Brasil são produzidos
“quase vinhos” que custam mais de 100 Euros é natural que eno-otários,
bebedores de etiquetas, não hesitem, nem um segundo, em desembolsar qualquer quantia
para obter garrafas premiadas com 90 –95-98 -100 “pakerianos-pontos”.
Uma única vez gastei 200 Euros por uma garrafa (comprei duas)
de Montrachet e quase implorei para comprar.
Porque gastei tanto assim?
Seria uma falha enorme se eu não me familiarizasse com o vinho
considerado o top da casta.
O preço pago foi “barato” graças à interferência do Massimo Martinelli.
O Montrachet, nas lojas, custa 350/550 Euros.
200 Euros por um Montrachet não é uma loucura especialmente se
levarmos em conta o seguinte: O Grand Cru
Montrachet é uma área de 7 hectares,99 ares e 80 centiares localizada em
Puligny-Montrachet e Chassagne-Montrachet.
O terreno pertence a 18 viticultores e 26 são os
engarrafadores.
Os números não batem?
Acontece que vários proprietários arrendam suas propriedades para vinícolas
que cuidam das vinhas desde a poda até a vinificação e recebem, como pagamento,
parte do vinho já pronto e etiquetado.
A percentagem de cada um é um mistério.
50% das vinhas do
Montrachet estão na mão de três proprietários: Marquês de Laguiche abocanha
quase 2 hectares (as uvas são colhidas e vinificadas pela vinícola Drouhin).
A Domaine Baron
Thénard é dona de pouco mais de um hectare.
A Maison Bouchard Père
& Fils possui um pouco menos de um hectare.
A última transação imobiliária, de que se tem notícia, foi
realizada em 1993 quando o Château de Puligny comprou 428 m² de vinhas no
Montrachet pela bagatela de 540 milhões de francos (533 mil Euros atuais).
O preço das 40/48 mil garrafas anuais de Montrachet são disputadas
por centenas de milhares de apreciadores, daí seu preço exorbitante.
A pergunta que quero fazer é a seguinte: Quem é o maior eno-asno?
Aquele que compra uma garrafa de Romanée-Conti por 15.000 Euros ou
aquele que adquire uma de Montrachet, da mesma
vinícola, por 4.500
Euros?
Para mim, ambos merecem o prêmio de eno-toupeiras do ano, mas
o mais idiota é, sem dúvida, o eno-anta que comprou o Montrachet de 4.500 Euros.
Explicando: O Romanée-Conti, é um “monopole” (LaTâche também
é), ou seja, pertence, em sua totalidade, à Domaine de
La Romanée-Conti e não tem “concorrentes”.
O viticultor vizinho (2 metros) vinifica um vinho tão bom
quanto, mas não conseguiria, jamais, vender seu Vosne-Romanée
pelo preço de uma garrafa de Romanée-Conti.
No Montrachet a realidade
é outra.
Um dos vizinhos (mesma fileira) da Domaine de La Romanée-Conti é a Domaine Marc Colin
et Fils
Marc Colin é um excepcional
viticultor de Saint-Aubin e seu renomado Montrachet
pode ser encontrado, nas lojas, custando um décimo do irmão vinificado pela Domaine de La Romanée-Conti.
É bom salientar que 99,99% dos que compram o Romanée-Conti, ou
um Montrachet da mesma Domaine, não sabem identificar o que estão bebendo.
Compram pelo status que a etiqueta lhes confere, mas não os
distinguiriam de um Gevrey-Chambertin ou de um Blanchot-Dessus.
Pagar 4.500 Euros por uma garrafa de Montrachet é uma demonstração
de desprezo pelo dinheiro.
Confesso que ao tomar conhecimento da montanha de dólares que
os corruptos do "petróleo" concordaram em devolver aos cofres do estado, cheguei
à conclusão que o eno-otário sou eu
Viva os eno-otários!
Concordo com vocês! 100 euros também é o meu limite, mas confesso que também já o extrapolei com uma garrafa de Vega Sicília que me custou 190 euros.
ResponderExcluirBom dia amigos !
ResponderExcluirÉ muito bom ler algo escrito por quem realmente conhece o assunto , que é complexo , porem é tratado sem mistificações . Aqui no Brasil as pessoas acham chique pagar R$ 100,00 em uma garrafa de vinho , que na origem custa R$ 12,00. Tem muita gente aqui pagando R$ 90,00 o Kg da Picanha e teoricamente entendemos de carne , agora imagina uma bebida que não dominamos muito bem ?
Abraço,
RZR.
É o Brasil "maravilha" é o Brasil do consumismo irracional
ExcluirAs cegas com 30 vinhos o fulvia pinot noir muito provavelmente bateria o romanee conti ! Então vamos comprar o fulvia e dane-se o romanne
ResponderExcluirSim! Na mesma linha poderíamos dizer que o "Champanhe"Peterlongo bateria o Paul Bara, o Singular Nebbiolo da Carraro bateria o Bruno Giacosa, o Chardonnay da Francioni arrasaria o Dents de Chien do Morey.......
ExcluirE o barbera de cocalzinho com certeza bateria o barbera do mascarello !
ResponderExcluirO Didu no seu último Aprendiz de sommelier mandou a turma ir trabalhar com parafuso kkkkk
ResponderExcluirhttp://www.didu.com.br/2015/02/o-aprendiz-de-sommelier-harmonizacao/
ResponderExcluirHa eno-otarios e eno-lava-dinheiro. Com tantos milhoes de €€ e $$ circulando podremente de Brasilia a Shenghai e Beijing os caras tem que pegar as malas de dinheiro e gastar com alguma coisa.
ResponderExcluirJa pensou que delicia ser o fornecedor preferido de vinhos dos congressistas coroneis e dos congressistas do partidao chines? Ou indiano?
Como sera vender vinho para a casa da familia Sir Ney?
Vc deveria ver o que há de RC nas adegas brasilienses
ResponderExcluirOlá B&B, matéria antiga mas pertinente. Estava lendo porque estou às vésperas de comprar uma garrafa de "Le Montrachet" do Louis Jadot, safra 2003 e outra de "Batard-montrachet" do mesmo produtor e mesma safra. Os preços: 465 dólares e 285 dólares respectivamente. Minha pergunta é: vale o preço? Pelo menos em comparação com o Brasil os preços são bons.
ResponderExcluirAbraço.
O Montrachet não tem preço: Achou comprou. $465 ou $500 tanto faz (ainda mais 2003),já o Batârd está um pouco salgado. Se vc comparar com os preços no Brasil , são de graça
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