Um comentário, na matéria “ Na Contramão”, publicada por Dionísio, chamou minha atenção.
O “anônimo”, queria saber qual minha opinião acerca dos
restaurantes ungidos com a famosa estrela Michelin.
Confesso que, nos primórdios de minhas viagens gastronômicas,
nutria uma irresistível atração pelas estreladas panelas do gordinho dos pneus.
Já não lembro quantos “estrelados” frequentei em minhas
viagens pela Europa, mas confesso que aos poucos, mas irremediavelmente, a
paixão foi diminuindo, sumindo e, finalmente, já não existe.
Hoje frequento raríssimas vezes os “Michelin”;
a estrela brilhante já perdeu sua auréola, sua proverbial independência e aquele
manto de virginal pureza
O guia “Michelin” já não
seduz nem convence como no passado, pois parece ter perdido o contato com os comuns
mortais e como eles querem e o que comer.
A “Estrela” continua premiando apenas locais
luxuosos cujas cozinhas selecionam e oferecem apenas ingredientes raros e caros
que são apresentados, com pompa exagerada, aos clientes endinheirados e suas
silenciosas, glamorosas e deslumbradas acompanhantes.
A fórmula da Michelin
que, por mais de um século fez sucesso, cansou e começou sua irreversível e
implacável caída.
Um dos sintomas mais
visíveis da decadência é facilmente perceptível ao verificamos o número, sempre
maior, dos restaurantes “Michelin” que fecharam as portas ou, renunciando à famosa
estrela, buscam novos (ou velhos...) caminhos fugindo da crise e custos
insustentáveis.
Alguns chefs já nem aceitam a Estrela
Michelin.
Um dos mais radicais inimigos do guia é o famoso chef Marc Veyrat
que, em seu novo endereço em Megève, pendurou um cartaz com o seguinte aviso: “Proibida a entrada dos inspetores do Guia Michelin”
Os comuns mortais cansaram de
cozinha molecular, emulsificações, aromatizações, crio-congelamentos estranhas
espumas coloridas etc. ; querem retornar à cozinha “terrestre”, tradicional,
com molhos, ervas, massas, carnes, peixes, que possam ser identificados como
tais, e não pratos que lembram (até nos preços) quadros de Modrian, Pìcasso,
Miró, Kandinsky etc.
Eu, não tendo nenhum parentesco nem admiração pelos reis magos, não sigo estrela “cadentes”.....
Viva a cozinha tradicional, sadia
e.....barata.
Na próxima matéria uma receita
antiga, um clássico da cozinha piemontesa
Bacco
Nenhum comentário:
Postar um comentário