A Miolo foi uma das primeiras, predadoras de vinho, a perceber
que poderia relegar a um segundo plano a qualidade dos vinhos, mas mesmo assim lucrar muito com publicidade bem boladas.
Vinhos banais, altas pontuações (sempre pagas), canetas de
vida fácil e sempre famintas, um famoso enólogo-viajante pronto a assinar até Lacto Purga,
eram os caminhos a seguir para conseguir lucros fantásticos.
Não foi fazendo caridade que a Miolo, em pouco mais de três
décadas, passou de 30 hectares de vinhedos e fornecedora de uvas às grandes
engarrafadoras, para os atuais mais de 1.000 hectares e uma das maiores
industrias vinícolas do país.
Voltemos às picaretagens......
O “Lote 43” animou
a Miolo a contratar, mais uma vez, o enólogo viajante, Michel Rolland-Lero e surpreender,
novamente, o mercado com uma etiqueta estupradora de cartões; “Sesmarias”.
Era uma fase em que bastava pronunciar o nome do Rollando-Lero
para os diretores da ABS entrarem em espasmódicas excitações.
O nosso enólogo- viajante, que de bobo nada tem, prevendo o próximo
fim de sua relação com a Miolo, entrou com tudo o que tinha e bolou sua última
“obra prima” vinificando Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot,
Tannat, Tempranillo, Touriga Nacional…e só parou por não encontrar
mais castas para esmagar
Nascia mais um vinho Miolo: “Suruba-Sesmarias”.
Não pense que beber a criação da Miolo é tarefa simples, fácil,
barata; para tirar a rolha do “Suruba-Sesmarias” é
preciso desembolsar hiperbólicos R$ 800/1.000.
O sucesso, dos assaltos da Miolo aos cartões dos enófilos
brasileiros, animou muitos outros produtores nacionais.
Os predadores
perceberam que os eno-palermas acreditavam no falso lema do “se é
caro é bom” e investiram muito para alimentar, mais e mais, a crença
Pizzato, Don Giovanni, Luiz Argenta, Era
dos Ventos, Perini, Guaspari, Maximo Boschi, Valduga, Maria Maria, Salton,
Vallontano, Guatambu, Pericó, Peterlongo
etc. se especializaram em meter mão no bolso dos consumidores
brasileiros, produzindo vinhos nacionais, quando muito e apenas razoáveis, por preços
de Grand Cru francês
Há três predadores especiais que deixei, propositalmente, fora
da lista: Vilmar Bettu, Lidio Carraro e Geisse.
Não vou dedicar muito tempo sobre o que penso dos vinhos do
Vilmar, mas devo reconhecer que o Bettu é um gênio do marketing e um Mandrake
na hora da venda.
Vilmar, imitando Mandrake, consegue hipnotizar os eno-tontos e
convencê-los a comprar, por preços estratosféricos, seus quase-vinhos-artesanais
de araque.
Bettu é um verdadeiro alquimista: Transforma tremendas-bostas
em lingotes de ouro.
Lidio Carraro.....
O que dizer de um dos maiores predadores da Serra Gaúcha?
Uma vinícola brasileira que anuncia um Cabernet Sauvignon
gaúcho por um preço maior do que um Pauillac.
Veja 1)
LIDIO CARRARO GRANDE VINDIMA CABERNET SAUVIGNON 2012 + ESTOJO GRANDE
VINDIMA
•DESTAQUE••LANÇAMENTO•
POR:
R$ 724,00
Veja 2)
Château
Lynch-Bages 2021
5e cru
classé -
-
- Rosso - Dettagli
128,10 € / Unità
(R$ 678)
A predadora dos Pampas não se satisfaz apenas em “morder” os
fãs do Cabernet Sauvignon e ataca, com sua rara voracidade, também, os
admiradores do Nebbiolo.
Quem já bebeu o “Singular Nebbiolo” da Carraro e
um bom Barolo, não consegue
acreditar que ambos sejam vinificados com a mesma casta.
Eu considero o vinho da Carraro um verdadeiro insulto ao Nebbiolo,
mas há eno-tontos e canetas de aluguel, que elogiam o Nebbiolo gaúcho e sem
pestanejar desembolsam, por ele, escorchantes R$ 726,30 (o
triplo de um ótimo Barolo 2019 de “Fratelli Alessandria”)
Veja
Barolo del Comune di Verduno Fratelli Alessandria 2019
Quello dei Fratelli Alessandria è un Barolo del Comune di
Verduno corposo e intenso che viene lasciato invecchiare per 36 mesi in botti
di rovere francese e di slavonia. Presenta un bouquet molto fine e delicato
dove si alternano note di violetta e sensazioni balsamiche, con un finale che
gioca su caffè e pepe
41,00€ (R$ 217)
o 3 rate da 13,67 € senza interessi.
Quando acreditava que ao Lidio Carraro havia esgotado todos seus ardis e imaginação na tentativa de ludibriar os enófilos
tupiniquins, eis que que a predadora “descobre”, em suas grutas gaúchas,
ânforas pré-colombianas.
Nasciam,
ali e então, duas novas incríveis picaretagens vinícolas: “Vinum Amphorae Chardonnay” e “Vinum Amphorae III”.
VINUM AMPHORAE CHARDONNAY SAFRA 2019 - COTA LOTE III COM 1 GARRAFA DE 750ML
•DESTAQUE••LANÇAMENTO•
POR:
R$ 731,60
ou 3x de R$ 243,87 Sem
juros Cartão MasterCard
O departamento de marketing da predadora resolveu adotar, nas etiquetas,
o latim, pois pouco se conhece da língua faladas pelos etruscos, mas é quase
certo que as ânforas, utilizadas, na vinificação dos dois vinhos, pertenciam a
uma família etrusca que emigrou para o Rio Grande do Sul em 8717 AC.
VINUM AMPHORAE III SAFRA 2020 - COTA LOTE II COM 2 GARRAFAS DE 750ML
POR:
R$ 1.315,80
ou 4x de R$ 328,95 Sem
juros Cartão MasterCard
Falando sério...Um Chardonnay nacional custando tanto quanto um Chassagne-Montrachet
1er Cru e um tinto gaúcho mais caro do que um Beaune 1 er Cru…Piada
AOP Beaune 1er Cru "Cuvée Cyrot-Chaudron"
Prix : 88,00 €
Millésime : 2014
Appellation : AOP Beaune 1er Cru
Domaine : Hospices De Beaune
Cépage : Pinot Noir
Format : Bouteille (75 cl)
Couleur : Rouge
Voltemos à realidade…. A Lidio Carraro, em picaretagem marqueteira, somente
é segunda quando comparada à próxima predadora vinícola e estrela de minha próxima
matéria.
Dionísio
Mesmo nas importadoras brasileiras é possível encontrar bons vinhos do Médoc e de Saint Emillion por preços inferiores ao dos cabernets referidos na matéria. E olha que nossas importadoras não são nada comedidas nos seus preços, fora os tributos. É de se pasmar que haja mercado para vinhos nacionais fracos ou medianos por estes preços. Serão os compradores fervorosos patriotas?
ResponderExcluirMelhor seria dizer " fervorosos patridiotas"....Há um pequeno exército de influencer e outros picaretas que , por alguns tostões, todos os dias elogiam nossos caríssimos vinhos
ResponderExcluirInfelizmente a picaretagem pode estar tomando o mundo virtual. O Vivino é um app de notas que faz muito sucesso no Brasil. Eu mesmo o uso vez ou outra para vinhos que nunca tomei e reparei que as notas de alguns vinhos nacionais são bastante infladas em relação aos de outros países. Pode ser apenas o Brasileiro que não sabe beber avaliando mal? Pode, mas pode ser que haja incentivos assim como se compram seguidores e likes no Instagram. É apenas especulação, mas acho engraçado ver tantos vinhos meia boca com notas que definitivamente não condizem com a realidade.
ResponderExcluirTem ainda pior que essa lidio recarro? So se for uma vinícola com algum pastor evangélico da universal de dono, dono de escola de samba e presidente de clube de futebol E politico, tudo junto.
ResponderExcluirConheci a Lidio Carajo quando estavam começando. Atendiam na casa da família, uma propriedade bem simples em Bento. Você entrava na casa mesmo, passava pela cozinha, ia na área externa... na Época a senhorinha me contava com orgulho que tinha enviado sua neta (ou filha, não recordo) pra Europa pra estudar enologia e que a proposta deles seria pequenas produções de qualidade artesanal e focada no sabor da uva com baixa intervenção (usando inox e evitando madeira). Não sei se a Lidio escarrada de hoje se manteve fiel a essa visão, parece uma versão mais ao Sul da Bueno Wines.
ResponderExcluirMais ao norte que a Bueno Wines, geograficamente...
ExcluirVinho cultivado no cerrado brasileiro ganha reconhecimento internacional
ResponderExcluirhttps://www.google.com/amp/s/gizmodo.uol.com.br/vinho-cultivado-no-cerrado-brasileiro-ganha-reconhecimento-internacional/amp/
Realmente vai mudar tudo no mundo do vinho. Vou começar a plantar uvas no quintal.
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