A melhor idade
Vinhos que evoluem em 5 ao invés de 10, 15, 20 anos.
Seria o fim da civilização como a conhecíamos?
A nova série de artigos sobre vinhos evoluídos, aqui publicada,
me despertou e me animou.
Passei algumas semanas importunando amigos e pessoas
aleatórias, na internet, questionando sobre as experiências, gostos e opiniões
sobre vinhos, vinhos evoluídos, o passado e o futuro.
Conclusão obtida, após essa pesquisa muito importante: Pessoal está
cavando e andando para o tema.
Comprei recentemente um Champagne safrado já com vários anos
nas costas.
Reações nenhuma.
Abrir um Brunello de 10 anos?
Ninguém se preocupa com isso, ao contrário, a cada gole alguém
fazia piadinha com o fato do vinho ‘’ter 10 anos’’.
Pessoal se preocupa com o gosto ou, no máximo, a aparência do
vinho na taça.
Quando comentamos a
safra, o ano como foi, ou os eventos naquela época, passamos a imagem de esnobes
ou de trouxas românticos.
Os que procuram “pelo em rolha”, como nos, é uma minoria
silenciosa e que jamais terá voz financeira.
Ninguém sente falta de
nós, afinal damos trabalho extra (no sentido de aporrinhação, não de emprego) a
vendedores, sommerdiers e (de)formadores de opinião.
Com o aparecimento do tal aquecimento global as uvas já se
tornam maduras em muito menos tempo, e quando colhidas já não possuem alguns
dos componentes superimportantes para garantir aquela evolução saudável, na
garrafa, por anos e anos.
Ácidos, taninos, tudo aquilo que todos já sabem, além do uso e
abuso da tecnologia para repor o que não estava nas uvas, não funciona bem....
Mas, assim como eu nunca saberei o gosto de um Barolo 1960,
aberto em 1980, as novas gerações também não saberão o que não perderam.
A vida segue com 95% do
mercado consumindo vinho produzido e pronto para ser bebido após 1 ou 3 anos.
O 1% (ou menos), com suposto bom gosto, jamais pagará as
contas ou justificará a existência de uma filosofia que não existe mais.
Nunca fomos importantes, jamais o seremos.
Vivemos na época que ‘’Vingadores’’ arrecada bilhões.
Filminhos cachorros que
duram quase 60 minutos e nos isentam de pensar (o que me parece ótimo, posto
que não conseguiríamos encontrar ou compreender a mensagem)
Perdemos a capacidade de ter lembranças graças ao imediatismo
reinante.
Se recordar e’ viver http://baccoebocca-us.blogspot.com/2019/09/recordar-e-viver.html, há
muita gente que nunca viveu nem viverá.
Percamos as esperanças.
Bonzo