Demorou, mas a atual geração de humanos descobriu um local que
têm muita história, cultura, gastronomia de alto nível, pessoas do mundo todo,
clima razoavelmente suportável (alguns meses no verão no nível inferno, o
restante do ano, ameno) — e tudo muito barato.
Durante a Segunda Guerra Mundial, era um hub de muitos
espiões, artistas, nobreza do mundo todo.
Esquecido após a segunda guerra, a gravidade da qualidade do
lugar acabou atraindo uma multidão para lá desde os anos 2000.
Não falo de Rio Branco, Acre, mas de Lisboa.
Na segunda passagem
pela cidade, com mais tempo e alguns euros sobrando, pude desfrutar bem mais
dela.
Segue um curto roteiro de restaurantes, pois, devido ao número
de lugares fantásticos, não há como percorrer todos em 100 anos.
Dica que li neste blog e em outros locais de bom gosto: “Marisqueira/Cervejaria
Ramiro”.
Lugar sem pretensão alguma de ser upscale, que conta quase sempre com filas constantes, mas uma boa reserva com antecedência ajuda.
Os pratos locais são frescos, espetaculares e nem tão caros.
Com bebida e sobremesa,
duas pessoas gastam uns 50 euros.
Voltei uma vez.
“Time Out Market” continua
mandando bem para turistas.
Se está como turista,
faça como o turista.
O mercado vale uma
visitinha, mas chegue antes do gado faminto por fotos e por petiscos.
“Cova Funda” foi uma
dica de um guia local. No Intendente. Voltei uma vez.
Bacalhau à lagareiro, polvo grelhado… tudo espetacular.
Lugar bem simples, sem frescura,
atendimento muito bom e preço ótimo.
Falando em atendimento, parece que todo lugar onde moro tem
gente com ódio no coração para atender enquanto em todos os restaurantes
lisboetas fui extremamente bem atendido.
“Zé da Mouraria”. Sensacional, barato… e muito
concorrido.
Muita gente que sai do Castelo de S. Jorge desce ali.
Se quiser ficar fora, espere 5 horas por uma mesa.
Se comer lá dentro, espere até 5 horas para morrer no calor.
Ar-condicionado? Só no pensamento.
Para quem vai em direção a Belém para uma andada pelo mosteiro
ou na igreja, ou até mesmo no Museu dos Coches, ali por perto eu recomendo “O Prado”
Mais um
lugar sem frescura, com comida autêntica, local e barata.
Vi o dono rebolar para acomodar algumas pessoas que chegaram
sem mesa disponível.
Tinham crianças a tiracolo e eu quebrei o galho do gajo que depois
veio me agradecer.
Perguntei por que tinha feito aquilo, se turistas na região
não faltam e ele poderia passar muito bem sem eles.
A resposta?
Jamais ouvi algo similar: “Eu não poderia permitir que essas pessoas fossem para outros
lugares comer comida ruim e cara”
Esse tipo de coisa renova minha fé (já abalada) na humanidade.
Por último, um restaurante que ficará marcado na memória para sempre — ou até que a chegada da demência:
Belcanto.
Atendimento, comida, local, “experiência”... tudo à altura de
um Michelin com 2 estrelas (artigo sobre Guia Michelin no forno).
O vinho que descobri
foi um verde branco que me deu vontade de chorar.
Eu e o sommelier gastamos um tempinho metendo o pau em vinho
caro de rótulo… (eu estava pagando, e
muito, portanto o sommelier concordava com tudo que eu falava).
Eu perguntei e ele me serviu a última garrafa da casa: Granito Cru
2022, Luís Seabra.
Um vinho verde para matar de alegria qualquer um.
De quebra, fui à cozinha bater um papo com o chef/dono, José Avillez.
Do começo humilde até os dias de hoje, com um mini-império,
mas ainda na cozinha.
Recomendo ver o Anthony Bourdain em Lisboa com o Avillez bem
novinho… na cozinha!
Acho que foi em 2008, o episódio.
Vá ao Belcanto sem
dó de gastar, pois vai gastar bem (800 euros para dois no meu caso).
O óleo de oliva servido
foi o melhor da minha vida, o pão sourdough feito por Deus.
O ovo com raspas de ouro já é um clássico dele, mas não
esperava que fosse tão bom.
Voltarei, certamente.
Lisboa, um lugar onde comer mal e caro é tarefa de gente com
muito azar.
Lisboa.....Ande, ande, ande.
Não economize as pernas. Vale seu tempo (curta também as filas
no aeroporto na chegada e na partida. As 4 horas de fila passam rápido).
A terra de Cabral renova minhas esperanças extintas.
Bonzo
Muito boas as postagens do Bonzo.
ResponderExcluirViagem com ótimas dicas.
Tem que reativar o outro blog, aquele...
E postar mais aqui, acrescenta muito.
Oi amigos, faz tempo que não passo por aqui (Tagarela), mas tive uma novidade que logo lembrei deste distinto blog e tive que vir aqui comentar! Minha digníssima viu um tal anúncio de uma nova vinícola na serra do RJ e pediu para irmos conhecer. Happy Wife, Happy Life, sabem como é.
ResponderExcluirMuito bem, gosto bastante de visitar vinícolas mundo afora então por que não em meu estado (o tão combalido RJ)? Lá chegando tivemos a primeira surpresa: a degustação de 3 rótulos de entrada servidos "a conta gota" com uns pedaços de frios tão feios que pareceram sair da xepa do Supermercado Guanabara (quem é do RJ vai pegar a referência) custava R$290 por pessoa! What?! Eis que vi que a tal vinicola abrigava um restaurante, logo pensei: ok, vou almoçar no restaurante e lá peço uma garrafa, assim posso tomar um vinho que não seja de entrada (a vinicola produz apenas um reserva) e pagar um preço mais razoável.
Pois então. A garrafa do vinho de entrada (um shyraz carioca 2024 - deve estar mais verde do que mato) custava pouco mais de R$300!!! E o tal vinho reserva (que era o mesmo shyraz de 2023 com alguma passagem por carvalho) custava, pasmem, R$420 comprados direto da vinícola!!!!!! Logo minha pergunta ao sommelier do restaurante foi: qual a taxa de rolha, por favor?
Foi a 1a vez em minha vida que visitei uma vinicola e não provei o vinho. Não quero parecer pão duro aos amigos do blog, mas existe uma diferença entre ser pão duro e rasgar dinheiro. Shyraz carioca de parreira nova, vinicola nova, terroir desconhecido, a preço de vinho premiado? Que loucura é essa? E como é direto da vinicola nem poderemos culpar a importadora, o frete, o intermediário etc etc...
Enfim, não provei, com os mesmos R$420 compro excelentes vinhos (Rótulos bons, safra boa) dos vizinhos Chile/Argentina/Uruguay. (não vou nem falar de Europa). Uma pena, estava curioso, mas não desesperado.
Taga está de volta e traz consigo a desilusão do vinho fluminense. Aguardemos , se ele persistir com suas eno-experiências perigosas, a opinião sobre os "premiados" vinhos potiguares
ExcluirNOTA DE EXTREMO PESAR
ResponderExcluirhttps://blogs.correiobraziliense.com.br/conversandosobrevinho/2025/08/18/morre-o-sommelier-antonio-duarte-o-mestre-dos-mestres/amp/