quarta-feira, 6 de agosto de 2025

A ESTRELA CADENTE

 


Um comentário, na matéria “ Na Contramão”, publicada por Dionísio, chamou minha atenção.

O “anônimo”, queria saber qual minha opinião acerca dos restaurantes ungidos com a famosa estrela Michelin.



Confesso que, nos primórdios de minhas viagens gastronômicas, nutria uma irresistível atração pelas estreladas panelas do gordinho dos pneus.



Já não lembro quantos “estrelados” frequentei em minhas viagens pela Europa, mas confesso que aos poucos, mas irremediavelmente, a paixão foi diminuindo, sumindo e, finalmente, já não existe.

Hoje frequento raríssimas vezes os “Michelin”; a estrela brilhante já perdeu sua auréola, sua proverbial independência e aquele manto de virginal pureza



O guia “Michelin” já não seduz nem convence como no passado, pois parece ter perdido o contato com os comuns mortais e como eles querem e o que comer. 



A “Estrela” continua premiando apenas locais luxuosos cujas cozinhas selecionam e oferecem apenas ingredientes raros e caros que são apresentados, com pompa exagerada, aos clientes endinheirados e suas silenciosas, glamorosas e deslumbradas acompanhantes.



A fórmula da Michelin que, por mais de um século fez sucesso, cansou e começou sua irreversível e implacável caída.

 Um dos sintomas mais visíveis da decadência é facilmente perceptível ao verificamos o número, sempre maior, dos restaurantes “Michelin” que fecharam as portas ou, renunciando à famosa estrela, buscam novos (ou velhos...) caminhos fugindo da crise e custos insustentáveis.

Alguns chefs já nem aceitam a Estrela Michelin.



Um dos mais radicais inimigos do guia é o famoso chef Marc Veyrat que, em seu novo endereço em Megève, pendurou um cartaz com o seguinte aviso: “Proibida a entrada dos inspetores do Guia Michelin”



Os comuns mortais cansaram de cozinha molecular, emulsificações, aromatizações, crio-congelamentos estranhas espumas coloridas etc. ; querem retornar à cozinha “terrestre”, tradicional, com molhos, ervas, massas, carnes, peixes, que possam ser identificados como tais, e não pratos que lembram (até nos preços) quadros de Modrian, Pìcasso, Miró, Kandinsky etc.


Eu, não tendo nenhum parentesco nem admiração pelos reis magos, não sigo estrela “cadentes”.....



 Viva a cozinha tradicional, sadia e.....barata.

Na próxima matéria uma receita antiga, um clássico da cozinha piemontesa

Bacco