sábado, 21 de dezembro de 2024

O BOM E VELHO LAMBRUSCO

 


Até o final dos anos 1960, nos tradicionais países produtores, o vinho era apenas mais um alimento obrigatório na hora das refeições e nas mesas de todos os bares.

 O vinho fazia parte da milenar cultura da França, Espanha, Itália, Portugal etc.



Poucas vinícolas o engarrafavam, custava pouco e ninguém se importava com esta, aquela marca, ou produtor.

Se o vinho era bom, honesto e barato, a compra era repetida caso contrário a mudança era automática.



Aos poucos foram aparecendo “empresários do vinho” e com eles os cursos para “entendedores” (as ASB da vida...), revistas especializadas, críticos, enólogos, sommeliers, etc., que conseguiram transformar o vinho comum, do dia-dia, servidos em copos de vidro, em um produto de luxo, da moda, um “status symbol”.



Não bastava beber e gostar de beber, era preciso encontrar, no vinho, mirtilos, amoras, cerejas, frutas vermelhas, groselhas, cítricos etc., um sem números de aromas, mineralidade, retrogostos, finais longos e intermináveis, prazeres quase hedonísticos.



Neste ambiente, de etílico-teatro-pastelão, nasciam os “Bebedores de Etiquetas” e com eles a especulação e a incrível escalada dos preços das garrafas.

Alguns dos grandes magos responsáveis pela transformação?

Robert Parker e Cia-Ltda.


As vinícolas, de todos os cantos do planeta, bajulavam, endeusavam, enchiam, de $$$$, os bolsos de jornalistas, críticos, sommeliers, na esperança de conseguir mais pontos, estrelas, “bicchieri”, etc. que lhes permitissem alavancar os preços das garrafas.



Como de costume, na insana escalada para o Olimpo das taças estrelares, quem pagou o pato foram os enoloides, de sempre, sedentos de notoriedade e cheios de ilusões.

Era imperioso beber e, especialmente, fotografar garrafas famosas, sempre pontuadas com, pelo menos, parkerianos 90 pontos e estupidamente caras.



A moda, do “vinho-moda”, demorou décadas para conhecer seu declínio, mas finalmente, lenta e inexorável, a descida chegou e chegou anunciando ficar por longos e longos anos.

Alguns dados revelam quão danoso foi, para o consumo, o endeusamento do “vinho moda” dos seguidores de Parker e Cia.

 No final dos anos 1960, na Itália, o consumo per-capita era de 110 litros. Em 2023 cada italiano entornou, apenas, 26,3 litros (-76%).

Na França o resultado foi pior.



Em 1960 o consumo per-capita atingia nada desprezíveis 140 litros. Em 2023 o consumo baixou para 22,5 litros (-84%)

Não quero me alongar analisando a danosa herança deixada pelo “vinho moda”, mas vou diretamente elencar os “culpados” pela crise do vinho.

 Os velhos, aposentados, trabalhadores, jovens, a população em geral, já não goza de grande liquidez, disponibilidade e nos dias que correm pensa duas, três, ou até dez vezes, antes de comprar garrafas acima de 10/12 Euros.



Os bares já não vendem taças de vinho com valores entre 7/10 Euros e muitos clientes já migraram para goles mais baratos como o Prosecco (absoluto em primeiro lugar), cerveja, spritz e........ Olha aí o bom e velho Lambrusco voltando, alegre e frisante



Sim senhores, o velho, quase esquecido, ridiculizado, amaldiçoado etc., Lambrusco está de volta e         “…. desta vez para sempre se Deus quiser” (Molambo)

Continua

Bacco

24 comentários:

  1. Alivio. Um artigo que nao menciona casa verruga, escarraro, galvao bueno (para Elle), didu bilu teteia. Deve ser o espirito do bom velhinho baixando no blog.

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  2. Não! Chegamos à conclusão que os personagens, acima citados, nos faziam vomitar e o Plasil já não fazia efeito, então.......By the way , você esqueceu os Miolo

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    1. Tenho uma dúvida para o réveillon, peço ajuda ao Bacco.

      Uma veuve clicquot aqui no Brasil está sendo vendida na casa de R$420. O Miolo Under the sea está saindo a R$3.500.

      O que vale mais a pena: 8 garrafas de veuve clicquot ou uma de Miolo under the sea????

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  3. Esse vinho debaixo do mar paga imposto na saida e na entrada do pais antes de chegar ao consumidor final? Ou as quantidades sao tao pequenas que qualquer mula da miolo mole leva e traz Tudo numa mala? Perguntando para um amigo.

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  4. Causa-me espanto sua inocência. Você acha que a Miolo-Picareta-De-Vinho realmente enviou o seu espumante para as profundezas do mar francês?As garrafas foram mergulhadas nas águas pútridas do rio Guaíba

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  5. Oi amigos! Aqui fala o connoisseur. Ontem a noite tive um jantar especial organizado por alguns amigos da ABS. Só gente seleta, inclusive uma famosa que escreve sobre vinhos em jornais de destaque. Creme della creme!!

    Na sobremesa serviram uma taça do Miolo submerso harmonizado com um delicioso eclair de frutas vermelhas, um toque de raspberry, blueberry e cerejas, um espetáculo. Massa leve e deliciosa.

    Bem, sobre o vinho não há muito o que dizer, é de beber rezando. Um enólogo nos explicou sobre os benefícios do terroir aquático na aceleração do envelhecimento do vinho que inclusive confere notas diferenciadas em relação aos vinhos armazenados de forma tradicional. O vinho tem um perlage lindo, floral, baunilha, pêssego, torrada, maracujá com açúcar e um leve citrico muito elegante. Como Brasileiros temos que nos orgulhar-se dessa maravilha, não apenas nosso café e queijos são maravilhosos, inclusive o apelido que o vinho ganhou na roda de amigos foi "Rebeca Andrade", pois vai ganhar ouro atrás de ouro!!

    Tim tim!

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  6. Beber rezando? Os ateus, então, não podem beber? Terror aquático? Foi vinificado no Pantanal ?

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    1. Um terror foi sua professora de português. Beber rezando é uma figura de linguagem. Como “beber de joelhos”. Não importa se você é ateu ou não. E onde viu “terror” aquático? E o que o belo Pantanal tem a ver com a história?

      Tim tim!

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  7. Eu não sou ateu, apenas achei os que não creem nao deveriam ser proibidos de degustar mais esta insuperável garrafa da Miolo. Vou falar com minha professora de portugês e me aprofundar (terror aquático?) nas figuras de lingugens, mas recomendo, ao amigo , uma professora de francês: "Crème" não dispensa o acento grave. Afinal o que é "terror aquático"? A chuva torrencial, que inundou o RS , atingiu as entranhas da MIolo?

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    1. Meu nome é José, sou enólogo. Permita-me adentrar neste debate. O terroir aquático ou terroir subaquático é o termo que explicar as características do mar onde o produto foi deixado para um período adicional de envelhecimento. Há características específicas como a profundidade, temperatura e correntes marítimas que influenciam de forma única esse processo, tal qual a luz solar, o clima e a altitude num terroir "tradicional". A Miolo foi muito feliz na escolha do seu terroir aquático.

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    2. Levou quanto para fazer a propaganda do espumante da Miolo? Você, caro José "enólogo", sabe o que significa terroir? Desde quando há um "terroir" submarino?

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    3. Sou enólogo e afirmo de cátedra. As correntes marítimas tal qual o clima, a incidência de luz solar e a altitude e a idade dos vinhedos exercem mudanças no vinho. O mar é a nova barrica. Trabalhei em vinicolas renomadas como Família Geisse e Vallontano, sei do que estou falando. Sou reconhecido pelo meu trabalho com a uva Moscato, já fui convidado a dar uma palestra na comuna de Asti.
      José.

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    4. Mais feliz foi aquele que comprou uma caixa de 36 garrafas desse vinho. So vai ganhar em valor com o tempo...mais caro que um olho de boi (selo,) ou um quadro do Pablo Picasso perdido no porao da minha vovozinha.

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    5. Caro José, você pode ser até o rei dos enológos , mas quem afirma existir um "terroir aquático" não sabe o que é terroir. Mais uma coisa: "comuna de Asti"? Asti é uma capital de provincia com 210.000 habitantes e "comuna" é mais uma prova de que você não sabe o que está falando. Vou ajudar: "comune" , em italiano significa prefeitura

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    6. Hoje ,apos estouro do esgoto em Copacabana, espero que nao havia nenhuma garrafa debaixo do mar. Aquele terroir de copacabana com esgoto vazando nao deve ajudar muito, na qualidade e evolucao dos vinhos.

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    7. Amigos. Aqui fala o connoisseur. Eu compartilhei esse blog com o José num jantar no sábado, onde ele nos brindou com a explicação sobre o terroir aquático, ele foi selecionado por 2 amigos da ABS para falar do tema. José está aposentado das parreiras, mas seu legado com o Moscatel é reconhecido até fora do país (portugal e Italia), vamos demonstrar respeito.

      Bom te ver aqui, Zé!!!
      Tim tim!

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    8. Kkkkk vem aí o "Miolo Under the Shit"

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    9. O terroir aquático foi comprovado pra longe de qualquer dúvida ao se utilizar um lote submerso e outro não do mesmo vinho, ao provarem foram percebidas nítidas diferenças, é um método científico, não cabe debate ou subjetivismo. Tanto é uma realidade que grandes nomes da França estão submergindo seus vinhos, não foi uma criação da Miolo.

      O mar é o novo carvalho.
      José.

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    10. É penoso ler os comentários do José. José, que se auto intitula “enólogo de fama internacional”, insiste em defender e valorizar o “terroir aquático”.
      José continua batendo na tecla do “excelente terroir submarino” que a Miolo encontrou na França para justificar o preço absurdo de um espumante da predadora gaúcha.
      Não quero polemizar ad infinitum, mas recomendo, ao nosso “enólogo internacional”, uma atualização de seus conhecimentos.
      Ofereço, então uma pequena contribuição anexando parte de uma matéria que escrevi, em 2014, onde enaltecia o “TERRIOR” francês, mais especificamente da Côte-D’Or.
      “O conceito de terroir compreende a união de diversos fatores, geralmente condições criadas em função do clima, morfologia do terreno, altitude e exposição solar, características geológicas do solo, dos elementos minerais e orgânicos que o compõem, drenagem, de leveduras autóctones típicas do lugar e, finalmente, mas não menos importante, o conhecimento e a cultura enológica adotada na produção do vinho”

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  8. “O Under the Sea é um espumante aspiracional”, diz o diretor superintendente do Miolo Wine Group, “mescla características do terroir do Vale dos Vinhedos acentuadas pelas condições apresentadas no fundo do mar. Mas para descobrir é necessário abrir a garrafa e degustar, um ato que requer curiosidade”, complementa.

    O Miolo Cuvée Under The Sea não será o único da vinícola com estas, digamos, características marítimas, outros dois lotes já foram imersos no mesmo local

    https://brasildevinhos.com.br/miolo-lanca-espumante-que-ficou-submerso-um-ano-no-mar-da-franca/

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  9. A especialista falou:

    https://www1.folha.uol.com.br/colunas/isabelle-moreira-lima/2024/12/prefira-espumante-nacional-se-brasileiro-e-importado-custarem-o-mesmo.shtml

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    1. Não deu prá ler. Não sou assinante da Folha

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  10. Oi amigos, aqui fala o connoisseur. O José é realmente um grande enólogo e muito respeitado na ABS e entre grandes sommelier. Uma vez tivemos um evento desafio de harmonização onde enólogos, enófilos e sommeliers em SP tinham que harmonizar um vinho sem saber o prato, só no momento seria revelado! O José foi destaque, deram pra ele um quarteirão com queijo e ele tirou da cartola um primitivo puglia que hamonizou perfeitamente e o açúcar do vinho lembrou o refrigerante do fast food, como indo em nossa memoria afetivs de uma fanta uva, jogada de gênio!!!

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  11. Daqui a pouco vão mandar vinhos pro espaço, e vai ter gente pagando 100.000 numa garrafa pra ter esse "privilégio".

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