O nome da matéria não é homenagem à banda que foi sucesso nos
anos 1970/80 e sim uma lembrança das lojas de bairro e interior, que vendiam
arroz, macarrão, café, panela, pinga, latarias, balas, doces, lâmpadas.... De
tudo um pouco.
Os tempos modernos (Chaplin?) sepultaram uma infinidade de
atividades, produtos, costumes, negócios etc. e com eles se foram as lojinhas
de secos e molhados.
As grandes redes de supermercados, com seus potentes
tentáculos, foram determinantes e eficientes para acelerar o desaparecimento
dos pequenos comércios de “Secos e Molhados”.
Alguém já deve estar se perguntado: “..... mas o que
lojinhas do interior, dos anos 1950/1970, tem a ver com vinho? ”
Muito a ver, creiam.
Semana passada, Enrico e Riccardo, sócios da tradicional “Vineria
Macchiavello”, de Santa Margherita
Ligure, insistiram para que os acompanhasse até San Cassiano, nas proximidades
de Alba, para uma degustação na sede da tradicional vinícola “Ceretto”.
Enrico, responsável pela carta de vinhos da “Vineria”, está
selecionando as etiquetas para a próxima primavera-verão que se aproxima.
O representante da “Ceretto”
que está interessado em aumentar sua participação na lista das impressionantes
52 etiquetas que Enrico oferece, em taça, aos enófilos, organizou e patrocinou
a degustação nas salas da “Ceretto
Terroirs”.
A “Ceretto Terroirs” é o braço
importador, de vinhos e destilados, em sua maioria franceses, da “Ceretto Aziende
Agricole”.
A “Ceretto Terroirs” distribui, na Itália, mais de 60 etiquetas provenientes
da Champagne, Borgonha, Alsácia, Loire etc.
Conheço, desde os anos 1970, as Langhe, seus vinhos, sua gastronomia
e pude acompanhar, desde o início, a vertiginosa escalada que levou aquele
território ao atual e impressionante sucesso.
É preciso lembrar que, no começo dos anos 1970, o Barolo não
tinha o atual sucesso, não vendia facilmente e muitas vezes era oferecido,
pelos produtores, como brinde para quem comprasse algumas caixas de Barbera ou
Dolcetto.
Para que se tenha uma ideia, dos preços de então, é bom
informar que um litro de Barolo era vendido por 1.000/1.500 Liras (0,50/0,75
Euro) e que na mesma época um café custava, no bar, 200 Liras.
É fácil perceber, então, que era possível comprar um litro de
Barolo pelo mesmo valor de meia dúzia de xicaras de café.
Eram os anos dos “Secos e Molhados”........
Aos poucos, mas irremediavelmente, jogadores de futebol,
cantores, artistas de cinema, milionários, empresários etc. descobriram que o
mundo do vinho, além de ser um ótimo negócio, agregava status, charme,
exposição midiática.
Havia chegado o lento e irremediável fim dos “Secos e Molhados”.
Enquanto dirigia meu carro, pelas estadas das “Langhe”,
tentava lembrar quantas vinícolas familiares e tradicionais haviam sido
compradas por empresários, grupos financeiros, investidores, industriais, etc.
que nunca haviam pisado em uma vinha.
Vietti, Biondi Santi, Borgogno, Fontanafredda, Caparzo, Jerman,
Masi, Isole Olena, Sella & Mosca, Val di Suga, Bertani, são
algumas (há muitas outras) tradicionais vinícolas que foram “engolidas” pelos grandes
grupos “alienígenas” que visam apenas faturamento, lucro e não hesitam em fazer
todas e quaisquer concessões para agradar o “mercado”.
O vinho sério, artesanal, tradicional, o vinho “Secos e
Molhados”, já era e abre passagem para o vinho “Instagram”, “Tik Tok”, Facebook.... Mas nem tudo está perdido, pois
B&B vai continuar garimpado para encontrar pequenas pepitas vinícolas
Continua
Bacco
Já pesquei aqui neste blog várias dicas que desfrutei na Itália, França e Lisboa.
ResponderExcluirMas agora, quase em tempo real, vou “colher” as indicações que aguardo ansioso.
Após a vindima estarei pela primeira vez em Turim, visitando a minha filha.
Ah, As Langhes…
Mais uma dica: Se você estará em Turim procure uma garrafa de Doux D'Henry.
ResponderExcluirA maioria dos vinhos da minha adega são dicas de BaccoeBocca. Barolo: Manzone, Aurélio Settimo, Michele Chiarlo, Massolino, Fratelli Alessandria e por aí vai… mas tenho outros que gosto tanto quanto, do Alto Piemonte; Gattinara Mauro Franchino, Paride Iaretti, Monsecco; Ghemme, Fara, Lessona…
ResponderExcluirDica de Secos e Molhados - Casa Agrícola Horácio Simões na Quinta do Anjo em Setúbal.
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