Calor africano, invasão de turistas ansiosos, apressados,
querendo recuperar os anos na pandemia, estão transformando a Ligúria em um
inferno.
Todos os dias incontáveis trens, ônibus, navios, carros,
despejam, em Santa
Margherita, Portofino, Cinque Terre etc., milhares de pessoas
que invadem e emporcalham ruas, praças, praias e todos os lugares por onde
passam.
Os hotéis, restaurantes, pizzarias, bares, supermercados são
tomados de assalto.
Resultado?
Os preços de Santa
Margherita, já naturalmente vitaminados, ganham ainda mais entusiasmo e
assustam até os mais valentes cartões.
Quero fugir da invasão, mas onde não encontrar turistas
sentados em banco de praça, lambuzados e comendo pizza em pedaço?
Eureka!
Vou fugir e me “esconder” nos “Borghi” medievais.
“Borghi” são pequenas, minúsculas, aldeias
pouco habitadas, (raramente com mais de 1.000 moradores) que aos milhares podem
ser encontrados em todo o território italiano.
Nos Apeninos, da Ligúria e Emilia Romagna, há centenas deles de rara beleza e inegável interesse cultural e histórico.
Semana passada, depois de consultar o sempre confiável Google
Maps e verificar caminhos, distâncias e temperaturas, resolvi visitar Bobbio, Castell’ Arquato, Vigoleno e Torrechiara.
É sempre bom lembrar que se alguém se interessar em realizar o
mesmo itinerário deve gostar de bosques, curvas, estradas estreitas, subidas e
descidas sem fim e..... Panoramas de tirar o fôlego.
Os 100 km que separam Santa Margherita de Bobbio parecem poucos e fáceis de superar, mas não é bem assim......
Algumas dicas sobre o
percurso: em menos de 10 km se vai do
nível do mar até 700 metros de altitude, em seguida e depois de descer para
“míseros” 230 metros, uma nova subida nos leva até os 1.100 metros de Santo Stefano D’Aveto, nova vertiginosa
descida e finalmente estacionamos nos 280 metros de Bobbio.
O experiente motorista sabe que na “montanha russa” deverá enfrentar
centenas de curvas e que o percurso recomenda muita paciência e maior cuidado.
Resultado: Para percorrer 100 km e alcançar Bobbio são necessárias, pelo menos, duas horas e meia que, todavia, não me foram suficientes….
Explicando: Depois da
“milésima” curva e bem à minha frente, uma igreja, “pendurada” no cume de uma
imponente formação rochosa, provocou súbita e forte freada.
“O que é isso? ”, me perguntei enquanto freava o
carro.
O Google Maps, mais uma vez entrou em ação e respondeu: “Isso é Brugnello”.
Uma rápida inversão de marcha, 2 km de subida, percorrendo,
mais uma vez, uma estradinha cheia de curvas e finalmente Brugnello.
Ao ingressar no minúsculo “borgo”, de apenas 11 residentes e
mais uns 20 proprietários de casa para finais de semanas e férias, tem-se a
impressão de pisar em um lugar mágico, fora da realidade e onde o tempo parou.
Casas de pedras, vielas estreitas e tortuosas, ornamentadas e
conservadas magnificamente pelos moradores, cadeiras e bancos de pedra, uma
pracinha, a igreja do século XI, um pequeno hotel e restaurante ......um
panorama de tirar o folego.
Os moradores fixos e aqueles que frequentam Brugnello, nas
férias e finais de semana, são quase todos artistas e responsáveis pela
estupenda conservação do “Borgo”.
Fora de minha programação, a parada em Brugnello, foi muito gratificante e tenho certeza que voltarei ao “borgo” mais vezes
Continua...
Bacco
Ps. Brugnello é um belo exemplo de onde é possível, na
Itália, comprar uma casa por 1 Euro.
O “exílio” dos jovens e a morte dos idosos. transformou milhares
de aldeias italianas em “cidades fantasmas”.
Muitas prefeituras, para revitalizar os “borghi” abandonados, adotaram a ideia de “vender”, por preço simbólicos, imóveis vazios que precisam ser restruturadas, assim, casarões e propriedades rurais estão à disposição de quem quer investir na busca de sossego e tranquilidade.
Há muitíssimos americanos, ingleses, alemães e até brasileiros, morando
em muitos “borghi” na Toscana, Sicília, Sardenha, Piemonte, Ligúria, úmbria
etc.
Caso alguém queira investir, pensando em negócio, há castelos, conventos, igrejas, abadias, antigos palácios etc. prontos para serem transformados em hotéis, pousadas, bares, restaurantes etc.
Se fosse um bom negócio os chineses já teriam comprado todos!
ResponderExcluirIsso isso isso. No alvo.
ExcluirEm momento algum afirmei ser um bom negócio e aproveito para informar que B&B não é uma imobiliária.... Os chinese investem em bares, restaurantes, hotéis (sempre de 2ª ou 3ª categoria), lojas de 1,99, fábicas de griffes falsificadas etc. Aproveito para informar que há centenas de castelos e igrejas que foram transformados em resort e hotéis de luxo. Se é , ou não, um bom negócio, não posso nem quero saber
ExcluirB&B consumindo rotulos (chablis), e agora fazendo lobby por casas a EUR 1.00. Que fase.
ResponderExcluirEssa foi de matar!
ExcluirPara cada casa "vendida" ganho 20 centavos de Euro. Já vendi 3.....se conseguir vender outras 147 poderei consumir mais um "rotulo chablis"
ExcluirNem os italianos querem aquele troço!
ResponderExcluirNão chega água lá em cima, não tem tratamento de esgoto.
Putz
Sim, os europeus preferem comprar casas na aprazível e bucólica Olho D'àgua do Piaui
ResponderExcluirhahahahahhahahaa
ResponderExcluirhttps://youtu.be/-T0Pq3V2JcY
ResponderExcluirFora do tópico, mas esse assunto foi abordado numa publicação anterior do site. É um vídeo em que um master sommelier (que tem um canal bacana, aliás) compara às cegas vinhos armazenados no oceano com suas versões tradicionais. O resultado, claro, é a exposição da picaretagem dos produtores.
Bom video.
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