Depois de boa uma temporada, em La Morra, resolvi continuar
minha estada piemontesa em Castiglione Falletto.
Menor, menos badalado, mais barato, optei por Castiglione
Falletto para continuar minha aventura nas colinas das “Langhe”.
Aluguei um pequeno apartamento na “Tenuta Montanello”, histórica
vinícola produtora de Barolo, fiz amizades com vários viticultores locais e continuei
explorando o incrível labirinto de estradas que cortam as maravilhosas vinhas nas
colinas da região.
Foi justamente no mítico bar “La Terrazza da Renza”, em Castiglione
Falletto, que finalmente conheci os vinhos da vinícola Roagna.
Fabrizio, filho da Renza, bom conhecedor dos vinhos locais,
mantinha uma grande variedade de garrafas, entre elas as de Roagna, que podiam
ser degustadas em taça.
Um belo dia, ao entrar no bar, encontrei Fabrizio que, espumando
de raiva, imprecava contra os Roagna por terrem aumentado exageradamente os
preços de seus Barolo e Barbaresco .... “Não compro mais uma garrafa daqueles “#@xw&§”….”.
Antes da drástica decisão de Fabrizio já havia bebido várias
taças de Barolo e Barbaresco Roagna e devo admitir que eram (e são), sem
dúvida, bons vinhos, mas nada deslumbrantes.
À época, os concorrentes, tanto em Castiglione Falletto quanto
em Barbaresco, eram pesos pesados e Roagna não passava de um bom peso meio médio.
Em Castiglione Falletto, Vietti, Brovia, Scavino, Cavallotto,
eram mais renomados e reverenciados.
Em Barbaresco, Roagna não era páreo para Gaja, Marchesi di Gresy, Moccagatta,
Produttori del Barbaresco, Rocca.
Qual o “milagre” permitiu, então, que em menos de 20 anos uma
vinícola, meio médio, atingisse a categoria dos pesos pesados?
Marketing inteligente (se é caro deve ser
bom...) e caneta$ certa$.
Vamos analisar alguns pontos interessantes.
As vinhas, da DOCG Barbaresco, se estendem por uma área de 725
hectares e há aproximadamente 150 vinícolas que produzem e engarrafam o
renomado vinho piemontês.
Os “CRUS”, da
DOCG Barbaresco, são 69, sendo que 25 deles se encontram no município de Barbaresco,
aldeia que empresta o nome a DOCG.
São eles: Asili, Ca’ Grossa, Cars, Cavanna, Cole, Faset,
Martinenga, Montaribaldi, Montefico, Montestefano, Muncagöta, Ovello, Pajè,
Pora, Rabajà, Rabajà Bas, Rio Sordo, Roccalini, Roncaglie, Roncagliette, Ronchi,
Secondine, Tre Stelle, Trifolera, Vicenziana.
Nesta enorme e
exagerada lista, de “crus à italiana”, mais uma vez o
“Pajè”, que abriga as vinhas onde nasce o vinho mais caro da
Bota, não faz parte do clube dos mais renomados e badalados.
Asili, Martinenga,
Rabajà são, desde sempre, os de maior
fama e prestígio.
Nada, mas nada
mesmo, então, justifica o preço absurdo do Barbaresco Roagna ‘Crichet Pajè”?
Os enoloides-abonados,
que adoram etiquetas e nada entendem de vinho, são os que fazem, como de
costume, a alegria dos produtores predadores e..... predadores tem faro apuradíssimo.
Mais uma coisa:
Alguém, com pelos menos 14 neurônios íntegros, acredita que no mesmo cru, de
pouco mais de meia dúzia de hectares, uma fileira de vinhas possa produzir
cachos tão superiores ao ponto gerar um vinho quase vinte vezes mais caro do
que as uvas da fileira confinante (1 metro)?
Esta indagação, já
fiz, respondi e que quiser reler a matéria, disponha.
https://baccoebocca-us.blogspot.com/2015/01/viva-os-eno-otarios.html
Se tiver com sobra
de $$$$ compre uma garrafa de. Barbaresco “Roagna Crichet Pajè (1.053 Euros), outra
de “Pajè Riserva” dos Produttori del Barbaresco (50 Euros) e mais uma de “Pajé”
de Carlo Boffa (40 Euros)
Deguste os vinhos às
cegas e depois comente suas impressões.
A minha?
Bacco