A afirmação, de Nelson Rodrigues, que o brasileiro tem
complexo de vira lata, não pode ser aplicada, em nenhuma hipótese, aos
produtores de vinhos nacionais.
Os nossos gloriosos industriais vinícolas, caso portadores de
algum complexo, jamais será o de vira latas, mas de superioridade.
Qualquer barra-bosta, que resolva abraçar a viticultura, em três
ou quatro anos já se considera e é aplaudido, na pior das hipóteses, como um novo
Angelo Gaja.
Exagero meu?
Lembram daquele lambe-lambe que, depois de visitar a França e beber
algumas garrafas de Pinot Noir, voltou para o Brasil, abandonou tudo (o que
nunca teve) para se dedicar ao vinho?
Pois bem, o Marco Danielle,
dos mil nomes e centenas de picaretagens, em poucos anos se transformou, de
lambe-lambe e comprador de uvas da Lídio Carraro, em empresário vinícola e proprietário
de vastos vinhedos.
Conquistou, doando
algumas garrafas e muita conversa fiada, meia dúzia de críticos palermas (Didu
Bilu Teteia, sempre presente) e, hoje, consegue vender um ridículo Pinot Noir
por "bourguignons" R$ 220 (56 Euros)
Querem mais?
Vilmar Bettu, um dos maiores ícones dos eno-tontos brasileiros,
cobra R$ 100 para que
se tenha acesso à degustação de seus vinhos.
No final da degustação, quando os eno-tontos já estão de porre
e quase inconscientes, o "mago" das vinhas, já dominador de corações
e mentes alcoolizadas, empurra suas garrafas por R$ 200-300-400 e até por R$ 500.
Mais?
Lembram daquele otorrino que resolveu cultivar vinhas em Cocalzinho (GO)?
Pois bem, o nosso Cristovão "garganta profunda" Colombo
"descobriu", em Goiás, um paraíso vinícola.
Clima perfeito, terreno único, assistência técnica de primeira
qualidade, conhecimentos enológicos ímpares, deram vida ao fabuloso "Intrépido".
O "Intrépido Syrah", uma das maiores porcarias vinícolas
que já botei na boca, custa R$ 169.
Não tenho palavras e nem coragem para falar do Barbera produzido
pela mesma vinícola... a Barbera não merece ser tão humilhada.
Poderia ficar escrevendo
horas sobre os caríssimos quase-vinho que nossos empresários vinícolas, com pontualidade
quase suíça, apresentam ao mercado.
Quando um produtor é "descoberto", fora do eixo gaucho
- catarinense, ganha espaço na mídia e é
reverenciado como um gênio das rolhas.
Depois de Cocalzinho chegou a vez e a hora de mais um "Premiado
Vinho Nacional".
A nova descoberta
enológica, desta feita, nasce nas mágicas terras de Espírito Santo do
Pinhal.
A anônima cidade, de Espírito
Santo do Pinhal, em pouquíssimo tempo se transformou em mais uma terra
abençoada pelos deuses das uvas.
A Vinícola
Guaspari, escolhida e eleita pelos espíritos,
recebeu um raio de luz indicando o recôndito e perfeito caminho das vinhas.
Em poucos anos (9) a
Guaspari já conseguiu atingir níveis de qualidade que aqueles bobões franceses
demoraram séculos para alcançar e suas garrafas já ostentam preços que deixam os
colegas picaretas do sul parecendo o Hulk: Verdes de
inveja.
A Guaspari, para justificar os preços abusivos,
alardeia que os líquidos engarrafados em Espírito Santo do Pinhal ganharam, por
dois anos consecutivos, medalhas no "Decanter World Wine Awards".
O que a Guaspari deixa de informar: A Decanter distribui todos
os anos, algo como 14.000 "merdalhas"
aos participantes do concurso e mais: Em
2017 foram "merdalhados",
além dos brasileiros, os famosíssimos vinhos do Azerbajão,
Bolívia, Chipre, Índia, Japão, Cazaquistão, Marrocos, México, Tailândia,
Turquia etc.
Pesquisei a lista dos vinhos premiados dos países tradicionais
(França, Itália, Espanha, Portugal) e não encontrei, na relação, nenhuma vinícola
expressiva ou importante.
Por que será?
Pelo simples fato que nenhum
produtor, sério ou renomado, participou do espetáculo circense.
A Guaspari gastou uma grana preta para concorrer, mas não se
preocupem..... já recebeu de volta, o que gastou com juros e correção para ninguém
botar defeito.
O que a Guaspari, críticos, blogueiros, revistas etc. não
revelam é o volume de dinheiro que alimenta a picaretagem do sempre presente Steven "espúrio" Spurrier
Acompanhem alguns
cálculos
O total de vinhos participantes (unidades de garrafas),
em 2017, foi de (+ ou -) 15.000.
A inscrição de cada unidade custa 126 £ + 20% de IVA.
126 + 20% = 151,20 £
151,20 X 4,5 = 680,40 R$
680,40 X 15.000 = 10.206.000 R$.
Bela bolada, não é?
Mas a picaretagem não para por aí, continua.
Para que se tenha uma idéia do faturamento, até aqueles selos,
da "Decanter
World Wine Awards", que são colados nas garrafas
"merdalhadas", custam 58£ (R$ 260)
o milheiro.
Vejam:
"DWWA
2017 Gold GENERIC - Printed in rolls of 1000 stickers
£58.80"
Se alguém estiver com o
saco vazio e conseguir descobrir quantos milhões de garrafas espalhadas pelo
mundo ostentam o "Selo Merdalha" poderia nos brindar com números
ainda mais significativos.
Perceberam o quanto vale ser premiado por Steven "espúrio" Spurrier e Cia?
Merda nenhuma!
Enquanto isso um pequeno exército de idiotas estufa o patriótico
peito e, alegremente, paga uma grana preta (170 R$) por um Quase-Syrah "merdalhado" Guaspari
Dionísio