Bebi, pela primeira vez, o Etna Bianco "Tenuta
delle Terre Nere", no "Nanin", meu restaurante
preferido de Chiavari.
O chef Marco, além de grande interprete da cozinha lígure, é
um tremendo apreciador e conhecedor de vinhos.
Marco não erra uma!
Da adega do Nanin já bebi Chevalier Bâtard Montrachet, Clivi
di Brazan, Coroncino, Montepulciano D'Abruzzo, Etna Bianco etc.
A última grata surpresa que provei no "Nanin" foi um
Etna Bianco.
É, justamente, sobre
este vinho que gostaria de escrever algumas linhas.
A Sicília, esplendida ilha italiana, rica de história, cultura,
tradições é, também, uma região de ótima gastronomia e grandes vinhos.
Na Sicilia há inúmeras uvas autóctones: Nero
D'Avola, Frappato, Nerello Mascalese, Nerello Cappuccio, Catarratto, Inzolia, Zibibbo,
Carricante, Grillo etc.
A ilha possui um enorme patrimônio enológico e não precisaria
"importar" uvas internacionais para conquistar mercados, todavia, vários
produtores, imediatistas e de curta visão, tentaram transformar a Sicilia em
uma nova Califórnia.
Resultado: um dos piores Chardonnay, que bebi na minha vida, (nacionais
exclusos) foi produzido pela siciliana, Planeta: PAVOROSO!
Vamos falar então de vinhos sicilianos sérios....
Uma das mais belas cidades da Itália é Taormina
Sentado na escadaria do milenar teatro romano, de Taormina, é possível
apreciar uma paisagem de tirar o fôlego.
O cartão postal une a cidade, o mar e o Etna nevado, no horizonte.
O gigantesco Etna parece pouco distante, mas 60 km o separam
de Taormina.
Percorri as estradas do Etna e recomendo, aos turistas que se
aventurarem na região, um guarda roupa de roupas escuras: As terras vulcânicas são pretas.
O Etna, o vulcão mais alto (3.276 m) e mais ativo da Europa,
com suas contínuas erupções transformou o território de suas encostas em uma
complexa colcha de retalhos onde, em apenas algumas centenas de metros, é
possível encontrar terrenos com características totalmente diversas.
A viticultura, em uma paisagem quase lunar, só poderia ser do
outro mundo.....
As vinhas de Nerello Mascalese, Nerello Cappuccio, Carricante Catarratto,
típicas do Etna, são cultivadas nas encostas do vulcão entre 400 e 1.000 metros de altitude.
Tal altitude provoca, durante o verão siciliano, excursões
térmicas de até 30 graus.
As uvas Carricante e Catarratto, utilizadas na vinificação do "Etna
Bianco", são cultivadas em apenas 4% da superfície
do Etna.
Os 96% restantes das
vinhas são de Nerello Mascalese e Nerello Cappuccio cujas uvas são utilizadas
na produção do "Etna
Rosso".
O "Etna Bianco" é um vinho escasso e
caro (para os padrões italianos) e uma garrafa de prestígio pode alcançar os
30/40 Euros.
O "Etna Bianco" 2015, que provei no
"Nanin", o branco "base" da vinícola "Tenuta delle
Terre Nere" (quinta das terras pretas),
é uma assemblage de Carricante, Catarratto, Inzolia, Grecanico,
Minnella.
Vinho de extraordinário frescor, bem seco, aromas que lembram tomilho,
cítricos, flores.
Na boca é persistente, agradável, sedutor.
Grande vinho.
O vinho "base", da "Tenuta delle Terre
nere", aguçou minha curiosidade e, apesar do preço salgado (34 Euros), a tentação
acabou vencendo e comprei uma garrafa do "Etna Bianco Cuvée delle Vigne Niche" 2012.
O "Vigne Niche" é vinificado com 100%
de uvas "Carricante"
provenientes de quatro pequenas vinhas da propriedade.
O "Vigne Niche" fermenta e afina em tonéis
de madeira de 1.000 litros.
A madeira, bem dosada e bem usada, confere ainda mais
complexidade ao "Etna Bianco".
O vinho, quase "gordo" na boca, é fresco, fácil de beber,
complexo e muito elegante
O "Etna Bianco Vigne Niche" entrou na
minha galeria de grandes vinhos.
O impossível acontece......
Visitando um amigo, a conversa, como sempre, enveredou pelo
caminho dos vinhos.
"Acabei de receber
duas garrafas desse vinho. Você conhece?"
Para minha surpresa o amigo estava segurando uma garrafa de "Etna Bianco Vigne Niche" 2010.
"Onde você comprou ?",
indaguei.
Na Mistral que está liquidando e paguei R$ 139. O preço está bom?
Caros amigos, é a primeira vez que vejo uma importadora vender vinhos quase pelo mesmo preço que eu pago na Itália.
O "Vigne Niche" custa, na Itália, 35/40 Euros.
Sem delonga e quase voando fui ate a Mistral de Brasília e arrematei as 4 garrafas "Etna Bianco Vigne Niche" 2010 que ainda havia no estoque.
Só há uma explicação: O preço está barato talvez por falta de informação do "sommelier" da casa que, certamente, desconhece a longevidade do "Vigne Niche".
Ainda bem que os profissionais da Mistral não conhecem o Etna Bianco..... O Etna Bianco 2010 está saindo da puberdade.
Se encontrarem, ainda algumas garrafas, comprem correndo
Bacco