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segunda-feira, 23 de setembro de 2019

RECORDAR NÃO É VIVER


A melhor idade

Vinhos que evoluem em 5 ao invés de 10, 15, 20 anos.

Seria o fim da civilização como a conhecíamos?

A nova série de artigos sobre vinhos evoluídos, aqui publicada, me despertou e me animou.

Passei algumas semanas importunando amigos e pessoas aleatórias, na internet, questionando sobre as experiências, gostos e opiniões sobre vinhos, vinhos evoluídos, o passado e o futuro.

Conclusão obtida, após essa pesquisa muito importante: Pessoal está cavando e andando para o tema.

 
Comprei recentemente um Champagne safrado já com vários anos nas costas.

 Reações nenhuma.

Abrir um Brunello de 10 anos?

Ninguém se preocupa com isso, ao contrário, a cada gole alguém fazia piadinha com o fato do vinho ‘’ter 10 anos’’. 

Pessoal se preocupa com o gosto ou, no máximo, a aparência do vinho na taça.

 Quando comentamos a safra, o ano como foi, ou os eventos naquela época, passamos a imagem de esnobes ou de trouxas românticos.

 
Os que procuram “pelo em rolha”, como nos, é uma minoria silenciosa e que jamais terá voz financeira.

 Ninguém sente falta de nós, afinal damos trabalho extra (no sentido de aporrinhação, não de emprego) a vendedores, sommerdiers e (de)formadores de opinião.

Com o aparecimento do tal aquecimento global as uvas já se tornam maduras em muito menos tempo, e quando colhidas já não possuem alguns dos componentes superimportantes para garantir aquela evolução saudável, na garrafa, por anos e anos.

Ácidos, taninos, tudo aquilo que todos já sabem, além do uso e abuso da tecnologia para repor o que não estava nas uvas, não funciona bem....

Mas, assim como eu nunca saberei o gosto de um Barolo 1960, aberto em 1980, as novas gerações também não saberão o que não perderam.

 A vida segue com 95% do mercado consumindo vinho produzido e pronto para ser bebido após 1 ou 3 anos.
 

O 1% (ou menos), com suposto bom gosto, jamais pagará as contas ou justificará a existência de uma filosofia que não existe mais.

Nunca fomos importantes, jamais o seremos.

Vivemos na época que ‘’Vingadores’’ arrecada bilhões.

 Filminhos cachorros que duram quase 60 minutos e nos isentam de pensar (o que me parece ótimo, posto que não conseguiríamos encontrar ou compreender a mensagem)

Perdemos a capacidade de ter lembranças graças ao imediatismo reinante.

Se recordar e’ viver http://baccoebocca-us.blogspot.com/2019/09/recordar-e-viver.html, há muita gente que nunca viveu nem viverá.

Percamos as esperanças.

Bonzo

 

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O CARA VOLTOU





Jean Claude Cara, depois de trocentas tentativas e igual número de fracassos, volta à carga e tenta retornar ao mercado de vinhos do Brasil.

Jean Paul é persistente e busca, de todas as maneiras, se impor no cenário vinícola brasileiro.

Depois de um período de “misterioso exílio” retorna, agora, ao paraíso dos eno-tontos, não mais como “chefe-blefe” de seu desconhecido e periférico restaurante de Ourinhos, não mais como sommelier e ministrador de cursos, não mais como consultor da vinícola Larentis, não mais como consultor eno-gastronômico, não mais como consultor da vinícola Villars Fontaine etc. etc. etc.

http://baccoebocca-us.blogspot.com/2013/11/mais-um-fenonemo-i.html

http://baccoebocca-us.blogspot.com/2013/11/fenomeno-ii.html



Nosso inquieto Cara de pau  retorna, ao nosso convívio, fantasiado de “caviste”.

Nosso “caviste”, que já abriu e fechou alguns endereços em Beaune,  é  aclamado,  quase venerado e provoca “frisson”, no pobre e esquálido cenário vinícola brasileiro. 

É triste e desanimador,  ver muita  gente boa e , como de costume,  muitíssimos   picaretas, babando os pés do “Cara-Caviste” especialista em vinhos mais prá la do que prá cá.

É sempre bom lembrar que os vinhos antigos, do mais novo “caviste”,  são normalmente comprados de quer se desfazer de velhas garrafas e quase sempre já não são nem a sombra do que foram ou deveriam ser.

Uma coisa devo admitir e também tirar o chapéu: O Cara-Caviste é um incrível alquimista que consegue transformar merda em ouro.

Pelo visto há um monte de gente que adora os produtos do Cara-Caviste-Alquimiste

Parabéns

Dionisio.

domingo, 8 de setembro de 2019

RECORDAR É VIVER


Falar de vinhos “velhos” e não mencionar a adega do subsolo da enoteca “GV” de Alba seria uma injustiça, um pecado

A GV, dos meus amigos Lorenzo e Enrico, na Via Mestra, quase na esquina da praça da Catedral, é o paraíso das relíquias.

Após as duas matérias, sobre o assunto, achei interessante recordar, através do vídeo, minhas incursões, que redundaram, invariavelmente, em solenes entubadas, pelo do mundo dos vinhos “velhos”.

Assistam e, para todos os que adoram relíquias, babem.
https://www.youtube.com/watch?v=54n43zMneeQ

Bacco

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

TU QUOQUE, CHÂTEAU MUSAR?





Nunca fiz mistério que sou um “branquista” de..... taça cheia.

O clima tropical, como o do Brasil, pede brancos leves, poucos alcoólicos, espumantes, rosés.

Quando constato, todavia, que os enófilos brasileiros continuam impávidos, privilegiando os tintos e pasmem, tintos pesados, encorpados e com excesso de madeira (como é possível beber Amarone com 30º, ou mais, à sombra....) sinto um grande desânimo: Os Brasileiros bebem pouco, caro e mal.
Sempre achei e continuo achando, que os Vinhos Verdes portugueses, espumantes e brancos leves, são os mais indicados para o nosso clima e deveriam frequentar, com muito mais frequência, nossas taças, mas os brasileiros continuam bebendo Barolo, Brunello, Amarone etc. até à beira da piscina.

Nunca escondi, também, que se fosse obrigado a declarar meus vinhos preferidos, mais da 70% seriam brancos.

Viña Tondonia, Montrachet, Criots-Bâtard-Montrachet, Corton Charlemagne, Etna Bianco, Timorasso, Verdicchio di Matelica e di Jesi, Riesling alsacianos, estão nas primeiras posições.

  Há mais uma grande garrafa que não pode ser esquecida e que reputo uma das melhores: Château Musar Branco.

O Château Musar, incrível perola da viticultura libanesa, ocupa, sem sombra de dúvidas, um dos primeiros lugares no meu pódio.
Para dar uma ideia de minha fixação, pelo Château Musar, quando visito Alba, um dos meus endereços obrigatórios da cidade é o restaurante “Eno Club”.

O motivo?

Além da boa cozinha, do ambiente agradável e refinado, o Château Musar está presente na carta de vinhos.

Em Alba, pátria de alguns dos melhores tintos do planeta, nos meus almoços ou jantares no “Eno Club”, nunca dispenso algumas taças do grande vinho libanês.

O Château Musar é produzido com uvas Obaideh e Merwah, de vinhas cultivadas no vale do Bekaa acima dos 1.000 metros.

O vinho fermenta em barrique, onde permanece por 9 meses e depois afina, por mais quatro anos, na garrafa.

Vinho de complexidade ímpar, harmônico, elegante, grande estrutura, com um final longo e envolvente.

 Fantástico!

Um dos melhores vinhos que conheço e um daqueles que parecem não sentir o peso dos anos.

JÁ não mais....

Semana passada, um amigo, que conhece bem meus gostos e querendo me agradar, abriu uma garrafa de Château Musar 2005.

Ao levantar a taça, para olhar e cheirar o vinho, já pude ouvir todas notas da ”Marcha Fúnebre” de Chopin.

A garrafa, comprada no já tristemente famoso “Bota Fora” da Mistral (deveria se chamar: Bota dentro.... nos clientes), apresentava insofismáveis sinais de oxidação.

Meu amigo soltou uma série de impropérios contra a Mistral, mas tive que frear sua indignação.


Argumentei que, assim como muitos outros, o Château Musar já não envelhece tão bem e algumas vezes tive que devolver garrafas de 10-12-15 anos.

No “Eno Club”, onde o Château Musar custa, nada irrelevantes, 80 Euros, o proprietário e grande sommelier, sem torcer o nariz, já me abriu e trocou uma meia dúzia de garrafas.

É provável que o grande vinho libanês seja mais uma “vitima” das mudanças climáticas, mas uma dúvida continua rondando minha cabeça: A culpa é somente o clima? Não teriam mudado a vinificação?

Não tenho nenhum desejo de “desvendar” o mistério gastando os meus, cada vez mais raros, Reais e já me basta a convicção de que 10-12 anos são mais que suficientes para um vinho evoluir, atingir seu apogeu e ser apreciado com segurança.

Se você é um dos eno-tontos que gosta de vinhos “naturais”, adora mau cheiro, oxidação, cores carregadas e outros defeitos, pode continuar bebendo garrafas do “quanto mais velho melhor”

Eu lhe desejo boa sorte e.....não esqueça o papel higiênico.

Bacco