Facebook


Pesquisar no blog

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

ESPERANÇAS PERDIDAS




2019 teria tudo para ser o ano da virada e das boas: Localizei um vinho que representava a nova era de mudanças, para melhor, o ano em que enófilos, finalmente, atingiriam um bom nível, não para se auto-denominarem ‘’expert’’ em vinhos, mas já capazes de reconhecer armadilhas, saber onde comprar, justificar compras absurdas ou perceber onde estariam boas barganhas e tesouros escondidos.

Pensei que caminhávamos para discussões mais inteligentes e menos pretenciosas/tendenciosas.

 

Uma percepção totalmente assimétrica.

Um dos vinhos que dispararam minha fé foi um Bordeaux feito com Sauvignon Blanc à moda hippie-chique: Orgânico, biodinâmico, etc.

Nada disso me seduziu na compra.

A sedução veio ao perceber que a cor dele revelava mínimas intervenções, filtragens e outras sacanagens sempre mais comuns.

 

Vinho com sedimentos, cor opaca, sem o brilho dos vinhos que são “polidos” e se transformam em triste caricaturas daquilo que poderiam ter sido.

Vinhos bem ao gosto do mercado; brilhantes, lindos aos olhos, mas uma pobreza ao paladar.

 Um grande vinho, uma delícia por um preço ainda mais delicioso.


Bastaram alguns dias, entre o natal e o ano novo, para eu cair na realidade.

Após 90 anos tomando vinho, um parente meu (nome fictício ‘’pai’’) declara que vinho bom tem quer ter alto conteúdo alcoólico.

 

Outra pessoa (mãe, também com nome fictício) acha que o gosto de madeira é o que denota um bom vinho.

Uma amiga confessa que leu uma crítica onde o ‘’expert’’ diz que o vinho do dia a dia tem que ficar na faixa dos R$ 40.00 e que a maioria das pessoas não tem paladar para compreender vinhos caros.

Antes tivesse discutido religião com ela.......É provável que fiquemos sem conversar por um bom tempo após a minha resposta.


 

Falar de cerveja, tipo trapista, em almoço com Brahma no copo americano.

Melhor seria tratar porco com bolachas recheadas trakinas.

Para finalizar o “Grand Slam” da banalidade, Eric Asimov, crítico de vinhos do New York Times, escreve coluna sugerindo 3 vinhos de supermercado para as pessoas perderem o preconceito com vinhos baratos.

 Já tive o desprazer de tomar os vinhos indicados e Eric comprou uma baita briga com milhares de leitores.

 De onde o infeliz tirou a ideia de promover lixos produzidos aos milhões de garrafas?

Precisava provar o que?
Percam as esperanças.

 Seguiremos sendo bombardeados pelo mau gosto preguiçoso e conveniente.

Seguiremos cercados de parentes (eca) e amigos sem o mínimo interesse em gastar alguns minutos para aprender algo novo sobre um simples café, um queijo particular, uma maca diferente, uma região desconhecida e (seria pedir demais) a história por trás de tudo.

 

 Enquanto isso o mercado, do eno-brega, da eno-picaretagem e da embromação, prospera.

2019 mal começou, mas já aprendi a falar em libras aos eno-picaretas e eno-tontos:  “Ok”, em inglês, para vocês.

Bonzo

 

4 comentários:

  1. Um vinho de mercado que custa 42 usd? Wtf?? Cá em Portugal um vinho de mercado custa menos de um eur e de certeza que se bebe melhor.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ia comentar exatamente isso. recomendar um vinho de supermercado de US$ 42: o Asimov usou crack ou o quê?

      Excluir
    2. O vinho sai de Bordeaux, passa por trader/importador, distribuidor e varejista e vem parar no outro lado do mundo. Custou $35.00 (sem impostos). Temos outra realidade de renda e despesas que paises do baixo clero europeu (grecia, portugal, macedonia, romenia...)

      O pa, saude.

      Excluir
    3. Eduardo, creio que ele (o portuga) esteja se referindo ao vinho que eu comentei e nao os de supermercado americano...o Eric realmente mandou mal nessa. Baita perda de tempo recomendar vinhos ruins de supermercado. Vou ficar mais uns 2 anos sem ler a coluna dele. Pena.

      Excluir