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domingo, 29 de dezembro de 2019

OS PIORES VINHO DE 2019


Na matéria, “Custo Maleficio”, desço a lenha em um dos nossos mais (ex?) respeitados críticos de vinhos.

O alerta, que revelo, já não surpreende, não choca e não traz novidade alguma: Nossos críticos, comentaristas, formadores de opinião e similares, demonstram verdadeiro e petrificante pavor na hora de alertar, seus seguidores, sobre os preços escandalosos dos vinhos nacionais

Elogiar é preciso, sempre!

Alertar os consumidores sobre baixa qualidade e altos preços?

Nunca!

Feito o desabafo vamos ao que interessa e o que motivou meu segundo post sobre o mesmo assunto.

No “Custo Maleficio” comentei que, em minhas andanças pelos supermercados milaneses, havia encontrado ótimos Champagne por preços convidativos.


Ontem, em uma nova incursão, fui mais feliz.... Muito mais feliz.

O mesmíssimo “Champagne Joseph Cuveliers 1er Cru”, que comprei por 24,40 Euros, entrou, desta feita, em minha adega por 18,67 Euros (R$ 84,40)

Na mesma “Blitzkrieg Vinícola ” encontrei e adquiri “Champagne Bollinger Special Couvèe” por 29,92 Euros (R$135,20), “Champagne Nicolas Feuillatte Millesime 2014” por 29,25 Euros (R$132,20), “Ferrari Brut” (magnum) por 24,67(R$111,50) Euros e o “Masi Campofiorin” (magnum) por 19,90 (R$89,95).

A saudade do Brasil e dos grandes espumantes escolhidos pelo Jorge Lucki, é imensa, mas acredito o Champagne 1er Cru Joseph Curveliers pelo preço do Peterlongo Privilege Brut, o Bollinger e o Nicolas Feuillatte, ambos pelo preço do Pizzato Nature Champenoise, ajudarão a suportar a impossibilidade de brindar o ano novo com os vinhos indicados por nossa maior “Wine-Star”.

Em sua “Volta ao Mundo em 80.000 Garrafas”, nosso comentarista mor, já passou pelas taças do Brasil, Novo Mundo, Velho Mundo, sempre indicando sem compromisso e gratuitamente, em quais lojas ou importadoras podem ser encontrada suas preciosas preferências.

É comovente perceber o desprendimento do Lucki ao revelar grátis (será?) seus conhecimentos vinícolas.

Sem espaço, para sugerir os meus “melhores”, estou seriamente pensando em publicar a lista dos meus “piores”.

 Comunico, desde já, que aceito espontâneas contribuições em dinheiro, passagens de avião, reservas em hotéis, restaurantes etc., de produtores, importadores, representantes e quem mais aparecer, para não inserir, na minha relação, as “tremendas-caras-bostas” que engarrafam.

Cada qual fatura como pode.....

Dionísio



 


  



sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

USSEAUX





Resolvi viver um Natal “clássico europeu”.

Elementos básicos que exigi:  Neve, frio, gelo, trenós puxados por cavalos, comida calórica, “Jingle Bell” tocando em todos os cantos ...... Clichês que o Hollywood, por longas décadas, nos impôs e legou.


Pesquisei a meteorologia, consultei preços, qualidade dos hotéis e restaurantes, dificuldades de locomoção (dirigir em estadas nevadas não é fácil...), distância de Santa Margherita etc. etc.


 Depois de muita pesquisa e incertezas, cravei “Sauze d’Oulx” na Val de Susa.

Estive algumas vezes em Sauze, mas nunca pensei em passar o Natal na aldeia piemontesa.

A escolha de Sauze foi decidida quando a meteorologia “garantiu” que a cidade seria alvo de copiosa nevasca nos dias 23 e 24 o que de fato aconteceu.

Natal sem neve, na Europa, não é Natal.

 Roupas de frio, sapatos especiais, luvas, casacos impermeáveis, duas garrafas de Champagne....Mala pronta.

Enfrentei os quase 300 km programando alcançar Sauze D’Oulx na hora do almoço e aproveitar o início da nevasca que a meteorologia previa para o meio dia.

A estrada vazia convidou o pé a pisar mais fundo e antecipei, em muito, meu programa de viagem.

 Ao chegar perto de Torino percebi que alcaçaria Sauze D’Oulx bem antes das 12 horas.

Não pensei muito e em Santena tomei a decisão de sair da autoestrada, pegar a SP23 (estrada secundária), percorrer a

“Val Chisone”, passar por inúmeras aldeias e, finalmente, almoçar em Sauze d’Oulx.

 Ótima escolha, belo traçado, lindas aldeias.

Uma, de beleza e charme singular, aguçou, mais ainda, minha atenção e resolvi efetuar uma parada não prevista: Usseaux.

Você acredita em fadas?

Não? ..... Nem eu, mas se se eu fosse uma delas moraria em Usseaux.


Poucas e estreitas ruelas que não permitem a passagem de carros, casas seculares construídas com pedras em que se abrigam não mais de 200 habitantes, uma única trattoria-bar, uma pequena igreja de 1600, impressionante paz e um silêncio que permite escutar a água caindo nas inúmeras fontes que enfeitam a aldeia.

 O atrativo maior, que não poderia esquecer de mencionar, são as incontáveis murais que enfeitam muitíssimas casas de Usseaux.

As fotos, que publico, não conseguirão transmitir toda a beleza dos murais da aldeia, mas são uma boa amostra.

Uma particular atenção deve ser dirigida às portinholas das caixas de luz, água e gás: Todas parecem pequenos quadros de extremo bom gosto.

Usseaux é magia pura que o turista, de passagem pela Val Chisone, não pode perder.


Bacco




quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

CUSTO - MALEFÍCIO




Leio, no “Blog do Jeriel” e com a devida atenção, a escolha de Jorge Lucki, um dos papas da eno-crítica nacional, dos melhores espumantes nacionais.

Lucki, sem dúvida, um dos mais preparados comentaristas vinícolas do país, se lança, com força, no mundo das bolhas nacionais.

Na lista, dos melhores espumantes tupiniquins, algumas surpresas, algumas ausências e algumas redundâncias.

A ausência mais gritante: Espumantes da Valduga.

 Será que João Valduga deixou de engraxar os bolsos de nossos críticos ou, Jorge, assim como eu, acha que os quase-vinhos do João “fanno cagare” (uma tremenda bosta)?

Somente Lucki poderá esclarecer.

As etiquetas onipresentes: Miolo e Geisse.

Melhores espumantes nacionais

Casa Pedrucci Reserva Nature – Preço: R$ 85,90  

Valmarino Nature Champenoise 2013 – Preço: R$ 94,00

Viapiana Natura Champenoise 575 dias – Preço: R$ 95,00

Aracuri Collector Blanc de Noir Nature – Preço: R$ 84,00

Lírica Crua – Preço: R$ 86,30

Miolo Millesime Brut Nature 2015 – Preço: R$ 130,58

Pizzato Nature Champenoise 2015 – Preço: R$ 133,50

Cave Geisse Terroir Nature 2015 – Preço: R$ 189,90 

A presença das duas grandes predadoras nacionais me faz desconfiar que os outros produtores desconhecidos, mencionados no rol, foram incluídos apenas para doarem, à lista, um verniz de imparcialidade e seriedade.


Interessante e oportuna, também, é a escolha da data para a divulgação das preferências do nosso renomado crítico: A proximidade das festas de final do ano.

É notório que historicamente o consumo de “bolhas” aumenta consideravelmente quando Natal e o final do ano se aproximam.

A Miolo, Pizzato, Geisse e Cia. agradecem efu$ivamente a escolha e a data da divulgação.....



PARTE 2

Na lista, nosso crítico mor, abre espaço, também, para, segundo ele “ A melhor relação qualidade-preço existente no mercado brasileiro”.

Na lista “Melhor Relação Qualidade-Preço”, que eu definiria, mais
 apropriadamente, “Relação Custo-Malefício”, Jorge apresenta garrafas
 abaixo de R$ 100

Veja:

Estrelas do Brasil Brut Charmat – Preço: R$ 40,00 

Peterlongo Presence Brut Charmat – Preço: R$ 48,60

Peterlongo Privilege Brut – Preço: R$ 78,00

Don Giovanni Stravaganza Brut – Preço: R$ 65,00

Cave Geisse Extra Brut – Preço: R$ 79,90

Valmarino Brut Tradicional – Preço: R$ 74,00

Guatambú Nature Champenoise 2018 – Preço: R$ 76,50

 A Peterlongo, a única vinícola que produz Champagne fora da Champagne,
mais precisamente no Rio Grande do Sul, com preços superiores  dos  vinhos  da matriz francesa (uma garrafa de “Champagne Elegance Peterlongo”
custa nada módicos R$ 178), é a menina dos olhos do Jorge Lucki que a
menciona duas vezes em sua lista.

Mistério e exclusividade dos grandes entendedores.

Na relação “dos melhores”, os espumantes da Miolo, Pizzato, Geisse superam com folga os R$100: Miolo R$130, Pizzato R$135 e Geisse R$189,90.

Lucki, assim como todos os nossos eno-críticos, não diz uma única palavra,
 não faz um único “senão” aos preços escandalosos de nossos espumantes.

Prefere divulgar uma suposta e duvidosa qualidade e “esquece” de mencionar quanto essa “qualidade” é desproporcional ao preço cobrado.

Estou passando alguns dias em Milão onde aluguei, por 45 dias, um pequeno apartamento.

Comer, todos os dias, nos restaurantes da capital lombarda, só não quebra a banca do ex governador da Paraíba e de seus comparsas.

 Eu, que nunca fui governador e nem ex governador, sou obrigado, então, a cozinhar com bastante frequência.

Há, nas proximidades, de meu endereço milanês, alguns pequenos supermercados que, neste período, realizam promoções de vinhos, doces, panettoni, chocolates etc.

Ontem resolvi comprar algumas garrafas e apesar dos convidativos 9,90
 Euros (R$45,50) do Franciacorta “Berlucchi”, optei pelo Champagne e
comprei 2 garrafas de “Paillette” por Euros 19,90 (R$ 91,50) e 3 de “Joseph
Cuveliers Coeur de Cuvée 1er Cru” por Euros 24,40 (R$ 112,20).

Não vou, pela milésima vez, alertar que nossos vinhos apresentam qualidade
 apenas sofrível e preços estrelares, mas sou obrigado a informar alguns números.

 Um hectare de vinhedo, na Champagne, não custa menos, nem por decreto, que 1 milhão de Euros

Veja: Combien coûte un hectare de vigne En Champagne?


Côte des Blancs : 1.472.200 €/ha
Côte d’Epernay, Grande Montagne : 1.188.900 €/ha
Autres régions (Marne) : 1.040.000 €/ha
Aube : 1.004.100 €/ha

Se os preços das vinhas são estratosféricos o que dizer, então, da uva,
para a produção dos espumante da região, que custa 5/7 Euros o quilo?

 Veja:  

Pour 2018, les prix oscillent en moyenne entre 5,80 euros / 5,85 euros pour les crus périphériques, 6,20 euros / 6,30 euros pour les Premiers crus et 6,90 euros / 7 euros pour les Grands crus”.

Não sei o valor da terra no paraíso das vinhas gaúchas, mas afirmo que as
 uvas Pinot Noir e Chardonnay, com grau BABO 20º, não custam nem R$ 3,00.

Faça as contas e tire suas próprias conclusões.

Reafirmo que somos sodomizados, sem piedade, quando pagamos R$ 189,90 por “Cave Geisse Terroir Nature”, R$ 133,50 por um “Pizzato Nature Champenoise” etc. etc. etc., mas nenhum de nossos valorosos formadores de opinião emite um mísero “pum” contra esta vergonha.

Caso você resolva esperar uma palavra confiável, de critico$, divulgadore$, formadore$ de opinião etc., alertando e condenando esses disparates, vai precisar, se acreditar, de uma ajuda mediúnica quando, em 2314, surgirá uma voz ou caneta séria que mandará a Miolo, Valduga, Pizzato, Geisse etc. finalmente à merda.

Dionísio. 

  

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

GIOVANNI MANZONE VINHOS


 

Pátria de soberbos Barolo e do raríssimo “Rossese Bianco” (9 Euros), Perno é uma de minhas metas “obrigatórias” (são muitas) quando preciso repor garrafas em minha adega.

Um dos meus fornecedores preferidos é Giovanni Manzone.

Manzone, assim como Gian Alessandria, que por sinal é seu cunhado, é um produtor que não despreza os recursos da moderna enologia, mas não esquece, nem por um segundo, suas raízes tipicamente piemontesas onde a tradição fala mais alto.
 

Ao apertar a mão de Manzone, calejada e marcada por longos anos de trabalho nas vinhas, é fácil perceber que o homem é um viticultor e não um empresário que apenas investe no setor.

Fiel ao antigo, mas sempre sábio, ditado, de que o bom vinho nasce nas vinhas, Giovanni cuida de suas parreiras com extremo cuidado e carinho.

O resultado não poderia ser outro: Soberbos seus Barolo “Gramolere” e “Bricat”. Ótimo seu Nebbiolo “Il Crutin” e importante o raro Rossese Bianco “Rosserto”.

Zero marketing, zero badalação, zero crítica paga.

A qualidade de seus vinhos, no entanto, é conhecida e reconhecida pelos fieis clientes que detestam, assim como eu, jogar dinheiro pela janela, mas que não renunciam à qualidade e ao prazer de degustar grandes garrafas.

Cheguei na vinícola no exato momento em que Manzone terminara o esmagamento e desengace dos cachos do Nebbiolo da Barolo.

 
 Cansado, mas sorridente, me recebeu na sala de degustação onde provei seus Nebbiolo e Barbera.

Como de costume comprei 6 garrafas de Barolo “Gramolere” (32 Euros), 6 de Rossese Bianco (9 Euros) e 6 de Nebbiolo “Il Crutin” (11 Euros)

“Azienda Agricola Giovanni Manzone”, mais uma boa dica de B&B.

Bacco

 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

BRASILEIROS X RUSSOS 2


 


Sem vislumbrar nem um tênue fio de luz, uma remota esperança, um mínimo indício de evolução no comportamento dos enoloides, estou convencido que haverá um aumento incontrolável e constante no número de consumidores que, catequizados pelo marketing dopante e imbecilizante, comandado e dirigido pelas indústrias vinícolas (há algo mais imbecil do que ordenar um Tignanello na La Ciau Del Tornavento em Treiso?) secará, sempre mais, garrafas da moda, caras, badaladas e dispensáveis.
 

Os enoloides, catequizados e dopados pelos marqueteiros de plantão, continuarão bebendo etiquetas sugeridas (impostas) pelas grandes revistas, (de)formadores de opinião, críticos, jornalistas etc. todos devidamente lubrificados com a grana das grandes e ricas vinícolas.

Zumbis, anestesiados e sem vontade própria, para procurar, garimpar ou descobrir vinhos ótimos, de baixo custo e   pouco conhecidos, os enoloides continuarão venerando os Sassicaia, Solaia, Monfortino, Quintarelli, Masseto, Barca Velha, Vega Sicilia, Petrus, Romanée-Conti, Château Cheval Blanc etc. etc. etc. da vida.



A cruzada de B&B, para convencer os enoloides que “caro não é sinônimo de bom”, pode ser comparada a do um sujeito que tenta convencer um fã de Anitta e seu rebolado, a descobrir e apreciar Johnny Hartman interpretando “Violets For Your Furs”.

 Tentando me distanciar, o mais rápido possível, dos russos devoradores de tartufi e dos brasileiros bebedores de Tignanello, sai do “La Ciau” cantando pneus, devorando curvas e mais curvas até alcançar Perno

 
Perno é um minúsculo (80 habitantes) distrito de Monforfe D’Alba, cuja economia é totalmente voltada à viticultura.

 Perno é literalmente circundado por vinhas......E que vinhas.

Vinhas que doam grandes vinhos que provavelmente e felizmente os russos e os enoloides brasileiros jamais conhecerão.
 Continua....

Bacco

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

BRASILEIROS X RUSSOS



Há alguns anos observo e acompanho o comportamento gastador, ostensivo e irracional dos diferentes eno-turistas que frequentam bares, enotecas e restaurantes na Itália.

Os brasileiros, desde sempre, ocupam as primeiras posições, no quesito “se é caro é bom”, ao lado dos americanos, japoneses, russos, chineses.

Na disputa acirradas, pelos primeiros lugares na “Corrida dos Enoloides”, já não encontro, com a mesma frequência, americanos japoneses e chineses, abrindo garrafas de 4 ou 5 digitos.

Os cowboys e os orientais já entenderam que há muita mais malandragem do que qualidade nas exageradamente caras garrafas badaladas e deixaram para suas mulheres a tarefa de gastar os tubos com sapatos e bolsas de griffe, nem sempre de bom gosto, mas de bom gasto.

 Os brasileiros?

Os brasileiros perderam para os russos o 1º lugar de enófilos mais despreparados e gastadores do planeta, mas continuam, impávidos, disputando um lugar de destaque no pódio.

É fácil reconhecer russos e brasileiros nos bares e restaurantes: Os russos são gigantescos, bebem, se não tiver nada melhor, até água sanitária, e sempre acompanhados por mulheres bonitas.

Os brasileiros fazem questão de perpetuar o estereótipo que os obriga a serem, alegres, otimistas, risonhos (os italianos acham que somos o povo mais alegre do mundo.....Não conhecem o interior do Maranhão)


 Nossos patrícios, muitas vezes, extrapolam e acabam sendo apenas inoportunos, chatos e barulhentos: Juntou meia dúzia de “brazucas” é, quase sempre, zona total.

Ser brasileiro é preciso!

No dia 6 de outubro visitei Alba por ocasião da “89ª Fiera del Tatufo”.

Costumo realizar meus passeios e caça às trufas sempre na primeira semana do evento para evitar a impressionante aglomeração de turistas que literalmente toma de assalto Alba e território adjacente.


Hotéis, restaurantes e bares elevam os preços, o atendimento piora muito e encontrar uma mesa, para almoçar no domingo, é tarefa para o Tom Cruise em “Missão Impossível”.

A amizade, que ainda me une ao Maurilio, facilitou uma mesa no “La Ciau del Tornavento”.

Casa cheia, turistas de todos os cantos do globo.

 Maurilio sorridente, faturando e flutuando, de mesa em mesa..... Típico almoço no “La Ciau” nos dias da feira do tartufo.


Duas grandes mesas redondas e vazias, a poucos metros da minha, esperavam os clientes.

Já estava terminado o aperitivo, um belo espumante “Alta Langa” Ettore Germano, que recomendo, quando a primeira mesa foi invadida por 4 casais de russos.

De cara, 2 garrafas de Don Perignon que em menos de 5 minutos estavam mais secas do que o Atacama.

Em seguida os garçons deram início ao festival de “Tartufo Bianco”, que os russos, religiosamente, adicionam até ao sorvete.

 Para acompanhar os pratos, um tsunami de garrafas de Barolo Gaja invadiu a mesa.

Não pude contar quantas garrafas foram abertas, mas seguramente mais de 4.


Quando já pensava em deixar o convívio dos “Balalaikas”, seis brasileiros entraram triunfantes, risonhos e barulhentos no “La Ciau”.

 Rindo alto e gesticulando muito, era fácil perceber que algumas generosas libações já haviam molhado as poderosas gargantas.

 A mesa redonda, ao lado dos russos, esperava nossos patrícios que, sem muita cerimônia, se esparramaram por ela 

Enquanto os “Molotov” já haviam alcançado uma conta de 4 zeros, ralando trufas e mais trufas e abrindo Gaja e mais Gaja, os brasileiros consultavam a enorme carta de vinhos.

 Algumas dúvidas, uma rápida votação e a decisão.

 Chamaram Luca, o competente e paciente sommelier da casa, estufaram o peito e orgulhosamente ordenaram um...... Tignanello.

Os russos são ridículos, em sua ostentação, mas pedir em Treiso, no “La Ciau del Tornavento”, um Tignanello é o fim da picada.

Treiso é uma das quatro cidades que fazem parte da DOCG “Barbaresco”

As outras três são: Barbaresco e Neive e alguns poucos hectares em Alba.

Sentados em uma mesa do estrelado “La Ciau”, cercados por vinhas de uva Nebbiolo que doam um dos melhores vinhos do planeta, os 6 palermas pedem um toscano Tignanello.

Não esperei a conta e fui diretamente liquidar minha fatura na escrivaninha do Maurilio.

Enquanto dirigia meu carro, tentando alcançar   a vinícola de Giovanni Manzone e comprar algumas garrafas, fiquei imaginando a cara da sommelier, do estrelado “Le Montrachet”, em Puligny-Montrachet, caso 6 palermas brasileiros lhe ordenassem uma garrafa de Sancerre.

Eu os mandaria à merda!

Bacco.