Facebook


Pesquisar no blog

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

A NOIVA RUSSA


 

 

Que critérios você utiliza quando compra uma caneta, ou uma noiva russa?

 

E se alguém, com muita influência nas suas escolhas, propusesse a seguinte lista de requisitos para escolha dos melhores supositórios do ano?

 

 

1.  Volume/estoque disponível nos USA

2.  Qualidade baseada em pontuações

3.  Valor (preço)

4.  X-Factor. Algo como o ‘’uauuuu’’ que significa, nada.

 

Deixo para você a análise dos critérios.

 

A primeira leva de vinhateiros, das minhas já distantes lembranças juvenis, produzia vinho e tinha orgulho ao propor suas garrafas.

 


Lutando contra dificuldades climáticas, financeiras, tecnológicas ou culturais, lá estariam, eles, nas feiras de domingo vendendo o vinho, ou indo de porta em porta dos pequenos restaurantes para deixar algumas caixinhas por semana.

 

A dedicação, a competência, a boa intenção e um pouco de sorte, resultaria em bons resultados e assim eles conseguiram pagar os investimentos.

 

 A segunda geração estudou, fez MBA, talvez um curso online e retornou ás vinhas com jargões econômicos na mala, uma Mercedes financiada (para abater dos impostos sob sugestão da filha economista ou administradora de empresas) e várias assinaturas de revistas especializadas.

 


Como já escrito por B&B e até pela nossa querida Jancis Robinson (ainda a única crítica/crítico em que confio, mas sempre esperando o pior) trocentas vezes, os gênios de plantão resolveram abandonar uvas nativas para produzir vinhos que agradassem aos consumidores e às piores pragas do mundo do vinho atual: editores de revistas sobre o ‘’liquido precioso’’ (aquele que verte...duro e mastigável por vezes).
 

Nas encostas do Etna começaram a produzir Chardonnay, Cabernet Sauvignon em Portugal, Sauvignon Blanc na Galícia, Syrah em Cocalzinho e em Pinhal (SP). 

Essas duas últimas DOC, são muito famosas pelas barbas de bode e cupins.

 


De onde mais viria essa ideia asinina e herética de fazer vinhos que não tem nada a ver com a tradição e aptidão das regiões produtoras?

 

Temos várias respostas.

 Uma delas se encaixa nas listas dos ‘’melhores do ano’’ que sempre aparece nessas épocas.

 


A lista dos top-top 100 vinhos (o top-top, quem paga é você) da prestigiosa Wine Cascateitor já saiu e, esse ano, resolvi ler os critérios para a confecção da tal lista.

 

1.    Volume disponível nos USA

2.   Qualidade baseada em pontuações

3.   Valor (preço)

4.   X-Factor. Algo como o ‘’uauuuu’’ que significa, nada.


Como um alivio, do tipo “sal na hemorroida”, a revista ainda diz que o top-top 100 não são uma lista de compras, mas um ‘’guia’’ para as vinícolas recordarem, no o futuro, e um reflexo dos vinhos que os redatores e editores se apaixonam a cada ano.

 

Se você faz vinhos pensando e tentando agradar esses leitores e editores, até Mefistófeles teria vergonha de você e Fausto rolaria no tumulo.

 

Se você ainda compra vinho baseado nessas listas, após saber como são feitas, você merece ganhar o título de eno-trouxa do ano, edição da “ sua casa sua vida”.

Não se desespere…há milhares de lares, no mundo, com gente como você.

 


A informação ainda chegará aos consumidores como nós, gente que busca aprender e se divertir durante a ‘’jornada’’ e pagar um valor justo por um produto ou serviço e esperando que o dia do juízo final cuide dos picaretas e ego maníacos.

A única fé que tenho.

 


Aos eno-trouxas, que insistirem em tais listas, restam alguns consolos (sem trocadilho): Supositórios e noivas russas combinam bem com os vinhos das listas top-top 100.

 

Segue sugestão da minha lista de critérios para compras dos melhores vinhos do ano: 

1.    Nenhuma garrafa em nenhum supermercado, drogaria, zona, ou posto de combustível do mundo

2.   Nenhuma menção em nenhuma revista ou blog cujo blogueiro tenha índice massa corpórea maior que 38.

3.   Nenhuma participação em feira internacional ou qualquer concurso mundial de Bruxelas, Zanzibar ou Valparaiso

4.   Indicação de quem já esteve no local e ou conhece os produtores

5.   Nenhuma menção gratuita da palavra biodinâmico

6.   Qualquer vinho que não seja duro, forte e mastigável

 

Bonzo

 

2 comentários:

  1. ótima lista de critérios para encerrar o post, Bonzo. sobre a lista da Wine Cascateitor, confesso que ri da história da loja brasileira que comprou um vinho chileno, mudou o nome para o Brasil, e agora esse vinho, com o nome original, está na lista...

    ResponderExcluir
  2. hahahahahahahahahahahaahahahahahaahahahahahahahahahahaha

    ResponderExcluir