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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

TREBBIANO DI SOAVE


 


Chegando ou partindo da Itália, minha parada obrigatória é Arona.
 

Arona, cidade da província de Novara, há poucos quilômetros do aeroporto da Malpensa, é muito mais agradável e interessante (para mim) do que a caótica e dispendiosa Milano.
 
 
 
 
Arona, às margens do estupendo Lago Maggiore, está próxima de incríveis aldeias lacustres (Stresa, Orta San Giulio, Pallanza, Intra, Feriolo, Angera, Cernobbio), de belíssimas aldeias alpinas (Santa Maria Maggiore, Macugnaga, Alagna), de importantes cidades vinícolas (Gattinara, Ghemme, Boca, Lessona, Fara, Sizzano) e que podem ser alcançadas em menos de uma hora.
 

A região, além de ser uma boa opção bom para realizar compras, se destaca, também, como reconhecido e importante centro gastronômico e abriga mais de uma centena de ótimos restaurantes, cinco dos quais ostentam estrelas Michelin.
 

Deu para perceber minha “teimosia” em fazer de Arona uma de minhas metas obrigatórias?

Se todas as razões que elenquei não bastam, aqui vai mais uma: Na avenida que margeia o Lago Maggiore há dezenas de bares e enotecas que servem bons vinhos em taças e, ainda bem, sem exagerar nos preços.

 
Em minha última passagem pela cidade aproveitei uma bela tarde para sentar no “Amaranto Café”, beber algumas taças e admirar o pôr-do-sol no lago.

Ordenei um cálice de branco, sem especificar qual, para espantar o calor do verão italiano (somente eno-idiotas bebem Amarone de 16º quando o calor é tropical....)

Bebi um pequeno gole e.....”Garçom que vinho me serviu? ”

“É um Trebbiano di Soave da vinícola Suavia”.

Ótimo vinho!

Mas, vamos por etapas.
 

A Suavia produz um dos melhores Soave que conheço, mas olhando a garrafa daquele “Massifitti” tive que admitir que, quando bem vinificado, o Trebbiano di Soave pode surpreender e muito.

A Trebbiano di Soave tem “primas” espalhadas em quase todas as regiões italianas, mas quase nunca a uva Trebbiano origina grandes vinhos.

A uva Trebbiano entra na composição de inúmeras denominações importantes, mas nunca como ator protagonista.

A Trebbiano é protagonista naqueles vinhos que são encontrados, nos supermercados por 2/4 Euros.

Nas denominações regionais a Trebbiano di Soave é, muitas vezes, adicionada à Garganega na DOC “Soave” e imprescindível na produção do “Recioto di Soave”.
 

Voltemos ao nosso “Massifitti”

O “Massifitti” da Suavia se apresenta uma bela cor palha com reflexos esverdeados e seus aromas, claramente cítricos e florais, impressionam e agradam ao mais refinado e exigente nariz.

Fácil de beber, com seus 12,5º, é fresco, elegante, mineral e acaricia com longa persistência o paladar.

Belo vinho que merece todos os 12 Euros que gastei para comprar a garrafa que acompanhou o almoço do dia seguinte.

Algumas observações: Andei lendo as matérias do Dionísio em que o mesmo espinafrava, com razão, a WSET.

Sei que muitos leitores de B&B frequentam cursos que prometem formar profissionais do vinho.

Gostaria que o candidato a sommelier, em uma das aulas, indagasse se o “professor” teria alguma informação sobre a “Trebbiano di Soave”.

 
Aposto na mudez total e absoluta.

Bacco

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

O POLVO DO PIANTAS BISTRÔ





Faz tempo (anos) que deixei de escrever sobre a insossa, pretensiosa e cara gastronomia brasiliense.

No final dos anos 1990 e início dos 2000, presenciamos um verdadeiro tsunami de chefes-blefes que, da noite para o dia, surgiam, eram glorificados e idolatrados pela ridícula crítica local.

Iesb e Unieuro e seus “professores” de araque, foram, em parte, responsáveis pela verdadeira avalanche de chefes-blefes que invadiram e soterraram com risotto (todos o prato eram acompanhados de risotto) as travessas candangas

Bastavam algumas aulas, nos dois institutos, para funcionários públicos, aposentados, dondocas, amantes de empresários etc.  Posarem como verdadeiras estrelas das frigideiras e panelas e abrirem um restaurante

 Os resultados foram mais que previsíveis: Quase todos escorregaram na maionese e desistiram dos fornos e fogões.

Alice, L’Altra Toscana, Risotteria, Maestri, Cielo, Ares do Brasil, Annone Veneto, O Convento, Zuu e muitos outros, que maltrataram, durante anos, os paladares e carteiras brasilienses, fecharam as portas que nunca deveriam ter sido abertas.

Sobraram os Dudu e seus incontáveis sócios, Petrarca e seus cremes de leite, Mara e seu reduto, o Rosario e sua impecavelmente alva roupa de cozinheiro que já não frequenta o fogão.

Sobrou pouco.

Sobrou quase nada.

Sexta feira, bebericando no “Piantas Bistrô”, da 403 Sul, percebi um insólito vai-e-vem de garçons preparando as mesas para o almoço.

“Alguma festa? ”, indaguei

Fabio e Elaine, responsáveis pelo local, me informaram que a partir de agosto o “Piantas Bistrô”, todas as sextas feiras, serviria, também, o almoço.

Mais uma taça, meio dia chegando, a fome apertando…. Resolvi provar a cozinha do “Piantas” e ordenei um polvo.

Perfeito!

Sem frescura, macio, cozimento perfeito, sabor característico preservado integralmente.

Polvo corretamente preparado!

Não resisti e quis conhecer o chef Walex.

Pernambucano, 27 anos, risonho competente e ótimo cozinheiro, Walex preparou o melhor polvo que já provei.

Quem quiser fugir de preços absurdos, pratos estranhos ou soterrados por montanhas de cremes de leite, deve provar o ótimo polvo do “Piantas”.

Bacco

sábado, 25 de agosto de 2018

SOMOS CURTOS E MIRINS


 
Há duas coisas que prometera não fazer novamente: Voltar a pegar a minha cunhada (as expectativas são melhores que o após) e falar de vinhos brasileiros ou do bananal.

A saraivada de artigos de Dionísio, o deus da paciência, me retirou da aposentadoria semi-precoce.

A minha cunhada que se prepare.

E você prepare o seu coração, o fígado e o seu bolso, para as coisas que eu vou contar...

Numa era em que o mundo civilizado discute rumos da inteligência artificial (IA), não do que IA fará, mas em quanto tempo, quem será afetado e o que pode ser feito, temos gente, no Bananal, ainda zurrando apoio aos políticos.

 Sejem quem sejarem os políticos.  (Bacco, deixa assim mesmo, com os erros).

A outra notícia que passou batida foi o mega investimento ( 5 bilhões de CAD) do grupo “Constellation Brandsna “Canopy Growths”
 

O mundo do vinho, que antes avaliava quanto do negócio perderia para a maconha, tomou a iniciativa e já tornou o inimigo em amigo ($$).

Não quero nem pensar no nível dos blogueiros maconheiros no bananal.

Opa, não resisti.

Conseguem ser piores que os sommerdiers aclamados na rede mundial de computadores.

O bananeiro está tão atrasado que não consegue perceber que ao mesmo tempo em que fica com briguinha no twitter com os inimigos reacinhas ou petralhinas, o mundo se descolou (boa notícia para o mundo) e indústrias novas e enormes causam terremotos nos mercados que antes eram do sub-mundo.

Um estado americano, cujo nome ficará no anonimato aqui, já coleta quase USD 1 bilhão em impostos diretos pela venda de maconha, e outros produtos.
 

 Óleos, brinquedos vários, cigarros e biscoitos feitos com a maconha.

 Nossos políticos são tão atrasados quanto nossos sommerdiers.

Já pensaram o Cabralzão pondo a mão nessa grana?

 Enquanto isso os maconheiros no RJ sustentam o PCC e seus filhotes comprando drogas nos morros.

Sobre os artigos falando de protecionismo, mais uma vez (acho que escrevi sobre isso, acho que você também leu sobre isso antes – parece que vivemos dentro daquele filme em que Bill Murray acordava e todos os dias eram iguais), me faltam palavras, afinal um bando de gente que não faz nada que preste (produtos ruins e caros, não geram empregos, não pagam impostos, ganham perdão de dívidas que você vai pagar!!) consegue adiar ou acabar com um acordo histórico com o maior bloco de comércio do mundo. 
  

Dionísio, o Bolsonaro do vinho (que se eleito para presidente da ABS DF acabará com os sommerdiers, importadores e produtores predadores), se esqueceu de mencionar que até produtores de queijos com nomes de denominações europeias também bloqueiam esse acordo que valeria alguns pregos a menos no caixão da economia do país.

Enquanto o mundo civilizado e educado em boas escolas se afasta de religião, os maiores picaretas do país ganham mais adeptos.

Refiro-me aos tele-evangélicos que herdaram os trouxas da igreja católica e os “aprisionaram” nas neo-armadilhas em forma de templos.

E a bancada da bíblia vai aumentar a presença no congresso de goleada.

Dá quase vontade de pedir ao Jucá para ficar mais 8 anos.

Nosso astronauta plantou feijão durante a órbita dele para gozo e orgulho da pátria.

Enquanto isso discute-se quando poderemos laçar cometas lotados de ouro e outros metais nobres lá fora.

 
O mundo civilizado tem como preocupação a IA e as novas tecnologias que irão botar tudo de ponta-cabeça, a indústria da maconha avançando em distribuição, genética, impostos, empregos (goste você ou não do assunto ou produto), a agricultura das oliveiras e uvas esperando pesquisas urgentes sobre novas cultivares e tecnologias que garantam continuidade na produção de vinhos e azeites no mundo cada vez mais quente (ainda acha que isso era invenção de cientista comunista ??),  mas nós perdemos tempo com ex-presidente, chefe de quadrilha condenado na cadeia, estudantes comprando maconha com palha (bandidos, pagarão por enganar nossos meninos), briga por lei do aborto, sindicatos fazendo acordo com candidatos à presidência, sommerdiers promovendo “aberração” vinho do cerrado, e gente com autoridade reconhecida pela associação de azeites de Peruíbe,  promo-vendendo azeite nacional como se fosse algo muito especial.
 

Até na picaretagem e ignorância enxergamos curto e somos mirins.

Bonzo

 

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

VOU PRODUZIR BAROLZINHO




 Tempos difíceis, falta grana, todos na pindaíba, economia de guerra, mas é justamente nas recessões e nas dificuldades que grandes oportunidades surgem para aqueles que tem bom faro para negócios.

No final de semana fui “convocado”, por um parente (serpente?), para comparecer a um churrasco em Pirenópolis.

Já havia conseguido escapar de uma dezena de outros convites de churrasco, na meca dos turistas cachaceiros do Distrito Federal, mas desse não escapei.

Tanque cheio, saco também, lá fui eu para a cidade goiana esperando poder voltar para Brasília o mais rápido possível.

Estrutural, Taguatinga, Ceilândia, Aguas Lindas ....... Horror dos horrores.

 Escapei ileso de todas as cidades elencadas e depois de fugir de Aguas Lindas a viagem e a paisagem me pareceram menos piores.

Em Cocalzinho, todavia, a depressão voltou com força total.


Acelerei para fugir rapidamente de Cocalzinho, mas........uma lembrança, um estalo, uma fagulha.

“Aqui é a terra prometida das vinhas e dos vinhos, aqui o Beato Espaguete encontrou aquele vinho “aberração de tão bom”, aqui é o futuro Eldorado vinícola do planeta ”.

Se você não conhece Cocalzinho e for religioso, reze para nunca conhecer...... Cocalzinho é uma tremenda bosta.

Mas negócios são negócios e se um dentista consegue produzir, naquele fim de mundo, um vinho aberração de tão bom”, eu também posso.

No primeiro boteco, que encontrei na cidade, parei o carro, entrei e comprei um vidro de pimenta de cheiro.

Enquanto pagava a pimenta, tentava esconder meu interesse e o real motivo de minha parada.

 Com a cara de paisagem e de quem não quer nada, perguntei: “Quanto está valendo um alqueire na região? ”

O barrigudo dono do boteco, pensativo, balançou a cabeça e indagou “Terra bruta ou formada? ”

“As duas”, respondi.

“Varéia de 20 mil até 50 mil o alqueire” (48.400 m²)

Agradeci o “varéia”, a informação e continuei a “viagem calvário” até Pirenópolis, mas sempre pensando na possibilidade de me tornar um viticultor e produzir um “Barolzinho” (Barolo de Cocalzinho).

Se nosso dentista consegue produzir e vender um Barbera por R$ 175, eu poderia vender um “Barolzinho” por R$ 450.

Com a ajuda do $ommelier E$paguete talvez conseguisse até R$ 600.

Deixando os sonhos e voltando à realidade, decidi acelerar o projeto da compra de terras, antes que franceses, espanhóis, italianos, portugueses etc. descubram o “terroir” de Cocalzinho, seu potencial vinícola e inflacionem os preços.

Imaginem, por exemplo, um produtor de Barbera D’Alba, que cultivas as vinhas em terras que custam, em média, 200 mil Euros o hectare e que sua sangue para vender suas garrafas por 5 Euros (R$ 22), encontrar um fantástico “terroir” por míseros 2 mil Euros o hectare e conseguir vender a Barbera por 38 Euros?

Manda às favas Alba, Asti, Nizza, Vinchio, Vaglio Serra e todas as colinas do Piemonte, corre para o eldorado goiano de Cocalzinho e compra tudo o que encontra à venda.

Mais uma vantagem: Se os amigos olharem com cuidado a foto no cabeçalho notarão uma enorme quantidade de cupinzeiros espalhados pelo maravilhoso “terroir” de Cocalzinho.

Cada cupinzeiro é habitado por milhões de cupins que podem ser cozinhados e vendidos aos eno-tontos (há milhares....) em degustações organizadas pelo nosso $ommelier mor que, harmonizando vinho e cupim, mais uma vez fará história.

Dionísio

terça-feira, 21 de agosto de 2018

BARBERA "PEIRAGAL"


 


“Prove esta Barbera”

Todas as vezes que Fabio, proprietário do “Sabot”, o mais badalado bar e um dos meus endereços favoritos de Santa Margherita, agrega uma nova etiqueta em sua carta de vinhos, me oferece uma taça do recém-chegado.
 

Fabio sabe que sou um razoável apreciados e conhecedor de vinhos piemonteses e sempre pede minha opinião quando fecha uma negociação.
 
 
 
 

 A minha opinião nunca mudou suas decisões, mas serve para massagear meu ego….

Provei a Barbera, gostei e entusiasmado, aprovei.

Pedi para ver a garrafa e mais uma vez me surpreendi: A Barbera “Peiragal”, que estava bebendo, é produzida pela vinícola, nada artesanal, “Marchesi di Barolo”.
 

A “Marchesi di Barolo”, localizada bem na entrada da aldeia homônima, pertencias à nobre família Falletti.

Com a morte de Juliette de Colbert, esposa do marquês Carlo Tancredi Falletti, terminou a dinastia dos Falletti.

Juliette, antes sua morte, ordenou que a vinícola, depois de seu desaparecimento, fosse transformada em “Opera Pia” (instituição tipicamente italiana que se encarrega de ajudar os mais pobres e necessitados)

No começo do século IXX a “Opera Pia Marchesi di Barolo” lutava, desesperadamente, para sobreviver.
 

Em 1929 Pietro Abbona, viticultor da região, comprou a vinícola, a modernizou e hoje, a empresa, tocada por seus filhos e netos, produz 1,4 milhões de garrafas.

Boas, medianas e honestas garrafas, mas não excepcionais.

A Barbera D’Alba Peiragal 2015 é um belo exemplo de que se uma vinícola de grande porte (para padrões italianos) resolve vinificar com seriedade, pode surpreender.

Boa estrutura, grande equilíbrio e perfeita harmonia entre aroma e paladar, a Peiragal é uma ótima Barbera que termina, na boca, com uma interessante e contida nota amadeirada que agradou até meu “preconceituoso” paladar.

Belo vinho, mas o preço não é exatamente convidativo.

A Barbera D’Alba “Peiragal” custa 14/18 Euros e não é certamente um vinho que frequenta, todos os dias, as taças italianas.

 
As taças italianas, que não são ricas como as brasileiras, preferem Barbera de 5/7 Euros.

Se compararmos a “Peiragal” com aquele vinho, que teimam em chamar de “Barbera”, produzido em Cocalzinho (GO) e custa nada razoáveis R$ 170, o “Peiragal” por 60/80 R$ é de graça.
 

Não sei se o Barbera “Peiragal” é encontrado no Brasil, mas recomendo uma bela taça (ou mais) aos que viajarem, no próximo outono, para Alba e cidades vizinhas.

Bacco

domingo, 19 de agosto de 2018

HERMITAGE


Lendo a matéria de Dionísio, “O Protecionismo”, tomei conhecimento que o Carrefour estava vendendo, na promoção, vinho Hermitage e Côte-Rôtie por R$199,00.

Minha adega “brasileira” retrata perfeitamente os tempos atuais: miséria total.

Não mais que meia dúzia de garrafas de branco, duas de tinto (Brunello di Montalcino) e uma de espumante.

A chuva, o friozinho brasiliense e o preço promocional, do supermercado, me convenceram que deveria comprar e beber um Hermitage ou um Côte-Rôtie, neste final de semana.
 

Rápida consulta ao cartão…. e lá fui eu ao Carrefour.

Acabei comprando uma garrafa de cada denominação.

O preço R$ 199,00, se comparado aos vinhos nacionais e suas “aberrações de tão bom… ”, não é assustador, mas não acreditava que os vinhos da Guigal pudessem me entusiasmar.

 A Guigal não é exatamente uma pequena vinícola.

 A Guigal produz algo como 9 milhões de garrafas e é uma das maiores da região.

Lembrei que Angelo Gaja importa e distribui, na Itália, os vinhos da Guigal que custam, na Bota, quase a mesma cifra que paguei no Carrefour (40/60 Euros), mas mesmo assim não arrisquei e segurei meu impulso comprador.

 
Se arrependimento matasse.......

Ontem abri o Hermitage e, já admirando a intensa cor rubi com reflexos violáceos, me entusiasmei.

Os aromas, muitos e intensos, variavam constantemente, mas naquela incrível paleta aromática pude perceber especiarias e ameixas maduras.

Na boca o Hermitage 2009 da Guigal é uma festa.

Há de tudo: Potência, equilíbrio, estrutura, elegância, tudo perfeitamente dosado onde até a madeira é justa e casa bem com os taninos bem equilibrados.

Grande vinho!

Corri de volta ao Carrefour.

“Vendi as últimas garrafas para aquele senhor”

A encarregada jogava uma ducha fria sobre meu entusiasmo.

Quem encontrar algumas garrafas pode comprar: Eu garanto.

Bacco

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

AZEITE NACIONAL



“Prepare seu coração prás coisas que vou contar.....”

Lembram da canção “Disparada”?

Pois é.…é bom preparar o coração e o bolso, também.
 
 
 


Leio, na “Folha de São Paulo”, matéria da Flavia G. Pinho na qual a jornalista afirma que meia dúzia de restaurantes e pizzarias, espalhadas por São Paulo, estão adotando e colocando nas mesas, azeites brasileiros.

Apesar da microscópica produção e do preço exorbitante (R$ 160 o litro), como de costume, já existem até “experts” do assunto, sendo que um deles escreveu um livro sobre os azeites brasileiros.
 

 O nosso “expert” já classifica “ótimo”, o produto nacional e nós, para variar, vamos acreditar na sua palavra de especialista.

Querem fazer uma aposta?

Aposto que o próximo passo será uma propaganda anunciando que: “O azeite nacional é o segundo melhor do mundo”

O Brasil produz, atualmente, 120/130 mil litros de azeite, mas já inicia uma campanha para valorizar o produto nacional.

 
A Espanha, com sua produção de 800 milhões de litros, começa a tremer, a Itália, com 430 milhões de litros, idem e Portugal, com 120 milhões de litros, já está se borrado todo.

O consultor Paulo Freire (já temos, sim senhor, nosso Beato Salu do azeite.......) Profetiza “ .... Para o brasileiro apreciar os azeites do Brasil é só uma questão de tempo. O consumidor vai amadurecer, como aconteceu com os vinhos”.

Estamos azeitados e ferrados.

Algumas coisas não batem: Como pode uma pizzaria colocar na mesa um azeite que custa R$ 160 o litro?
 

Se os clientes regarem as pizzas com azeite, de R$ 160 o litro, a pizzaria fecha em um mês.

Pois é ..... É bom preparar um bom estoque de KY, pois, lubrificar com azeite nacional é mais caro.....

Dionísio

 

 

 

 

terça-feira, 14 de agosto de 2018

O PROTECIONISMO


 


Os militares, em sua sanha nacionalista, “inventaram”, em 21 anos de poder, nada menos do que 47 empresas estatais (o PT não ficou para trás e, em seus 13 anos de desmandos, fundou outras 41 estatais).
 
 

Os milicos, não satisfeitos com o estado inchado, inauguraram uma era de protecionismo que dura até hoje.

Pois bem, deu no que deu: estamos na merda e não sabemos como sair dela.

Enquanto o mundo se mobiliza, tenta encontrar novos caminhos para fugir das Trump-armadilhas, nós, a nona economia do planeta, participamos com pouco mais de 1% nas exportações mundiais e somos uma das economias mais fechadas do planeta.

Abrir a economia?

Nem pensar!
 

Reduzir tarifas de importação?

Tá doido....

Há, todavia, uma luz no fundo do poço: O Mercosul e a União Europeia estão discutindo e quase chegando a um acordo que poderá ser ótimo para os dois grupos.

Maior importação, acesso a bens e serviço com preços menores e uma maior concorrência, resultaria, dizem, em uma melhor eficiência e produtividade.

Vai dar certo? 

Lembro que tive, há alguns meses, no Facebook, acalorada discussão com o Diego Arrebola.

Questionei se o Diego havia recebido alguma grana da Perini e Salton para elogiar dois vinhos das vinícolas citadas.

Para que…levei porrada homéricas dos fiéis seguidores do nosso campeão.

 
 Arrebola, depois do vendaval, encerrou o assunto com esta frase lapidar:

“....  O mundo do vinho no Brasil, lentamente, está mudando, sim! E você gostando, ou não, profissionais como a xxxxxxxxx, a xxxxxxx e eu somos parte dessa mudança. O primeiro aspecto dessa mudança, é que não aceitamos mais donos da verdade, pq vinho é bebida e prazer, não religião. Mais uma vez, com sua postura obtusa, você se coloca no mesmíssimo nível dos enotontos que tanto critica”

Concordo!

Posso ser obtuso, mas sou coerente: não mudo minha linha de pensamento e minhas convicções por alguns $$.

Nunca ouvi crítico, sommelier, revista, formador de opinião etc. se revoltar e abrir o verbo para criticar os preços abusivos dos vinhos nacionais.

 Há, isto sim, uma panelinha, muito bem orquestrada sempre disposta a lamber as botas dos produtores e importadores em troca de algumas migalhas e pequenos favores.

 
  Nossos eno-líderes, do alto de seus pedestais (de barro?), elogiam e nos aconselham vinhos que eles bebem somente de graça em degustações e bocas-livres patrocinadas pelos predadores nacionais.

O mais recente e emblemático exemplo de desonestidade intelectual foi protagonizado pelo Beato-Salu-Espaguete que considera “uma aberração de tão bom” um vinho de Cocalzinho.

 
Grande sommelier, que já falou tantas besteiras, continua idolatrado até nas páginas amarelas (de vergonha?) da Veja.

É sempre bom lembrar que a “aberração de tão bom” em 2013 custava R$ 65 e hoje não sai por menos de R$ 175.

Para se ter uma ideia da picaretagem, saibam que o Carrefour está vendendo “Hermitage” e “Côte Rôtie” por R$ 199.

Querem vomitar mais um pouco?

Leiam

Nosso ministro penaliza todos os enófilos brasileiros para, segundo ele, preservar os empregos de um setor que não preserva nossos bolsos.

O número de vinícolas, espalhadas pelo Brasil, não chega a 1.300 (na Itália são mais de 300 mil).

 Nossos jurássicos viticultores teimam em vinificar 80% da produção nacional com uvas não viníferas e nosso ministro nos condena a continuar bebendo Sangue de Boi, Mioranza, Cantina da Serra, Goes, Dom Bosco, Galiotto, Chapinha e outra porcarias.
 

Graças ao protecionismo, que ajuda alguns e ferra milhões, vamos continuar pagando horrores por vinhos “Aberração de tão bosta”

Meu muito obrigado ao ministro e a todos os nossos incorruptíveis formadores de opinião.

O Arrebola tem razão: O mundo do vinho no Brasil está mudando…para pior, bem pior.

Dionísio