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terça-feira, 6 de março de 2018

CEIA DO NANIN 2



Os axiomas sempre me causaram urticária.

Nada mais chato, irritante, que "verdades" absolutas, inquestionáveis.

Há para todos os gostos.

 No "universo" das garrafas aquele que mais me cansa é: "O vinho, quanto mais velho melhor".

De imediato não lembro nada que envelhecendo melhore e muito menos o vinho.
 
 
 
 
A adega de Marco Perrone, chef do Nanin, pode não ser um exemplo de organização, mas escura, fresca e silenciosa é ideal e adequada para conservar belas garrafas.

É, mas, por mais incrível que possa parecer, os dois "Barbaresco Santo Stefano di Neive 1998", de Bruno Giacosa, foram os que mais denunciaram a idade.

 

È preciso lembrar que, na Itália, o Barbaresco "Santo Stefano di Neive 1998" só é encontrado por 300 (ou mais) Euros o que equivale a R$ 1.600 e somente pode frequentar taças de rechonchudas carteiras.
 

Muito bem, tudo certo, mas....... apesar da fama, preço e grande expectativa o Barbaresco de Bruno Giacosa foi a desilusão da noite.

Bebível, mas, longe de seu antigo esplendor, as duas garrafas de Giacosa denotavam claros sinais de envelhecimento e uma inexorável descida para a cova.
 

È preciso lembrar que a vinificação mudou (continua mudando) e os produtores estão privilegiando e pensando no consumo e não na guarda: Melhor o vinho nas taças do que nas adegas.

Havia percebido que os grandes brancos da Borgonha já não "resistiam" como no passado e raramente, garrafas com 10-12-15 anos se apresentavam com a mesma juventude, qualidade e integridades dos anos 1990.

A certeza das mudanças se consolidou quando, um belo dia, Gian Alessandria afirmou que seu Barolo (os outros também) atingia o apogeu aos 10 anos.
 

Quem não quiser acreditar nas minhas palavras pode contestar, mas provavelmente entrará pelo cano quando, acreditando no "vinho, quanto mais velho melhor", levar para casa garrafas que já dobraram o cabo da boa esperança.

O Barolo Vigna Rionda 2001, de Tommaso Canale, apesar de seus 16 anos, deu um banho no Barbaresco de Giacosa.
 

Perfeito, belos aromas, taninos elegantes, bom corpo, grande estrutura, não deu sinais de declínio.

Uma festa para olhos, nariz, paladar.

Muito bons, também, o 1998 e o 2000 o que confirma, mais uma vez, que a Vigna Rionda é um dos melhores crus do Barolo.

Os dois Champagne, Jean Vesselle Grand Cru e o Nathalie Falmet Brut Nature, perfeitos.
 

O Jean Vesselle ótimo como aperitivo e o Brut Nature da Nathalie Falmet, 100% Pinot Noir, sensacional.

Cor quase "casca de cebola", na boca é intenso, "vinoso", persistente e possui uma complexidade impressionante.

Não tenho medo de indicá-lo para acompanhar até carnes não muito condimentadas.

Grande Champagne que custa, pasmem, 25 Euros (R$ 100,00)

Quando penso que a "Predadora Giesse" vende, em sua boutique-arapuca, um Espumante Extra Brut por R$ 115,00 sinto ânsia de vômito.
 

Aliás, a viticultura nacional merece todas as dificuldades pelas quais está passando: O consumidor cansou de ser estuprado.

O "Costa del Vento 2001" de Walter Massa confirmou o que sempre pensei do Timorasso: A melhor casta branca do Piemonte e uma das mais importantes da Itália.

Apesar de seus 16 anos e da cor amarelo-dourado-intenso, o Costa del Vento, é ainda perfeitamente bebível.
 

Não mais no seu apogeu, mas conserva todas as características do Timorasso: Estrutura, potência, mineralidade, final longuíssimo.

Walter Massa não é exatamente um sujeito modesto e sua personalidade nem sempre agrada, mas sua competência vinícola é admirável e seu "Costa del Vento" é exatamente como ele: admirável e nem um pouco modesto.

Grande vinho!

O dono da noite?

Chablis Grand Cru "Vaudésir" 2002 Billaud-Simon.
 

A garrafa de "Vaudesir" 2002 me convenceu que há outra tremenda bobagem no imaginário vinícola: vinhos brancos devem ser consumidos jovens.

Alguns, sim, mas grandes brancos envelhecem tão bem quanto os grandes tintos.

O Chablis 2002 deixou todos os convivas boquiabertos.

Maduro, dourado, perfumes que mudam constantemente passando dos florais aos cítricos, em seguida outros e mais outros...... Um festival de aromas.

Na boca a madeira perfeitamente integrada sem os excessivos tons amanteigados, zero baunilha, muito frescor e um convite irresistível a sempre mais uma taça.....
 

Com os preços exagerados da Côte D'Or estou pensando seriamente me "mudar" para Chablis.

Em minha recente viagem a Puligny-Montrachet, Chassagne-Montrachet, Meursault etc. bebi garrafas famosas, cara, mas nenhuma melhor do que o Grand Cru "Vaudésir" 2002 da Billaud-Simon.

Mais uma vantagem: O Chablis Grand Cru custa 50% menos do que os primos da Côte D'Or.
 

A alegre confraria, os grandes vinhos e a ótima cozinha de Marco Perrone...... Que mais?

Bacco

 

4 comentários:

  1. Ainda ha quem esteja feliz com concha toro reservado. Stronzi.

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  2. Eu aprecio muito um Chablis Gran Cru. Les Clos e Vaudésir são meus preferidos.
    []s,
    Charles Toledo

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  3. Senhores, vou viajar em abril para Lisboa, Porto e Paris. Gostaria de sugestões de vinhos interessantes de até 15 euros e de lojas também. Se alguém puder ajudar...
    Gustavo

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  4. Em Lisboa no shopping Amoreiras há o Pão de Açúcar que tem uma vasta escolha de ótimos vinhos de 10-15- 20 Euros. Em Paris em cada esquina há uma loja ou supermercado que vende ótimas garrafas

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