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quinta-feira, 30 de novembro de 2017

BAROLO LETTERARIO



Foi um sucesso total, no dia 16 de novembro, em Turim, a apresentação do "Barolo Letterario" de Massimo Martinelli.

O acontecimento mereceu a atenção da mídia especializada que apareceu, em peso, ao encontro.

De todas as matérias, veiculadas, escolhemos aquela que o jornal "La Stampa" publicou e ora traduzimos.
 
 

"Hoje Paolo Massobrio na "La Stampa" falou de Massimo Martinelli, sobrinho de Renato Ratti, homem de físico imponente com uma pitada de mansa loucura típica dos Piemonteses.

Após anos de reflexão, voltou ao Barolo com uma garrafa "literária", em cuja etiqueta reproduz um trecho de seu livro "Il Barolo Come Lo Sento Io".
 

Massobrio, assim, o descreve: "Um Barolo íntimo, passional, que deve ser bebido lentamente.... seu Barolo 2012 com cor rubi transparente com tendência grená... em seguida se percebe o louro, as especiarias, cogumelos secos e aquele halo frutado de juventude. Na boca é seda valorizada pela fruta, acidez e intensos taninos"

 

Todos os vinhos de Martinelli possuem, como denominador comum, o frescor e o fácil beber.

Ótimos, também o Langhe Nebbiolo "Vurei" 2015 e o Dogliani "Assanen" 2016 (Assanen, em piemontês significa "não sabemos").
 

Após ter degustado as primeiras garrafas de Dogliani 2016 e não ter conseguido doar-lhe um nome, Massimo e Angioletta, simplesmente o batizaram "Assanen".

Para conseguir os vinhos de Martinelli basta ir até à

Azienda Agricola Bricco Mollea
Vicoforte di Mondovì
via Montex, 1

Ou telefonar

tel. 0174563364

Um bom papo e um bom copo, com Angioletta e Massimo, não  tem preço, creia.

Bacco

 

 

 

 

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

CLOS-DE-TART II


Dos muitos clichês, sem sentido e sem fundamento, que ouvimos (eu paguei!) em escolas (sic) de sommerdiers, no Brasil, há um que desperta minha atenção:
Borgonha é a região onde os vinhos se casam perfeitamente com a natureza e os proprietários, das pequenas "domaines", compostas de Grand Crus ou Premiere Crus, são campesinos orgulhosos de sua tradição milenar e só pensam no futuro das próximas gerações.
 
 
 
 

“Quanto vale minha propriedade? Tanto quanto minha vida."

 Deve ter passado despercebida, à bebado-esfera (que eu não leio), a venda do mítico "Clos De Tart" para bilionário François Pinault.

 Rumores contam que Pinault pagou 250 milhões de euros por 7.5 hectares.

Para facilitar a conta: EUR 3.400 por m2.
 

Números recordes que são sintomáticos.

Rico não gasta dinheiro à toa, com raras exceções (políticos, lobistas, gerentes da Petrobras etc.)

Um cálculo simples e rápido: Seriam necessários 11, anos produzindo e vendendo todas as garrafas, sem computar salários, insumos, manutenção, impostos, mão de obra etc., para pagar o investimento.

Na realidade esta montanha de Euros demorará muito mais para voltar aos bolsos do Pinault.
 

Pinault é mais um bilionário que atinge o sonho de infância que todos tivemos: Ser dono de alguns chateaus dos mais premiados e ilustres do mundo.

 O bom dos bilionários é que eles não têm preferência por regiões ou países.

Compram e adquirem terra e vinícolas onde seu ego falar mais alto......

Cocalzinho e São Roque já sinalizaram (louvado seja o Senhor) que suas almas viníferas e seus "terroirs" não estão à venda.
 

 Recusas sistemáticas de aproximação, ouvidos moucos às sedutoras tentativas com ofertas tentadoras, etc. não tiveram, até agora, nenhum sucesso, mas até quando as jóias de nossa tradição vinícolas resistirão aos assédios dos bilionarios?

Hein! Hein! Hein!

Já basta o Carlos Eduardo Bueno ter realizado o negócio do milênio ao comprar parte da disputadíssima "Miolo-Quase-Vinhos" (eu acho que ele levou uma bela enrabada, ali).

Aquisições milionárias de vinícolas serviriam para qual propósito?

 Na renascença os novos ricos usavam a compra de artes como "escada" para tentar ingressar na sociedade.

Compravam status... mas hoje dificilmente é o mesmo caso.
 

Grupos industriais, russos e chineses descobriram o "amor" pelos vinhos e saíram comprando tudo que podiam com o dinheiro obtido graças ao suor e trabalho, dos outros.

Artistas de Hollywood, franceses, italianos, cantores, jogadores de futebol, corruptos etc. sucumbiram ao charme das vinhas e gastaram fortunas para poder imprimir seus nomes nas etiquetas de seus vinhos.
 

Nossa sorte: Para cada "Clos-de-Tart" que se vai, há uma Guaspari que chega.

Bonzo.

CLOS-DE-TART


 


O mítico cru "Clos-de-Tart" é um dos raros "Monopole" da Borgonha.

O que é um "Monopole"?

"Monopole" é um cru que pertence a um único proprietário.

Exemplos: La Tâche (6 ha), La Grand-Rue (1,65 ha), Romanée-Conti (1,80 ha), Clos-de-Tart (7,53 ha).....
 

Exemplo dois: Os 50 hectares do "Clos-de-Veugeot" são divididos e pertencem a 80 proprietários. 



 
 
Pois bem, nosso "Monopole", Clos-de-Tart, no longínquo 1141, foi vendido, pela "Maison Dieu in Brochon", para as freiras de "Notre Dame de Tart".
Até a revolução francesa as freiras mantiveram a propriedade do "Monopole", mas Napoleão, ao realizar uma verdadeira reforma agrária, mandou as freiras rezarem em outra freguesia.


O "Clos-de-Tart" passou por vários proprietários até 1932 quando foi adquirido pela família Mommenssin à qual pertence atualmente.
Atualmente? 
Nem tanto.... Leia a matéria de Bonzo
Bacco
 
 



 

 
 

 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

LEVA-DURAS


Nos países mais civilizados do mundo a onda das leveduras indígenas já passou faz tempo, "però secondo lui", naquelepaiz, ainda há excitação, euforia e entusiasmo quando se fala no assunto.
 

Estamos salvos!

 Viva a natureza!
 
 
 
 

As vinícolas são empresas que, há muito tempo, ganham com mitos e boatos sobre vinho.

Temos, também, outra praga e de ego bem inflado: O dono de vinícola hippie que quer salvar o mundo com o que produz.

Haja saco para aguentar hippie, cabelo ensebado e rabo de cavalo, falando de coisas holísticas, comunhão com a natureza etc.
 

Passamos pelo crí-crítico de vinho que adora falar do que está na moda.

Conhece aquela turma que, mesmo morando em SP ou RJ, comenta e escreve sobre vinho sem saber, pelo menos, a cor da folha da uva (dica: é azul)?

E em um ambiente onde há álcool, dinheiro e ego, alguma coisa tem que cheirar à podridão mental..... não nobre.

Nos parreirais, na sua cama, na casa da sua sogra, na biblioteca do instituto Lula, há esporos de leveduras.

 Há leveduras por toda parte.
 

 É assim que fazemos pão em casa sem adicionar fermento.

As amiguinhas estão no ar.

Levedura ingere açúcar e produz álcool (e aldeído) na saída.

O que aconteceria se as uvas fossem fermentadas sem nenhuma levedura selecionada?

 Ou seja: se o mosto fosse fermentado “naturalmente”?

As vinícolas sabem.

Modo 1:

 Leveduras (Deus...) indígenas seriam as vencedores na guerra pelo açúcar do mosto e as que mais se multiplicariam e "disparariam" a fermentação.

 Mas, sem um exame laboratorial, não se sabe qual cepa está presente no mosto.

 Podemos ter leveduras que são fracas para fermentar e que morrem, ainda, com pouca quantidade de álcool formada.

O vinho passa ser uma festa para bacterias e patógenos que darão um aroma e gosto dos piores.

 Para eliminar imprevistos e evitar problemas imediatos, se adiciona enxofre antes da fermentação.

 Neste ponto entra a "diretoria" das leveduras.

Há quem não faça nenhuma ánalise e produz vinhos ótimos sem adição de leveduras.

Seriam os deuses os winemakers?

Não.

Modo 2:

 Os magos de plantão sabem que, após alguns anos produzindo vinho com leveduras selecionadas, as mesmas ficarão no ambiente da vínicola e a cada nova rodada de produção serão as vencedoras nos embates com outras leveduras, mas nunca com segurança total no resultado final.

 
De fato vários enólogos relatam que sempre há um risco de alguma nova cepa dominar as anteriores e os resultados na fermentação seriam imprevisíveis.

 Poucos arriscam 100%, da produção do ano, com este método.

Modo 3:

 E temos também nossos magos que correm ao laboratório para analisar as leveduras presentes no mosto e, após se certificarem que as leveduras “naturais", presentes, são as que eles gostariam de ter, liberam a fermentação “natural”.

 Há controle, há ciência, mas para os trouxas, ou para os "fé-demais", a historia é outra: "Tudo ocorreu da maneira mais natural possível".

 
Modo 4:

 Conhecido e utilizado por quase todos.

 Há controle na fermentação, sabe-se qual levedura será usada (e comprada) e os resultados são aqueles esperados (os aromas e gostos), até o final da fermentação.

O critério de compra e consumo, que se baseia em "levedura natural”, deveria ser o último de uma lista de 0 - 100.

Cidadão vive na poluição, caos e lixo de São Paulo e...... quer tomar vinho “natural”.
 

Espetacular, fantástico

Bonzo

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

ALTA ALELLA LAIETÀ


Mais uma degustação de vinhos Ibéricos (incluindo alguns da terra de Cabral) me colocou a pensar como consumidores jogam dinheiro fora com porcarias que, além de caras, são porcarias.

Vinho para dar aos porcos...... Coitado dos porcos.

 
 
 
 
 
Existe algum bom motivo para pagar R$ 180.00 por espumante feito no RGS?

 Que tal R$ 300.00 por um pavoroso Cabernet Sauvignon chileno, ou um Malbec argentino?

Podemos subir para R$ 700.00 por um Bordeaux que custa EUR 20.00 na França?

Não há simpatia ou identificação com povo gaúcho, argentino ou chileno que explique a devoção cega a esses vinhos.
 

Aí o sujeito (acha que) se diploma na universidade da vida e vai tomar vinho na Europa.

 O paraíso era logo ali...... Finalmente paz e alegria.

Começa pelos mais famosos, mais conhecidos e mais trabalhados.

Marketing, propaganda e pagamento do espaço privilegiam quase-vinhos da França, Itália, nos aeroportos, e lá vem nosso herói, de volta, com a mala lotada das marcas de sempre.
 

 Existe lugar melhor para se comprar vinho, headfone e travesseiro de viagem do que em aeroporto?

 Talvez só em alguma casa de show (show...) em Moema ou Brasília.

Enquanto isso grandes vinhos de grandes regiões ficam escondidos, esquecidos (o que é bom para nós: para que pagar mais por mais uma região?).

Até hoje não sei por que algumas regiões pegam e outras não.

 Filósofo Luisque LXI poderia explicar essa.

Portugal, Espanha, Lombardia, Lazio, Le Marche, Puglia, Sardegna, Chinon, Gigondas, Condrieu, Ventoux, Vacqueyras... grandes vinhos para os de bom gosto e com respeito pelo bolso.
 

Alta Alella Laietà Gran Reserva Brut Nature 2012

Um Cava para chamar de excelência, de senhor.

Vinho extremamente bem feito.

 No visual encanta pelo perlage que nunca termina e no tamanho certo, o aroma lembra um bom Champagne com todas as notas de pão, fermento, tostado... (a composição de Chardonnay e Pinot Noir, no vinho, é importante).

Mais maçã verde na cara, um grapefruit... e algo mais cítrico.

Na boca?

 Delícia com final longo, prazeroso, sem defeito.

Ao invés de usarem somente uvas espanholas a vinícola resolveu afrancesar o vinho e a "inovação" deu certo, muito certo.

Um grande Cava.
 

 Altamente recomendado para quem está mal acostumado com Cavas barato e ruim, Champagne oxidados e cansados de prateleira de supermercado ou para aqueles que ainda consideram o espumante gaúcho ou catarina como o “quase” melhor do mundo.

Recomendado também para nós que vamos atrás dos verdadeiros vinhos do mundo.

Alta Alella: Na Europa, por menos de EUR 20,00.

Bonzo

 

 

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

O PALADINO DA GÓES


Um "anônimo" paladino tomou as dores da Góes.

A Góes é aquela quase-vinícola que produz o tremenda bosta "Quinta do Jubair"

O nosso viticultor do cerrado goiano, aquele que consegue vender para os otários brasilienses Barbera de Cocalzinho por R$ 179, teve, pelo menos, a coragem de botar a cara e aguentar as bordoadas

O nosso "anonimo-ma-non-troppo" preferiu se esconder atrás daquele garrafão que despeja líquido vermelho (será que é Quinta do Jubair?) na entrada da quase-vinícola Góes.
 

O nosso "anonimo-ma-non-troppo" defende a Góes e seus produtos com exemplar galhardia e raro conhecimento enológico.

O texto, digno de um primata, cujos neurônios foram dizimados pelo continuo consumo de "Quinta do Jubair", atinge seu ápice com esta frase antológica:
 

"A preferência por produtos adoçados é típica do nosso país e vem do ciclo da cana de açúcar, séculos atrás. Naquela época açúcar era muito valorizado e apreciado"

Leiam o restante do comentário, mas recomendo três pílulas de Plasil, antes e três depois da leitura.

 



Quanto besteira Dionisio... além de arrogante, seu texto é desrespeitoso com aqueles que apreciam os vinhos tradicionais. Além disso mostra que você não sabe nada. A preferência por produtos adoçados é típica do nosso país e vem do ciclo da cana de açúcar, séculos atrás. Naquela época açúcar era muito valorizado e apreciado. Tudo que levava açúcar era sinônimo de requinte, até hoje tem resquícios desse costume. Eu sei pouco sobre as vinícolas brasileiras e sobre a Góes, só tomo os vinhos. Mas sei bem sobre o que é ser empresário aqui, investir, pagar impostos, dar empregos e só levar pancada. Não bastasse isso, ainda tem que aguentar imbecis como você falando asneira e enaltecendo as coisas de fora. Aliás, é só ler com calma os rótulos estrangeiros no supermercado: mais da metade dos seus queridinhos vinhos portugueses, argentinos e chilenos que chegam aqui levam açúcar na composição. E qual o problema, se é assim que nosso consumidor demanda? Sou apreciador de vinho sim, vinho do jeito que eu goste. E não estou sozinho, senão essas garrafas não estavam a venda nas grandes redes. Bebo meu vinho sem levar em conta o que pregam os idiotas de plantão como você, pseudo-entendidos e enochatos. Vocês querem mais é que o Brasil se dane e trabalham forte para afastar os brasileiros do prazer e simplicidade de tomar vinho.

 

Meus parabéns à Góes.

Poucas vinícolas podem contar com clientes tão entusiastas e fieis.

Sabe quando o Brasil será um país vinícola sério?

Dionísio

 

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

MORGADO DE SILGUEIROS II


 


Com as garrafas, de "Morgado de Silgueiros", no carrinho, fui caminhando para os caixas do Carrefour.

 Ao passar pela prateleira dos vinhos nacionais notei algumas 1/2 garrafas e parei de estalo.

Horror dos horrores, sexta feira 13, Jason dos vinhos......

Duas garrafinhas, terrificantes, me olhavam ameaçadoras desafiadoras..... "Quinta Jubair" Bordô Suave e "Góes Tradição" Tinto Suave.

As garrafinhas enfureceram, mais ainda, quando perceberam que em meu carrinho havia o ótimo vinho do Dão

"Seu anti-patriota mau caráter, comprando vinhos importados e deixando as garrafas da brasileiríssima São Roque mofando nas prateleiras? Maldito!".

 A maldição não me amedrontou (ateus não se amedrontam com maldições...) e me aproximei.
 

 Não, não estava delirando: A garrafa de 250 ml da "Quinta do Jubair" Bordô Suave ostentava uma etiqueta de preço com robustos R$ 19,49.

Para poder levar para casa a outra garrafa irmã, "Góes Tradição" Tinto Suave, o preço era mais modesto: R$ 14,39.

Tentei lembrar, por alguns segundos, se estava faltando adubo, mas lembrei que ainda havia alguns sacos na casinha da horta....
 

 Deixei as garrafas no mesmo lugar e continuei meu caminho.

Considerações.

Uma garrafa com 750 ml do ótimo vinho "Morgado de Silgueiros , produzida no Dão , chegara às prateleiras do Carrefour por R$ 46,19.

Uma garrafa de "Quinta Jubair" de 250 ml, produzida em São Roque com uva Bordô (Vitis Labrusca), é vendida ao público por R$ 19,49.

Uma conta rápida: 250 ml X 3 = 750 ml

R$ 19,49 X 3 = R$ 58,47.

Caros defensores dos vinhos nacionais.... Acordai!
 

Uma tremenda bosta, obtida com a vinificação de uva americana , que nem pode ser chamado ou considerado "vinho" , custa mais do que um vinho português de ótima qualidade.

Basta olhar a retro-etiqueta, do "Quinta Jubair", para perceber que a Góes produz uma enorme porcaria, vendida, no Brasil, por um preço muito superior ao do importado português.

É sempre bom lembrar que o "Morgado de Silgueiros" custa, em Portugal, 4 Euros (R$ 15).

Parabéns, eno-patridiotas!

 Continuem culpando, apenas, os altos impostos e taxações pelos preços escandalosos de nossos vinhos e sigam acreditando que nossos produtores são simples e abnegados viticultores lutando, desesperadamente, para sobreviver.
 

Quando tiverem um tempinho olhem as fotos.

Viram?

É a "modesta" sede da vinícola Góes em São Roque.
 

Foi construída com a ajuda dos otários que pagam, sorrindo, R$ 19,49 por 250 ml do "Quinta di Jubair Tremendabosta"

Dionísio