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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

NUS MALVOISIE




 


"Vou até a adega procurar um vinho que você nunca provou".
 
 

Eram 16 horas. 
 
 
 
 
 
 
 
 

O almoço dominical, mais parecido com uma maratona gastronômica, que iniciara ao meio dia e, pelo jeito, terminaria após o jantar, fora regado com ótimas Barbera e grandes Barolo.

 
Olhei surpreso e não acreditei que meu tio materno pudesse me surpreender com um vinho que desbancasse os grandes tintos consumidos durante o almoço.

Beppe demorou longos minutos e finalmente voltou carregando, triunfante, uma garrafa tão empoeirada que quase não deixava transparecer a cor do vinho.

"Esta garrafa tem uma longa historia....... Nos anos 1950 fui militar no Val D'Aosta, mais especificamente em Nus. Nus não é exatamente uma metrópole e nas noites nevadas não havia nada para fazer a nos ser jogar cartas e, para espantar o frio, beber. Bebíamos vinhos locais: Donnas, Torrrette, Chambave Rouge, Carema. Vinhos que custavam pouco e podíamos comprar. Bons vinhos, mas nenhum tão diferente, intrigante e complexo como esta "Nus Malvoisie"
 

Enquanto falava, meu tio segurava, com ciúmes, aquela garrafa empoeirada.

"Esta Malvasia, de 1954, é a última garrafa que restou das seis que comprei do pároco da cidade.

Era um dia de setembro de 1986.

Aquele vinho, com mais de 30 anos, me deixou literalmente petrificado.

Olhava para meu tio, que sorria maliciosamente, olhava para aquela garrafa e não conseguia proferir palavra.

Um extraordinário vinho de meditação de intensa cor dourada com reflexos âmbar e..... sinceramente, não consigo lembrar e definir o aroma e paladar.
 

Não quero prolongar a narrativa para não cansar, com exaustivos detalhes, o leitor que já suporta minhas longas divagações, mas devo declarar que dois dos melhores vinhos, de "meditação", que já bebi em minha vida foram: um "Picolit Perusini" e a "Nus Malvoisie" do Don Pramotton, pároco de Nus.

Infelizmente nunca mais encontrei um "Picolit" que me emocionasse e, com sua morte, Don Pramatton levou consigo o segredo de sua incomparável "Nus Malvoisie".

Tempos depois, impressionado e lembrando aquela "Malvoisie", resolvi empreender uma viagem para conhecer, melhor, os vinhos da Val D'Aosta.

A primeira parada, a mais importante, foi justamente em Nus à procura de uma "Nus Malvoisie" que pudesse me entusiasmar como aquela do padre Augusto Pramotton.
 

Provei várias, mas nenhuma chegou aos pés daquela que meu tio me ofereceu em 1986.

Quem quiser conhecer, uma interessante "Nus Malvoisie", deve procurar aquela produzida pela "Crotta di Vegneron" na versão "Nus Malvoisie Flétri".
 

A "Crotta di Vegneron" vinifica, também, um "Malvoisie" seco que não compromete, mas não entusiasma.

Bacco

5 comentários:

  1. Dionísio e Bacco, mais uma loucura para vossa análise:

    http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2016/11/globo-reporter-descobre-espumante-feito-com-agua-do-rio-sao-francisco.html

    aliás, parece que o Globo Repórter de ontem foi todo dedicado à zurrapacultura no Brasil. isso merece a análise de B&B...

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    1. Eu queria muito saber quem foi o consultor para o programa. Tenho uma desconfiança.

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    2. veja outra coisa que merece análise: http://www.vemdauva.com.br/qual-diferenca-entre-o-vinho-cabernet-sauvignon-e-o-merlot/

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  2. Temos técnicos, sobrando e obrando, no Brasil

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