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domingo, 6 de novembro de 2016

MAURO SEBASTE II



 


A acolhedora sala de degustação, da Mauro Sebaste, é um exemplo de como um produtor inteligente pode aproveitar um pequeno espaço para conseguir um belo marketing.

A cordialidade, disponibilidade em abrir, sem economia, garrafas e mais garrafas, didáticas explicações, zero pressa, etc. etc. "obrigam" os empolgados visitantes a aumentar, sensivelmente, os números das compras.

Mauro Sebaste, já na primeira taça, se fez presente e ajudou Andrea na condução da degustação, degustação em que os alemães bebiam tudo o que lhes era oferecido.


Arneis, Viognier, Barbera, Dolcetto, Barolo...... Nada era recusado.

O meu interesse era mais restrito e minha "sede" mais modesta.... Estava mais interessado em bater um papo com Sebaste do que encher a cara.

Mauro Sebaste tem um charme discreto, fala mansa e uma honestidade intelectual que atrai o interlocutor e provoca imediata empatia.

Mauro é um dos mais honestos viticultores que já conheci: reconhece acerto e erros, também.

Nosso papo começou com a Freisa.
 

Para quem ainda não sabe, eu sou um amante incondicional da Freisa que infelizmente, depois de um glorioso passado, vive, injustamente, dias de ostracismo e quase abandono.

"Não adianta..... Todos querem Barolo e mais Barolo. Eu não estou me queixando, até porque o Barolo tem um valor agregado maior, e eu o produzo. Quando minha mãe ainda vivia nos produzíamos, anualmente, 15.000 garrafas. Hoje faço 2.000 garrafas um ano sim e outro não. Aqui na região todos vinificavam a Freisa hoje apenas Rinaldi, Vajra, Brezza, Voerzio, Cavallotto, nós e mais uma meia dúzia ainda tem coragem de produzir"

Os dias de gloria da Freisa, já eram....
 
 

Gentilmente recusei o Arneis, vinho que me agradava nos anos 1980 e que já não suporto (um dia ainda vou escrever uma matéria sobre o assunto), e pedi para provar o Viognier.

O Viognier é a mais nova paixão de Mauro Sebaste.

Continuo não entendendo a mania, dos viticultores da região, em implantar castas brancas, ainda mais francesas, em um território dominado por grandes tintos (os Chardonnay, locais, "fanno cagare").

Mauro deve ter captado sinais de um mercado promissor para o Viognier ou está complementando sua linha de produtos.

Sebaste, que produz e exporta o Gavi, quer tentar emplacar mais um branco para o mercado externo.
 

Com um belo nariz, que revela flores e frutas, o Viognier de Mauro foi uma agradável surpresa olfativa, mas na boca não alcança a complexidade e opulenta untuosidade de seu primo de Condrieu.

Muito jovem (2015) precisará de, pelo menos, mais dois anos para ser avaliado corretamente.

Enquanto os alemães que a cada copo se tornavam mais estridentes e risonhos e não recusavam uma taça sequer, eu focava minhas atenções às Barbera e aos Barolo de Mauro Sebaste.
 

"Estou morto de cansado e apenas ontem terminei a vindima"

Sebaste comentava o trabalhoso final da safra 2016.

Aproveitei a deixa e indaguei sobre a qualidade das uvas.

"A safra foi ótima, as uvas revelam de alta qualidade, mas estou com um problema: excesso de álcool. Para que você tenha uma idéia, as Barbera estão com 16,5° e não sei o que vai acontecer".

Comentei que 16,5° era gradação de Amarone e indaguei se ele não poderia adicionar um pouco de água para diminuí-la para 14,5°.
 

"Não, nunca usaria este expediente, até porque, adicionando água, a quantidade de garrafa aumentaria consideravelmente e a fiscalização da DOC perceberia facilmente a diferença quantitativa. Meu enólogo consultor está com o mesmo problema em outra vinícola na Maremma e está tentando encontrar uma solução para o problema. Se e quando a encontrar vai aplicá-la à minha Barbera"

Não sei qual o caminho que o consultor percorrerá para encontrar a solução, mas, na próxima visita à Mauro Sebaste, o assunto voltará à baila.

De qualquer forma a lei permite declarar, na etiqueta, uma gradação menor em até 0,8°.

Com as mudanças climáticas, creio, já não seja necessário desbastar em demasia (ha produtores que deixam um único cacho para cada parreira) e esperar a super maturação das uvas (as uvas Barbera, de Mauro , quando colhidas, superavam os 22 graus Babo)
 

O mercado já não é seduzido por altas alcoolicidade e prefere beber vinhos mais leves, frescos e jovens.

Eu, por exemplo, quando encontro uma garrafa ostentando 12° na etiqueta já me sinto inclinado a comprá-la.

Quando são declarados 15° não compro nem sob tortura.
Continua.....
Bacco


6 comentários:

  1. Parla, mio peste favorito.

    Acho as etiquetas do mauro muito simples. Nao chamam a atencao nas prateleiras... Tem letras pequenas e pouco contraste entre o fundo e o nome do vinho.

    Mauro.... ma miglioramento con the labels, eh?

    Auguri a tutti bastardi.

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    Respostas
    1. problema com as etiquetas?

      secondo me, o distinto roedor precisa consultar um oftalmologista. e não se esqueça de pedir às suas secretárias suecas para abrirem o colírio SEIS HORAS ANTES DA APLICAÇÃO (DESCULPE A CAIXA ALTA), para que ele possa respirar.

      ou então é só adicionar salame e peixe de água doce à vossa dieta, e a vista ficará uma beleza. ou não.

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    2. A estrada para o inferno esta pavimentada com boas intencoes.
      As garrafas do MS somem ao lado das outras. Vejo um PIRA BAROLO enorme ao lado do barolo dele. Os clientes pegam as que chamam mais atencao. Idem para barbera, gavi, arneis...

      Andiamo...

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  2. O que acham dos Barolo Rivetto?

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  3. 22° Babo = aprox. 13,2% de álcool

    Com 16,5% de álcool essas uvas devem ter sido colhidas com 27,5° Babo

    Ou a matemática está a falhar, ou nosso amigo Viticultor está precisando cuidar mais de suas videiras.
    Está a colher uvas passas para vinificação...

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  4. Sugiro que você escreva para o Mauro e se ofereça para lhe ministral algumas aulas de vinificação. O Mauro Sebaste é um principiante (várias gerações de viticultores) e precisa aprender. Escrevi "....superavam os 22°Babo". Na minha tabela 22,66° Babo correspondem a 15,9° de álcool. 22 ou 23° Babo não são assim tão distantes. A matemática não falha , seu Google , sim.

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