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terça-feira, 4 de outubro de 2016

BAROLO MONVIGLIERO CONTINUA O MESMO



 


"Ainda não terminei a colheita da "Favorita". Meu filho está lhe esperando na adega e a gente se encontra no Bercau".
 
 

O telefonema de Gian Alessandria confirmava que visitar viticultores, em setembro e outubro, não é decisão muito inteligente.
 
 
 

Havia combinado encontrar o Gian em, sua vinícola, para comprar algumas garrafas de Pelaverga e de Barolo, bater um papo, tomar uma ou duas taças e depois almoçar.

A "Favorita" estragou meus planos.

Para quem não sabe, a "Favorita" é uma das três castas brancas autóctones do território (as outras são a Arneis e Nascetta).

Encontrei o Vittore Alessandria trabalhando na adega.
 

Apesar de atarefado, à espera da Favorita, me atendeu cordialmente.

"Quero seis garrafas de Pelaverga e dois magnum de Barolo Gramolere"

Vittore me olhou com ar intrigado e respondeu: "Não vai querer uma de Monvigliero? Você sempre preferiu o Monvigliero.....".

Era a minha oportunidade para perguntar ao Vittore qual a mudança que ele havia introduzido na vinificação do Monvigliero.

Duas explicações......

Primeira:

O Gian toma conta das vinhas, o irmão, Alessandro e o filho, Vittore, da adega e comercialização.

Gian relutou muito, mas acabou concordando em soltar as rédeas e deixar para a juventude (Vittore e Alessandro) a continuação do trabalho que ele havia implantado.
 

Vittore é igual ao pai. É apenas mais moderno e preparado para os novos tempos.

Vittore fala perfeitamente inglês, entende espanhol e francês, viaja, com desenvoltura, pelo mundo para "vender" suas garrafas.

 Gian fala piemontês e, quando estritamente necessário, o italiano, não gosta muito de viajar e prefere passear por suas vinhas.

Segunda:

O Monvigliero parece ser um dos Barolo preferidos do Robert Parker que não para de pontuá-lo e cada vez mais alto (e o Vittore não para de aumentar o preço.......)
 

O Parker lascou 96 pontos para o Monvigliero 2010 e os Alessandria viram seus estoques sumirem com velocidade meteórica.

Ano passado, Gian abriu uma garrafa de Monvigliero 2010 para acompanhar nosso papo e algumas fatias de salame.

Achei o Barolo muito "americano", meio adocicado, bem ao gosto do Parker.

 Não comentei o fato com o Alessandria, mas pensei: "Com o Monvigliero "sabor chocolate" Vittore começou a abrir as pernas para os americanos......" 
 

Voltando ao assunto....

Aproveitei o gancho e disparei: "Você mudou a vinificação do Monvigliero?"

Vittore me olhou com surpresa, respondeu negativamente e perguntou de onde eu havia tirado aquela idéia.

Comentei, então, o que acontecera quando bebi o Monvigliero 2010 com seu pai.

"Alguma coisa está errada..... talvez uma garrafa com problema..... Não mudamos uma vírgula na vinificação".

Inconformado Vittore insistiu e me ofereceu uma taça de Monvigliero 2012 que abrira para uma degustação na noite anterior.

Grande vinho!
 
 

Era o velho e bom Monvigliero com todas suas importantes características, seus taninos elegantes, seus perfumes complexos e seu final interminável.
 

No final da conversa e da degustação, uma das magnum de Gramolere foi substituída por outra de Monvigliero.

Os Alessandria continuam, ainda bem, trilhando o mesmo e tradicional caminho e produzindo grandes Barolo, Barbera, Dolcetto, Pelaverga, Nebbiolo......

Na próxima tem mais Piemonte

Bacco

 

2 comentários:

  1. De acordo com o que diz sobre vinho americano. Com poucas excecoes a maioria deles realmente cansa, apesar da potencia, da opulencia... Cada vez mais estou sendo literalmente obrigado a desguta-los e nao estou achando muita graca nisso.

    Vou comprar uma ou duas garrafas do Alessandria e dou retorno em algumas semanas sobre o que achei do vinho[s].

    Parker nao degusta todos os vinhos que tem o nome parker nos pontos. E discordo (de novo): Ele adora tudo que he bom, incluindo Rhone, Borgonha, Champagne, Piemonte....nao so americano e bordales, como muito se diz por ai...

    Salute e fortuna. Auguri.

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  2. Gosta muito do que é bom , eu também sei, mas os bordaleses o adotaram e até hoje a adoração é mutua.

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