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terça-feira, 27 de setembro de 2016

LE PETIT CHEVAL BLANC




Quem assistiu ao filme "Sideways" certamente recordará uma das cenas, já no final da película, em que o ator Paul Giamatti, em crise, detona uma garrafa, do prestigioso "Château Cheval Blanc" 1961, em uma lanchonete e num copo de plástico.
 
 

O Château Cheval Blanc, um tinto, Cabernet Franc e Merlot,  dos mais badalados e caros vinhos de Bordeaux (uma garrafa de 2010 custa, na França, 1.300/1400 Euros).
 

A notícia é a seguinte: Pela primeira vez na historia, a vinícola "Le Château Cheval Blanc", lança um vinho branco, mais especificamente, um Sauvignon Blanc.

A 4.500 garrafas, da safra 2014, estarão nas enotecas por aproximadamente 100 Euros e suas etiquetas ostentarão o nome: "Le Petit Cheval Blanc".
 

Nossos políticos, em viagem pela Europa, devem se apressar e provar o vinho antes que a Lava Jato chegue.....
Dionísio

 

 

 

 

domingo, 25 de setembro de 2016

PIEMONTE LEILOADO







Os americanos desembarcaram com seus dólares e estão comprando tudo o que podem no Piemonte.

A "Kum & Go", gigante americana, com mais de 400 lojas de conveniência espalhadas pelos Estados Unidos, em meados de julho bateu o martelo e arrematou a vinícola Vietti

A Itália já era.
 
Grandes nomes da moda, alimentação, indústria automotiva, vinhos, etc. passaram para as mãos de investidores estrangeiros.

Ducati = Alemanha

Pirelli = China

Alitalia = Emirados Árabes

Bulgari, Loro Piana e Fendi = França

 Pininfarina = Índia etc. etc. etc.
 

A Kum & Go resolveu entrar de sola, no Piemonte dos vinhos, já em 2015 quando comprou, da Campari, a histórica marca vinícola "Enrico Serafino".

A Vinícola Vietti, fundada no século XIX, com seus 34 hectares de vinhas, instalações, adega, maquinários etc. passa para as mãos de Kyle Krause por (dizem na região) 60 milhões de Euros.

Aos 34 hectares da Vietti se juntarão mais 12 hectares de famosos crus de Nebbiolo da Barolo que a Kum & Go já havia adquirido em Monforte, Serralunga e Castiglione Falletto.
 

Mario Cordero e Luca Currado continuarão à frente da vinícola tanto na produção quanto na comercialização.

Como de costume as declarações, tanto dos compradores quantos dos vendedores, tranquilizam os clientes afirmando que nada mudará.

Duvido que a empresa compradora, dona de mais de 400 lojas de conveniência nos Estados Unidos, pense em respeitar tradições, território, cultura vinícola, terrior etc.
 

Um caso parecido pode ser encontrado na Toscana com a Banfi.

A Banfi teve o mérito de "internacionalizar" o Brunello, mas não se deve esquecer que os americanos tentaram de tudo e mais um pouco, para modificar o disciplinar do vinho de Montalcino.

 Não conseguiram, todavia, dobrar, no voto, os pequenos produtores.

 Os viticultores de Montalcino, firmes e agarrados às tradições e ao território, sempre conseguiram derrotar os americanos e os nobres industriais do vinho, Antinori e Frascobaldi entre outros.
 

Não conseguido seus intentos, por vias normais, os gigantes do vinho, sempre visando o mercado norte americano, fizeram as mudança na marra e se ferraram.

Lembram do "Cabernello di Montalcino"?...... Se ferraram

Acredito que nos primeiros anos nada mude na Vietti, mas não se deve esquecer que os novos sócios americanos são homens do faturamento, balanço, lucro, custo e não das vinhas, território, tradição, cultura.

Quando grandes empresários entram na viticultura, comprando médias e tradicionais empresas, não o fazem exatamente por razões sentimentais.

 Investidores procuram retorno dos valores investidos e estão pouco se lixando com terroir, cultura, tradições, valores territoriais, o negócio deles é lucro, sempre e apenas lucro.
 

Uma prova: Oscar Farinetti, dono, entre outras coisas, da Eataly, comprou a Fontanafredda de Serralunga e a Borgogno de Barolo.

A Fontanafredda não sofreu muito, pois já pertencia a um banco, mas a Borgogno, histórica vinícola de Barolo perdeu, em pouco tempo, todas suas principais e antigas características que a tornaram uma das mais sérias e famosas produtoras de Barolo

Hoje a Borgogno é mais uma empresa do grupo Farinetti: Muito marketing e pouco vinho.

Todas as vinícolas renomadas e famosas são assediadas com cifras de muitos zeros, muitas sucumbem à tentação e a Vietti foi uma delas.

A sorte nossa, a sorte de quem busca vinhos com sabor e aroma de território, é que, para cada Vietti que vai para o outro lado, surge um jovem produtor que poderá ser um Vietti à antiga, amanhã.

 
Não deveria antecipar, mas....

Passei um dia inteiro com Gian Alessandria , almoçando, bebendo, conversando e quando toquei no assunto Vietti e uma possível venda de sua vinícola "Fratelli Alessandria", respondeu "Nem morto".

Ainda bem....

Bacco

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

MURGANHEIRA THE TRUMAN SHOW




Uma das piadas mais engraçadas, do mundo do vinho, de que se tem notícia, é aquela que os industriais gaúchos promoveram durante algum tempo: "O espumante brasileiro é o segundo melhor do mundo".
 

Hoje a piada perdeu a graça.

Naquela ocasião os galhofeiros do sul classificavam seus vinhos borbulhantes apenas um degrau abaixo dos Champagne e deixavam espanhóis, portugueses, italianos, alemães etc. disputando "merdalhas" de bronze, lata, papel machê.

Combati, em várias matérias, a cretinice chauvinista, mas agora, passado o impacto inicial, consigo enxergar melhor.

Os industriais do vinho nacional estavam com a razão!

Para chegar a essa conclusão foi preciso praticar muito.

 Após ter reciclado meus valores alcancei a total desonestidade intelectual e consegui pensar exatamente como eles.

Os nossos produtores, do sul maravilha, vivem em um mundo próprio, um mundo autista, acreditam que nada há além do domo que envolve a Serra Gaúcha  e nada de bom acontece fora dele.
 

Lembram do "The Truman Show" com Jim Carrey?

 Pois é, nossos produtores de vinho deveriam filmar uma nova versão do filme: "O Alienante Mundo das Vinhas Gauchas".

Material há aos montes, atores principais não faltam (Miolo, Valduga, Aurora, Carraro, Peterlongo, Salton, Geisse,......).

Coadjuvantes acessíveis e baratos podem ser encontrados em dezenas de sites ridículos, blogs risíveis, AB$, $BAV.

Para a direção sugiro o mestre da ficção e ilusionismo: Dani-Elle-Dos-Mil-Nomes.
 

Dani-Elle-Dos-Mil-Nomes-Falsos pode assumir sem medo a direção do "Alienante Mundo Das Vinhas Gauchas": A comédia bufa é o seu forte

 Caso precise de cenas de porno-terror, para acordar a sonolenta platéia, pode contar com a turma do Bilu-Didu-Tetéia, que, com suas bundas de fora, suas pelancas e celulites, assustam até zumbis.
 

Agora, caso nossos comediantes, que habitam a ilha da fantasia, resolvam imitar o Truman (Jim Carrey) e abandonar o domo vinícola em que vivem , sugiro um pequeno e revelador circuito "espumantístico": Lisboa

Em Lisboa procurem o turístico Café Nicola na Praça do Rossio.

Após ter admirado a beleza e o mundanismo da praça, apreciarem e sorrirem para o imponente Castelo de São Jorge, que domina o alto da colina bem à frente, relaxem e...... Já confortavelmente acomodados, consultem o cardápio e peçam meia garrafa de "Murganheira Super Reserva Bruto 2009".


Não se assustem com o nome "Murganheira" e nem com adjetivo "bruto": os portugueses fazem ótimos vinhos, mas os nomes.....

Já no primeiro contato o nariz percebe que aquele espumante nada tem de banal, comum, ou "segundo-mundista"

O "Murganheira Super Reserva Bruto 2009"" exala belas notas tostadas de brioche e lembra, imediatamente, um bom Champagne.

Na boca a espuma é cremosa , os cítricos aparecem, é complexo, agradável e com final surpreende longo.

Já bebi quase todos os espumantes produzidos pelo pessoal do "The Truman Show" (faltam apenas alguns dos pequenos produtores e os do Adolfo Lona).

 Estou certo e tranquilo, em afirmar que nenhum deles chega ao calcanhar do "Murganheira Super Reserva 2009".

Dois pequenos detalhes: 1º) O "Murganheira Reserva Especial Bruto 2009", de 75cl, custa nas lojas 10/11 Euros.

2º) Sentado na belíssima Praça do Rossio, acomodado em uma poltrona de um bar histórico, servido por um atencioso e sorridente garçom alagoano, a meia garrafa, do ótimo Murganheira, me aliviou em exatos 16 Euros.

Voltemos ao território do "The Truman Show".

Alguém poderia me indicar um espumante, de ótima qualidade, que custasse os mesmo R$ 36 que paguei pelo "Murganheira"?

 

Conclusão: O segundo melhor espumante do mundo não consegue ser o primeiro nem em seu mundo

Dionísio

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

MAIS CAGADAS



Caro Dionísio, se você acha que a eno-diarreia-mental é uma "doença" que ataca somente as cabeças premiadas de nossa critica vinícola, está redondamente enganado.



Todas as manhãs a minha rotina segue, assim: Leio os jornais, vejo as novas mensagens, consulto a meteorologia (nessa estação, na Itália, o tempo e a temperatura mudam rapidamente) e passeio pelos sites especializados em vinho.

O meu passeio, pelas vinhas virtuais, percorre, principalmente, sites italianos e franceses.

A minha escolha virtual acompanha minhas preferências etílicas.
 

Erros e picaretagens não são tão comuns como nos blogs e sites brasileiros , mas há e quando há, sai de baixo..... é um tsunami de cocô  no ventilador.

Hoje recebi a newsletter do site francês "Dico du vin".
 

A mensagem anuncia um livro do co-fundador do site: François Collombet.

Sem muitos compromissos ,hoje, e sem consultar o enésimo comentário do meu novo "perseguidor", Carlos, resolvi dar uma lida em algumas informações do livro.

O autor indica e comenta as castas mais cultivadas pelo mundo afora.

As informações, divulgadas, não me surpreenderam nem aumentaram meus conhecimentos.

Subitamente..... um susto!
 

Nosso bom francês, ao falar de outras 25 castas mais cultivadas no mundo, coloca a Sangiovese em 13º.

Até aí nada de extraordinário, mas, em seguida o François solta um barro monumental.
 

Veja.....

Et les 25 autres cépages les plus plantés dans le monde

13-Sangiovese noir originaire du Piémont  (Chianti).  Il est appelé brunello en Toscane. Il est le cépage principal d’une bonne partie de l’Italie centrale et représente aujourd’hui  près 10 % du vignoble italien.

 

Nosso amigo afirma que o Sangiovese é uma uva tinta, originária do Piemonte e que é chamada de Brunello na Toscana.

Não contente, o Collombet, pega a região Chianti, a transfere, 300 km ao norte e a encaixa no Piemonte.

Acredito que uma cagada dessa nem a AB$ conseguiria escrever.

Cancelei imediatamente a newsletter e mandei o François Collombet e Dico du Vins prá ....

Quem quiser ler a matéria inteira e procurar mais cagadas, aqui vai o link
Bacco

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

FRIULI-VENEZIA GIULIA IV




Bebo os vinhos de Gravner desde sempre.

 Provei alguns "pre-ânfora" e outros vinificados com a "nova" técnica.

 Caros, mas sempre surpreendentes, os vinhos de Gravner podem não agradar a todos, mas nunca são banais, comuns, indiferentes.

Quem gostar dos vinhos do Gravner deve se apressar e comprar algumas garrafas de Bianco Breg: Gravner já iniciou a erradicação de todas as castas internacionais (Merlot, Sauvignon, Chardonnay, Riesling, Cabernet Sauvignon etc.) para se dedicar exclusivamente às autóctones Ribolla e Pignolo.
 

Para os aficionados informo que o último Bianco Breg foi produzido em 2012 e o vinho será comercializado em 2020.

A decisão do Gravner é uma resposta à imbecilizante e desnecessária corrida às castas internacionais.

Desnecessária e imbecilizante, sim, especialmente se levarmos em conta que a Itália possui o maior "estoque" (excluindo a misteriosa Geórgia) de videiras autóctones do planeta.

Gravner pode ser interpretado como diferente, revolucionário, louco, visionário, mas, não bobo.
 

Josko percebeu que os melhores resultados comerciais sempre serão obtidos com vinhos vinificando com castas autóctones. 


Por melhores que sejam seus Merlot, Cabernet Sauvignon Chardonnay, Sauvignon jamais poderão competir, em preço e fama, com renomadas e badaladas etiquetas Francesas.

Seus vinhos "internacionais" perderiam até para os Supertuscans: ele não conseguiria ofuscar a fama de um Masseto, Sassicaia, Solaia ou outro AIA qualquer.

Não há tantos idiotas abonados assim para desembolsar quase 400 Euros por um Merlot friulano......
 

Saem de cena, então, Merlot e Cabernet Sauvignon e entra o Pignolo.

A Pignolo, antiga casta "friulana", já conhecida desde o século XIV, sobreviveu à filoxera, mas foi "sepultada" pelo tsunami das videiras internacionais que invadiram a região.

Esquecida, abandonada, a Pignolo praticamente sumiu do Friuli.

Nos anos 1970 a destilaria Nonino, grande produtora de Grappa, tentou sensibilizar os produtores locais instituindo um prêmio que visava estimular a recuperação de antigas castas autóctones.

Não quero entrar em mais detalhes para não fundir a cuca dos professores da AB$, $BAV e outros cursos, mas é bom lembrar que em 1978 foram encontradas, na "Abbazzia di Rosazzo", duas e únicas videiras, sobreviventes, de Pignolo.
 

Foi a salvação da Pignolo que em 2011 recebia a classificação DOC.

Gravner implantou a Pignolo em 1998 aumentando gradualmente a área de plantio.

Não provei ainda o Rosso Breg (Pignolo) que custa salgados 80/90 Euros e seria desonesto comentar, todavia e por uma feliz coincidência, sou amigo de Stefano Bonaccorsi que é o representante de Gravner na Liguria.

Stefano, em nosso último encontro na "Trattoria Nanin" em Chiavari nos brindou com uma garrafa de "Ribolla Gialla 2007" do Gravner.
 

Em minha próxima matéria encerrarei minha viagem pelo Friuli-Venezia Giulia revelando minhas impressões sobre algumas Ribolla Gialla que provei.

Bacco

PS.  Encontrei um fiel "perseguidor": Carlos.

Algumas considerações: Não tenho a mínima intenção de mudar o Blog para satisfazer seus recôndidos desejos.

Não vou pesquisar na internet se há, onde há e quanto custa o Picolit. Esta tarefa fica por conta do leitor interessado.
 
 

Eu, viúva de Mussolini? Carlos, tome um Lacto Purga e esvazie a cabeça

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

CAFÉ MANDIOCA



De todas as heranças malditas que os últimos governos nos legaram: corrupção desenfreada, aparelhamento do estado, dilapidação das finanças públicas, roubo nas estatais etc., há duas que me emputecem.
 
 
 

A primeira: todos podem ser desonestos o importante é não ser pego.

A segunda: o Brasil é uma potência e os brasileiros são ricos.

A Lava Jato está tomando conta da primeira e a segunda fica por conta da amarga realidade que está abrindo os olhos da atual "classe-abaixo-da-média" nacional que sonhava viver em uma grande Suíça e acordou amargando um imenso Maranhão.  
 

Viagens ao exterior mais curtas e mais difíceis, malas com as compras feitas em Miami cada vez mais leves, "assaltos" às lojas de griffe de Milão, Paris, New York, Londres, sempre mais raras..... O brasileiro caiu do real e na real?

Quase.

Quem é de Brasília pode conferir o "quase".

Na QI 11 do Lago Sul há um bar, "Fran's Café", que continua impávido metendo a mão, impune e imune e considera o brasileiro um imbecil.
 

O "Fran's Café", reduto de doleiros, lobista, picaretas, arrivistas, peruas, etc. de segunda ou terceira categoria, cobra pornográficos R$ 5,40 por um simples café expresso.

É preciso salientar que a qualidade do café servido no "Fran's" está mais para Sol Nascente (favela de Brasília) do que Lago Sul: Uma merda!

Resolvi fazer algumas pesquisas.

Para produzir uma xícara de café expresso são necessários 8/9 gramas de café moído.
 

 Grosso modo um quilo de café resulta em 110 xícaras.

Um quilo de café torrado custa, no atacado, 18/20 R$.

O "Fran's Cafetão" com um quilo de café produz, então, 110 xícaras, número, que multiplicado por R$ 5,40, nos leva há um resultado nada desprezível: R$ 594.
 

Um lucro bruto de quase 3.000%, rentabilidade quem nem é sonhada até pelos mais predadores produtores de vinho nacionais.

Vamos à Europa.

Em todos os bares italianos o café expresso custa 1 Euro.

 Em raras exceções, (aeroportos, autoestradas) o valor cobrado e de 1,10 Euros.

Temos, então, um mínimo de R$ 3,60 e um máximo de 4 R$.

Há um pormenor: O café, em grãos, na Itália custa 60/65 R$ o quilo (três vezes o custo do Brasil).

Mais uma dica: No shopping "Amoreiras" de Lisboa você pode tomar um ótimo expresso por 0,70 Euros (R$ 2.60)

Enquanto isso os babacas brasilienses continuam sendo "cafetinados" pelo "Fran's Cafetão"
 

Boicotar estes ladrões, também, é preciso.
MANDIOCA NELES

Dionísio

terça-feira, 13 de setembro de 2016

FRIULI III GRAVNER



Eu sabia..... O Gravner foi a grande vedete da matéria  "Friuli-Venezia Giulia II".

O Josko Gravner merece todos os elogios possíveis e imagináveis, mas esquecer o Picolit, que não mereceu um único comentário, revela a paixão dos enófilos brasileiros por nomes badalados e o desinteresse total por vinhos excepcionais e raros.

O único pecado do Picolit: Não ter sido ainda degustado (de graça, lógico) pelos nossos bocas-livres, críticos, sommerdiers, (de)formadores de opinião e todos os baba-ovos que infestam o mundo vinícola nacional.....
 

Vamos falar, então, algo sobre o Gravner e seus vinhos.

O Gravner, que está provocando orgasmos múltiplos em nossos critico$$, sommerdier e diretores das AB$, não é uma novidade para os apreciadores de boas garrafas.

 Josko Gravner não é mais um oportunista que aderiu ao modismo dos vinhos laranja, Gravner é um dos precursores da tendência.

Em 2000 mudou radicalmente sua técnica de produção e foi o primeiro italiano a adotar as ânforas na vinificação.

Depois de ter se formado em enologia, Josko, "aposentou" o pai e assumiu a produção vinícola da família; era preciso modernizar a viticultura familiar e olhar para o futuro.

Gravner foi o primeiro na região a desbastar, privilegiar a qualidade e não a quantidade,  limitar as intervenções do homem na produção de vinhos.

Josko fala de suas ânforas: "..... um amigo, interessado em conhecer o patrimônio genético da Geórgia, onde existem mais de 400 variedades autóctones, foi até lá e voltou com uma "pequena" ânfora de 250 litros onde os viticultores locais vinificam. Usando a ânfora, em 1997, realizamos a primeira prova com minhas uvas. O resultado me animou e em 2000 fui a Lubiana decidido a encontrar alguém que pudesse fabricar as ânforas que os georgianos usavam para a conservação do vinho. Encontrei alguns artesãos que conseguiam, ainda, fabricá-las. É preciso lembrar que as ânforas são produzidas manualmente e levam e 2 ou 3 meses para serem fabricadas. Depois de prontas, são secadas lentamente com um fogo baixo. Depois de secas se passa, em seu interior, uma camada de cera de abelha para vedar a porosidade. Consegui finalmente trazê-las para Oslavia e em 2004 construí uma adega e iniciei a trabalhar com as ânforas."

É bom lembrar que as ânforas do Gravner têm capacidade de 20 hectolitros
 

Gravner, com sua "nova técnica" e suas ânforas, influenciou outros viticultores da região  que até hoje seguem seus passos.  

Um pequeno grupo de produtores do Friuli-Venezia Giulia, de "vinhos laranja", que é composto por viticultores que acreditaram e ainda acreditam na volta às origens, abastece o mercado com, aproximadamente, 500 mil garrafas/ano que são disputadas por fieis apreciadores.

Alguns nomes?

Radikon, Podversic, Princic, Zidarich, Bensa, Novello...

As novas (antigas) técnicas e filosofias vinícolas, já conquistaram muitos viticultores e estão sendo adotadas por produtores franceses, alemães e, pasmem, brasileiros.

No Brasil, o nosso palhaço mor, Didu Bilu Tetéia, tenta embarcar na canoa "natureba," como se ela fosse a Santa Maria de Colombo, para "descobrir", em terras brasileiras, o que Gravner e Cia. estão cansados de fazer.
 

Por falar de palhaços e palhaçadas "naturebas com a bunda de fora", é bom salientar que até Gravner, um dos mais radicais viticultores italianos e obcecado pelo "natural", não dispensa sulfitos.

Gravner continua: "..... Anos atrás não queria usar sulfitos no vinho, apesar dos livros dizerem ser impossível produzi-lo sem eles. Mais tarde compreendi que os livros estavam com a razão: se os Romanos já usavam enxofre há 2.000 anos deveria haver um motivo! A sulfurosa se desenvolve naturalmente ,mas é preciso ajudar o vinho, um pouco:" me de um pouco de enxofre e me farás feliz". A questão é a quantidade e eu adiciono o mínimo possível...."
 
(fazer vinho sem sulfitos é como experimentar fazer embutidos sem sal: impossível )

Na próxima semana mais Gravner, mais Friuli.

Bacco

sábado, 3 de setembro de 2016

MAIS CAGADAS




 Nunca acompanhei, regularmente, o "Momento do Brinde", programa da rádio CBN em que Jorge Lucki discorre, sobre vinhos, com o âncora Carlos Alberto Sardemberg.
 

Já afirmei que não consigo acreditar na existência críticos que possam dominar, com segurança e conhecimento, todos os vinhos dos quatro cantos do planeta.
 

Eu aprendi, com Bacco, tudo o que sei sobre vinhos e apesar disso, minha cultura vinícola, mesmo após décadas de amizade, convivência e viagens, não vai além de algumas etiquetas do Piemonte, Ligúria, Borgonha, Véneto, Toscana.

Os sommeliers italianos, franceses, portugueses , que eu conheço, dominam sua praia, mas tem apenas noções superficiais sobre os vinhos de outros países.

Os italianos conhecem os grandes Bordeaux, Borgonha, o Vinho do Porto, Vinho Madeira, mas, se perguntados sobre um Chateau Musar, ou um do Dão, olharão para o interlocutor com cara de paisagem lacustre.
 

Com os profissionais portugueses e franceses o discurso é exatamente igual: Todos conhecem o Brunello, Barolo, Chianti, mas se falarmos em Taurasi, Gattinara, Timorasso, eles vão achar que estamos xingando a mãe.

O Lucki não tem limites, confins, barreiras.

 Os conhecimentos do Jorge são tão vastos que suas indicações passeiam com leveza e desenvoltura pela França, Itália, Alemanha, Brasil, Argentina, Chile, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia..... e se mais mundo houvera, lá chegara!

Jorge é um gênio?
 

O Lucki, apesar de preparado, tem suas limitações e, volta e meia, diz cagadas homéricas no "Momento do Brinde".


Dia 30 de agosto, Jorge, em seu tour pela Itália, resolveu falar da Úmbria, seus vinhos, sua gastronomia.

Já na primeira frase Lucki comete um erro bisonho quando localiza Amatrice, a cidade que quase desapareceu após o terremoto, na Úmbria.

Não sei se o violento terremoto deslocou Amatrice, mas, até a semana passada Amatrice era uma cidade da região Lázio e mais exatamente da província de Rieti.

Não satisfeito, com a cagada geográfica,  Lucki continua com o desarranjo intestinal e, categórico, afirma: "..... a Úmbria é a única região da Itália que também tem trufas... não é tão boa quanto à do Piemonte....."

http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/jorge-lucki/2016/08/30/NA-UMBRIA-ORVIETO-E-SAGRANTINO-SAO-OS-VINHOS-MAIS-INDICADOS.htm

Sinto muito discordar do Jorge e lhe recomendo uma passagem mais demorada pelo Google.

Na Itália há tartufi (trufas) em quase todas as regiões:Ligúria, Lazio, Toscana, Campânia, Lombardia, Basilicata, Calábria, Veneto, Emilia-Romagna, Marche etc.etc.etc.

E por falar em Marche, seria bom o Lucki experimentar o maravilhoso "Tartufo Bianco di Acqualagna" assim, quem sabe, a qualidade da trufa marchigiana corrigia o desarranjo intestinal de nosso comentarista.

Mais uma coisa: Quando há escassez de "tartufi bianchi", no Piemonte, os negociantes espertinhos de Alba e arredores, os importam da Eslovênia, Croácia, Romênia, Albânia, Marrocos, Espanha, Turquia e até da China.

 
 Os turistas bocós, que não entendem lhufas de trufas, compram, pagam uma grana preta e comem "lisoto com tlufas blanca" da China.

Jorge, não para e se supera quando indica vinhos da Úmbria.

Com tantos produtores de vinhos na Úmbria, Lucki indica quem, quem, quem? "Castello della Sala"  

O "Castello della Sala" é uma das filiais das "Indústrias Antinori" e não produz, sequer, um único vinho típico da Úmbria.

Confira!

Cervaro della Sala = Chardonnay e Grechetto

Pinot Nero

Conte della Vipera = Sauvignon Blanc

Bramito = Chardonnay

Muffato della Sala = Sauvignon Blanc, Grechetto, Traminer, Riesling

Nem o simples, comum e popular Orvieto, produzido pela "Castello della Sala" escapa da adição de uvas francesas (Viognier).
 

Não contente, em empurrar os vinhos estandardizados da Antinori, que não representam a Úmbria nem em sonho, o Lucki radicaliza ainda mais recomendando as garrafas francesas da vinícola Falesco.

Falesco, propriedade da família Cottarella, só produz vinhos com uvas internacionais: Merlot, Chardonnay, Viognier, Syrah, Cabernet Sauvignon etc.

O único vinho da Úmbria, produzido pela Falesco, é o "Grechetto"

Perguntei ao Bacco se conhecia o "Grechetto" da Falesco
 

A resposta: "Fa cagare" e continuou "Um bom branco, da região, é o Orvieto "Campo del Guardiano" da vinícola Palazzone. Se quiser um tinto honesto vá de Rubesco Lungarotti"
 

Não conheço nenhum dos dois vinhos, mas conheço Bacco, então.... Tchau, querido Jorge

Dionísio