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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

BORGONHA NUNCA MAIS


















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.....em janeiro. 
Aproveitado um convite, para passar um final de semana em Chamonix, resolvi esticar a viagem até Puligny Montrachet, uma das minhas aldeias bases na Côte D'Or.
 A desculpa, menos esfarrapada, que encontrei para justificar minha enésima visita à região francesa: Comprar algumas garrafas de meus já tradicionais "fornecedores": Jean Claude Bachelet, Thomas Morey, Paul Pernot, Ramonet etc.

Frio intenso, neve na estrada, anoitecer antes das 18, nenhum planejamento ou agendamento; nada conseguiu arrefecer meu entusiasmo e determinação.

 
 Com as sombras, já dominando a gélida paisagem (-6º), entrei no quintal do B&B da minha amiga Maria Adão.

Alegria e gentileza de sempre, um copo de Chardonnay, das uvas do próprio quintal, um bom papo, algumas indicações.... estava em casa.

Após um breve descanso resolvi procurar um local para beber uma taça de vinho antes de jantar.

Neste exato momento começou o ”drama da Borgonha em janeiro".

 
 
 Os dois bares de Puligny, Caveau de Puligny e L'Estaminert, fechados.

"Sem problemas..... Vou beber no Le Pelugney".

Le Pelugney, meu restaurante preferido na cidade, fechado, também.

Chateado, cansado e por falta de opção, rumei, sem nenhum entusiasmo, para o cara arapuca "La Table d'Olivier Leflaive".

A arapuca, também, fechada.
 

Última e única opção da noite: O estrelado "Le Montrachet Estuprador de Cartões de Crédito".

 "Le Montrachet", que tinha, perdeu e reconquistou a estrela Michelin, não é exatamente um local para se visitar quando o apetite faz o estômago roncar.

A "nouvelle cuisine", de anoréxicas porções, apesar de morta e enterrada nos quatro continentes, continua dominando, impávida, as panelas do "Le Montrachet".  

Sem ânimo, até para ligar o carro para alcançar Meursault, preparei, para o pior, o meu cartão de crédito e caminhei para o bar do "Le Montrachet".

Qualquer taça de vinho Puligny, Chassagne, ou Saint Aubin, custa, no esquálido bar do restaurante estrelado, nada razoáveis 13 Euros que representam, no "Brasil Dilma II o abismo", assustadores R$ 62.

 

As taças servidas no bar não estão entre as mais abundantes da França e calculei que, para acalmar minha "sede", seriam necessárias pelo menos três.

Em um rápido exercício matemático conclui que o melhor seria abandonar as taças e gastar 52 Euros por uma garrafa de Saint Aubin "Les Murgers des Dents de Chien"

Um copo antes, mais dois durante o jantar e o restante ficaria para a sede do dia seguinte.

O produtor?   Domaine Vincent Girardin.

Quando levei a taça ao nariz pensei estar sonhando.

Poucas vezes percebi tantos aromas em uma taça de vinho.

Ótima escolha!

Nariz envolvente onde o mineral, o floral e o cítrico se alternavam, constantemente, quase competindo entre si.

Boca harmoniosa, envolvente e com um belo, refrescante e longo final.

A satisfação foi tão grande que nem me lembrei do "faquiriano" jantar de 50 Euros: Um minúsculo paté de foie gras de canard (no máximo 10 gramas), três coxinhas de rã, não maiores do que 3 azeitonas, que tentavam enfeitar, sem sucesso, uma posta de salmão de cinco centímetros.
 

 Porções liliputianas + cozinha pouco inventiva + preços exagerados = "Le Montrachet? Adeus".

A noite valeu pela "descoberta" de mais um belo vinho.

No dia seguinte, o café da manhã, no B&B da Maria, compensou as perdas de energia do dia anterior e me deu ânimo para visitar as vinícolas da região.

Sem delongas procurei a Domaine Vincent Girardin e a encontrei nos arredores de Meursault.

 
Grande vinícola, fachada moderna e imponente.

"Toque a campainha antes de entrar".

O aviso, claro e didático, foi seguido fielmente.

Toquei a campainha, abri a porta e entrei no saguão, mal iluminado, da "Domaine".

Da escada, em caracol, bem no meio do local, desceu uma mulher alta, elegante, "iceberguiana"
 

 A rainha de gelo parou alguns degraus acima do solo e, do alto de seu pedestal e com a cordialidade de uma hiena irada, perguntou o porquê de minha visita.

"Gostaria de comprar algumas garrafas"

Com a mesma cordialidade anterior, mas denotando, também, desprezo e superioridade, a madame informou que não vendia para particulares e que poderia encontrar, se assim quisesse, suas garrafas na "Le Caveau Municipal de Chassagne Montrachet".

Agradeci e, antes de mais uma rosnada, saí correndo , entrei no carro e...... Até nunca mais.
 
 

Na "Caveau" encontrei o Saint Aubin "Les Murgers de Dents de Chien", da Girardin, por 25 Euros

 Lembrei da qualidade do vinho e conclui que o preço era razoável, assim, 6 garrafas da Domaine Vincent Girardin foram para o porta malas do carro.
 
 

Grande vinho, boa compra.

Na próxima matéria "Borgonha Nunca Mais" abordarei a dificuldade para comprar vinhos em janeiro.

Bacco

 

 

Um comentário:

  1. Ciao, pragas.

    Dificil ter tudo na vida. Ao menos no rio grande somos bem recebidos pelos produtores e podemos comprar tudo direto da vinicola.

    O criola dificil, tcham.

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