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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O JULGAMENTO DE PARIS




Quando um amigo me enviou a ridícula matéria do Leitão repassei para o Dionísio rebater, mas reservei, para mim, a análise da ultima parte em que o blogueiro brasiliense faz a apologia do "Julgamento de Paris" e dos vinhos californianos. 

Não consigo aceitar, passivamente, o inexplicável, inquestionável,  dogma, os donos da verdade absoluta, o milagre etc. etc. etc.

Um exemplo: Só acreditarei em milagre quando um santo, milagreiro, divindade, ou quem quer que seja, consiga fazer "renascer", em um aleijado, uma perna, um braço, um dedo, uma orelha ou qualquer outra amputação.
 

Para mim, tudo é questionável, tudo é explicável.

O inexplicável, de hoje, um dia será explicado.

Divindades?

Nem pensar...

Considero os "deuses" , as sumidades do vinho, aqueles que alardeiam sapiência e conhecimentos infinitos, apenas espertinhos que se aperfeiçoaram na arte de influenciar e, muitas vezes, enganar consumidores eno-bovinos.

Confesso desprezar solenemente (desprezar, no sentido de não levar em conta) as opiniões de Parker, Spurrier, Robinson ou de qualquer "papa" do vinho.

Eu estou convencido que nenhum "papa" do vinho resiste a uma boa grana....... Onde há dinheiro há petrolão.....

Um pouco de história
 
 

Steven Spurrier nasce em 1941, entra no mundo do vinho em 1964, se transfere para Paris em 1970, em 1973 abre a "Caves de la Madeleine" e, em 1976, organiza o famoso "Julgamento de Paris".

Spurrier é elegante, preparado, fino, um verdadeiro "dandy" inglês.

Spurrier, que ama os vinhos franceses, os conhece e tem queda especial pelos bordaleses, por uma misteriosa razão resolve promover o badalado "Julgamento de Paris".
 
 

A versão oficial, de que Spurrier pretendia homenagear o bicentenário da independência americana e introduzir os vinhos californianos na França, tem a mesma dose de verdade de que o nosso espumante é o "Segundo melhor do mundo".

Há anos tenho perguntas, mas não consigo obter respostas, convincentes, sobre o famoso julgamento.

Tenho muitas reservas e sérias duvidas sobre a autenticidade dos "concursos vinícolas", decidi, então, pesquisar para obter informações que pudessem me convencer da lisura e seriedade do "Julgamento de Paris".
 

  Mais pesquisei e mais cético fiquei.

Algumas informações:

Ao lado da "Caves de la Madeleine", Steven Spurrier e Patricia Gallagher abrem a escola de degustação "L'Académie du Vin".

Frequentada, especialmente, por ingleses e americanos "L'Académie du Vin" se transforma em um espaço cult e promove, quatro vezes por ano, degustações dos mais famosos vinhos franceses dando, sempre, ênfase para etiquetas de Bordeaux.

 

Algumas curiosidades.

 É pouco divulgado, mas na Califórnia, onde se concentra 90% da produção americana, o vinho representa um faturamento de quase 23 bilhões de dólares (quase o dobro do que fatura Hollywood).

Os Estados Unidos são os maiores consumidores do mundo e, também, o quarto maior produtor de vinhos, depois da França, Itália, Espanha.

As etiquetas americanas, até o "julgamento", raramente ultrapassavam U$ 6/7.
 

Hoje, o preço de inúmeras garrafas californianas, supera facilmente U$ 100.

Um hectare de vinhas, em Napa Valley, custa um milhão (ou até mais) de dólares.

Robert Moldavi, depois da publicação do resultado, disse:

"A degustação de Paris foi, para a história do vinho californiano, um evento crucial e que nos inscreveu, de forma nítida, no mapa das grandes regiões vinícolas do mundo".
 

Os vinhos californianos premiados, após a divulgação do resultado, sumiram das prateleiras das enotecas americanas.

Deu para perceber os interesses e a enorme quantidade de grana envolvida? 


Deu para perceber que o "Julgamento de Paris" não foi apenas um  simples e inocente "capricho" do Spurrier?

Depois de pesquisar, ler artigos, analisar e pensar, concluí que em 1976 foi bolada uma tremenda e genial jogada de marketing.

Não tenho duvida que uma grana preta movimentou o evento e tiro o chapéu à genialidade e ousadia dos produtores californianos.
 

"Após o Vendaval" será minha próxima matéria com mais informações sobre o assunto.

 Espero que o nosso Leitão, depois de ler B&B, tome uma decisão inteligente: Aprenda a se informar sobre vinho ou abandone, definitivamente, a ideia.
 

 Bacco

 

 

 

8 comentários:

  1. Parla, Ba.

    Algumas coisas me tiram a vontade de ir a aula de yoga himalaia; uma delas he a mania que o Estevao Spurr-ier tem de nomear varios vinhos como o melhor disso, o melhor daquele pais, a melhor tinto do novo mundo, o melhor blah blah.

    Obvio que o cara aparece no bananal convidado ($$) para paineis de degustacao que tem vinhos nacionais e so vai falar maravilhas. Aguardo o julgamento de anita garibaldi com champagne x nacionais. "Nao vai ficar pedra sobre pedra" (Dillma Moucreff).

    Auguri, bastardo.


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    1. grazie degli auguri. Seu sarcasmo consegue ser maior que o nosso.Vc deveria escrever no blog

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    2. opa! vou começar agora mesmo a campanha por um blog Bacco & Bocca & Dionísio & JR.

      já até fiz uma camiseta: http://imgur.com/vj0pm5Z

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    3. escrever com a pura e sola intencao de ser sarcastico, acredito que nao de em muito. voces sabem muito do vinho e tudo que orbita nele, quem sou eu para escrever na mesa ao lado. me recolho a minha posicao de eventual observador e inconformado com o lixo do "seromano" que somos.

      devo ir a querida bota em maio ou fins de abril. se estiver alguem de voces por la, eu dou uno ciao.

      gostaria de escrever um roteiro para uma mini-serie (6 capitulos, nao mais) sobre o mundo dos sommerdiers, viticultores, criticos( -- main plot-- ) alem das malandragens do dia a dia. veremos se sai alguma ideia que preste.

      amazon e netflix estao ai. se ninguem aceitar, youtube feito com celular!

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  2. Esses concursos estão cada vez mais desacreditados. Agora tem até julgamento do yakult (o pior é que é verdade).
    Eu já bebi algumas vezes o famigerado vinho do julgamento de Paris. Nenhum era da mesma safra do "julgamento", mas já deu para conhecer o estilo e a qualidade. Ele foge do estilão carregado da maioria dos Chardonnay americanos. É um bom vinho, mas longe de poder ser comparado a bons (nem digo grandes) brancos borgonheses. Por 50 obamas acha-se coisa melhor da Borgonha, e até de outros locais.

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  3. Alguns vinhos de concurso merecem a repetição em forma de peidos..
    Indigestos, bombados, pura indigestão.

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  4. Apenas uma ressalva: Hollywood fatura anualmente 50 bilhões de dólares.

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