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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O ENÓLOGO I



Bernardo, amigo e sommelier, ainda, acredita no lado poético do mundo do vinho e na pureza de alma dos enólogos.



Bernardo, num momento de eno-lirismo-doçura, postou no "Face" a foto/comentário, do cabeçalho, de lavra do Ernesto Catena.






Como de costume, comentei e dei a minha opinião sobre a figura do enólogo.
Minha opinião está distante, anos-luz, da melosa afirmação o do Ernesto Catena.

O Catena é produtor de vinhos e, como todo bom vendedor de garrafas, exalta a figura do enólogo.

O enólogo é garantia de grandes vinhos (hahahahaha) especialmente se for funcionário da Catena.

A verdade, porém, é bem outra e pretendo demonstrar.


A figura do enólogo "pop star", "consultor", "winemaker", nasce nos anos 1980.


Até o então os enólogos eram apenas profissionais, tecnicamente e cientificamente preparados, que cuidavam do plantio, colheita, vinificação, engarrafamento, ou seja, de todas as fases da produção do vinho, nada entendiam de marketing e nem eram caixeiros-viajantes.

A figura do "winemaker", que durante duas longas décadas, deslumbrou os eno-tontos, em todos os cantos do mundo, sempre foi além, sempre foi algo mais.

O moderno "winemaker" inventou o vinho "internacional" e ajudou a criar um exercito de imbecis que nunca chiava, aliás, achava "in", "fashion", "normal", pagar, por vinhos sem personalidade e todos iguais, verdadeiras fortunas.

Os Rolados Leros produziam fotocopias vinícolas, quase sempre, com as doces e manipuláveis, Merlot e Cabernet Sauvignon, em todos os cantos do mundo.

Os vinhos "internacionais" invadiram a Itália, Espanha, Portugal, Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Chile, Argentina e, pasmem, até no Brasil.

"...... E, se mais mundo houvera, lá chegara"


Ainda bem que o mundo acordou e o gosto vinícola mudou, radicalmente e para melhor.

O "winemaker" já não é idolatrado como um Messias (no Brasil ainda é: Se o Rolando Lero, de passagem pelas colinas do sul, soltasse um pum, o pessoal da AB$,$BAV, Bilu-Didu-Tetéia e 98,78% dos críticos de vinhos desmaiariam de prazer e emoção) e ninguém mais suporta os vinhos-sucos-de-madeira, densos, impenetráveis, mastigáveis e rigorosamente iguais (bebeu um, bebeu todos).


A moda mudou para melhor?

Em alguns casos, sim, em outros nem tanto...

Os sem "enólogo star", os "órfãos de Roland e companhia bela", tentaram emplacar soluções mais baratas e caseiras: vinhos biodinâmicos, biológicos, naturais, laranjas e outras porcarias inomináveis.



No final, dos copos, o que sempre prevalecerá será o bom e genuíno (nada a ver com o petralha...) vinho que deverá expressar sua verdadeira identidade e seu território.

Os consumidores já não aguentam beber garrafas-xerox, caras, muitas vezes medíocres e sempre imitando ou competindo com os vinhos franceses.


Os enófilos inteligentes já não querem beber garrafas fáceis que agradam de imediato, mas cansam.

Os bons de copo buscam vinhos que exprimam identidade, personalidade e território.

O consumidor cansou de muito enólogo e pouco vinho, de muita adega e pouca vinha....

O enólogo, na Europa, já não é venerado, seus vinhos de adega já não agradam tanto e nossos ex herói já não consegue produzir garrafas que atinjam preços astronômicos (somente turistas idiotas, ainda, pagam quase 400 Euros por uma garrafa de Masseto). 



O enólogo está voltando às origens.

O enólogo volta a fazer vinho, apenas vinho e deixa de ser a prostituta nas penumbras das adegas.


Será?

Na próxima matéria haverá mais "será?".


Dionísio 

2 comentários:

  1. Grande post. Batido, mas importante repetir esse tipo de coisa. É como reportagens e denuncias que mostram os trambiques de todos governos e governantes e asseclas. Enche o saco acompanhar tanto escandalo, mas é necessario. Estao nos roubando do nosso presente e futuro.

    Reforço que se voce trocar o nome Rolando Lero por qualquer outro estrangeiro que venha falar de qualquer assunto e trocar Didi Bilu Teteia e as associacoes de sommerdiers da vida por outras associacoes, da na mesma. O vira-latismo submissivo por um estrangeiro é uma das piores qualidades que os trouxas tem no Bananal.

    Grande post. É parte crucial do nosso trabalho catequizar os inocentes e desavisados sobre os pessimos vinhos que estao por ai. E olha que da um trabalho convencer um burro egomaniaco....

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  2. João , vc tem razão : O assunto é batido ,mas ,mais uma vez, como disse, é preciso alertar . Impressionante o número de picaretas que aparece todos os dia. Aguarde a próxima matéria para ver as sacanagem dos "enólogos".

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