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terça-feira, 16 de setembro de 2014

2014 - BOM VINHO?



A vindima de 2014, até o presente momento, já está sendo considerada, pelos viticultores, como uma das piores da década.

Quando um produtor admite, que a safra enfrenta problemas, podem escrever: O vinho deixará muito a desejar.

Em meu último fim de semana, passeando pelas terras do Barolo, pude constatar o desânimo que tomou conta de muitos viticultores.

“Choveu demais, não fez calor suficiente, o sol foi pouco.  Eu nem lembro de quantas vezes tive que pulverizar as vinhas”.

Esta queixa, de um amigo e produtor de Barolo, era repetida por todos os outros viticultores.
 

A pá de cal, sobre a safra 2014, foi jogada por um dos maiores e mais bem sucedidos produtores da região que encontrei, casualmente, na “Vinoteca Centro Storico” em Serralunga D’Alba.

Alessio, proprietário do wine bar, me apresentou o empresário.
 

 Após os cumprimentos de praxe, o meu novo conhecido, foi logo disparando; “Este ano vamos desengavetar os concentradores…”

Vendo minha expressão de susto, continuou: “Tem colegas que apostam em dias de sol e estão postergando a colheita. É uma aposta arriscada e se chover, como tem acontecido, se perde tudo. Ontem, com a minha equipe, vindimei, transportei para a adega e esmaguei o equivalente a 100.000 garrafas e ainda falta espremer uva para mais 500.000. Em uma semana acabo. Já sei que o álcool não chegará aos 12º e então usarei o concentrador e muitos farão a mesma coisa”.

Não adianta perguntar.... Não direi o nome do produtor e nem revelar o nome do vinho das 600.000 garrafas, mas posso informar que a safra será problemática para todos os brancos da região, para o Dolcetto e Barbera.

O Barolo (Nebbiolo), com sua casca mais grossa e vindima prevista para outubro, sofrerá menos, mas esqueçam grandes garrafas.

O velho e bom concentrador, tanto amado pelos Parker, Michel Roland e seus seguidores, está de volta......
 

Por falar em Roland-Lero o produtor, ao sabem de minhas origens, perguntou se eu conhecia a Miolo.

Respondi, quase envergonhado, que infelizmente, sim.

Meu novo amigo continuou:” Certa vez um grupo de viticultores participou de uma degustação às cegas. Havia produtos de várias origens e nós deveríamos acertar os pais de produção. Aquele que errasse deixaria disputa e o último ganharia o jantar. Muito bem todos foram excluídos já no primeiro vinho. A garrafa era de um vinho brasileiro: “Lote 47 da Miolo”.
 

Corrigi a numeração e o piemontês continuou: “Sim, você tem razão, era Lote 43 e todos erramos quando o classificamos como sendo de Bordeaux”.

Levei um susto e perguntei: “Era tão bom assim?”

“Não, era apenas regular. Afinal nem tudo em Bordeaux é excepcional. Acontece que nunca pensamos no Brasil quando se fala em países produtores. O que nos levou a pensar em um vinho bordalês foi o “estilo Michel Roland”: Vinhos todos iguais, padronizados e sem personalidade”.

Olhei para o viticultor e desconfiado, pensei: “Esse cara andou lendo B&B.......”

Aguardem: Já, já tem mais de Roland-Lero e Parker.

 

 

  

Um comentário:

  1. Uma pena em relação à safra desastrosa. E também em relação ao concentrador. Como ainda têm um destes? Não foram todos exportados para a Argentina e Chile?
    Aguardo as novidades sobre o Miguel En-Rolland e Peter Parker.
    Salu2

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