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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

FREISA II


 


A Freisa, casta tipicamente piemontesa, pode ser encontrada em quase todas a províncias da região.

A Freisa é uma casta rustica, prefere terrenos acidentados (colinas), aguenta secas prolongadas e resiste bem à doença (exceto o oídio).

A Freisa, que já teve seus momentos de glória, passou por um período de quase abandono e esquecimento e, atualmente, reinicia uma trajetória de ascensão e redescoberta.

Difícil a Freisa!

Um vinho que não conhece meio termo: Ou você ama ou detesta.
 

Se você detesta, prova uma vez e foge à simples menção de mais uma taça, seja ela de Freisa frisante, tranquila ou doce (muito difícil de encontrar).

Se você ama, quando a encontra, em uma carta de vinho, é a primeira escolha.

Uma coisa porém deve ser salientada: Gostando ou não, a Freisa não é um vinho que passa despercebido, a Freisa é um vinho marcante.

Apesar da difícil comercialização, pouca penetração no mercado, consumida apenas (quase 100%) no território piemontês, um exército de renomados produtores, especializados em Barolo, tem verdadeira paixão por esta casta.
 

Giuseppe Rinaldi, Vajra, Bartolo Mascarello, Cavallotto, Giuseppe Mascarello, Gianni Voerzio, Brezza, Gigi Rosso, Brovia, Coppo etc. são alguns pesos pesados da viticultura piemontesa que adoram a Freisa e, mesmo sabendo de seu limitado sucesso comercial, a vinificam com orgulho e prazer.

A Freisa tem seu público cativo e fiel: Martinelli e eu somos fãs de carteirinha.

A casta é emblemática de duas regiões vinícolas:  Monferrato e a província de Torino.

Na província de Torino a casta ganha a denominação “DOC Freisa di Chieri”
 

A Freisa pode ser frisante ou normal (ferma), seca ou doce (quase ninguém mais a vinifica nesta versão) e entra na composição de muitos vinhos do Piemonte, Barbera e Grignolino em primeiro lugar.

As puristas certamente discordarão, mas minha preferência recai, sem dúvidas, na “DOC Chieri”, versão frisante.

Viva, fresca, com sua espuma alegre que emana aromas de   violetas, sua cor rubi brilhante, a suave veia tânica, seu sabor de rosas e framboesa, a Freisa é uma festa para os olhos e paladar.

No verão italiano é excelente, também, como aperitivo.

Não excessivamente alcoólica, quando degustada fresca (14/15º) é um perigo: É quase impossível parar de encher o copo....

Sem mais delonga, uma preciosa dica: Alguém conhece Cocconato?

Acredito que nenhum de nossos renomados sommerdiers já tenha ouvido falar e nem saber do que se trata.

Cocconato é uma incrível aldeia da província de Asti.

Em Cocconato é possível admirar, em dias claros e solares, um dos mais fascinantes panoramas das colinas do Monferrato e dos Alpes Piemonteses.
 

Além de ótimos restaurantes, recomendo com entusiasmo o “Cannon D’Oro” e “Locanda Martelletti”, há muito endereço para beber e beber bem.

Procure um bar, (há muitos) escolha um que tenha mesas no terraço, peça um prato de salames locais, um punhado de “grissini”, uma garrafa de Freisa e relaxe.

Tenho certeza que, ao limpar o bigode avermelhado, que cada taça de Freisa lhe deixará nos lábios, brindará à saúde desta dica.

Viva a Freisa!

Em Cocconato e região, outros grandes vinhos, quase esquecidos, devem ser lembrados: Grignolino e Rubino di Cantavenna.

Se o salame for bom e de bom tamanho, a sede muita e a companhia boa, uma garrafa de Freisa antes, uma garrafa de Grignolino durante e uma de Rubinho di Cantavenna depois .......Bem, depois é melhor não dirigir.

PS. Antes que alguém, da AB$, queira me corrigir, esclareço que Freisa, Barbera, Bonarda, Albana, Vernaccia etc., na cultura popular piemontesa são femininas.

Quando alguém quer beber em um bar pede: “Uma Barbera, uma Freisa, uma Bonarda.....”

11 comentários:

  1. Excelente!
    Quando alguém me diz que um vinho é 8 ou 80, ame ou deteste, é quase certeza que vou amar.
    Salu2,
    Jean

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  2. Eu me divirto com uma vernaccia. Vergonha alheia? Acho que nao... o que tomei ate hoje foi bem interessante.

    A lamentar: Qualquer tauba (adoro escrever tauba) de salames, salsichas, queijos e afins na Italia custa menos que um passe de onibus (ou passe espirita) em SP ou RJ e diverte durante horas. E a qualidade??? Azar de quem nunca provou essas maravilhas.

    Inveja, no bom sentido.

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  3. Sei que o assunto é outro, mas parece que está surgindo um novo Waldston:

    "Almaviva 2010 - Melhor vinho da minha existência nesse mundo. Os aromas não são diferenciados: frutas do bosque e café. É na boca que esta lágrima dos anjos mostra seus encantos. A sensação mais similar que consigo descrever é de fogos de artifício, explosões de prazer na boca. As ondas de sabor vão se sobrepondo umas àas outras, inundando a boca de inúmeras sensações marcantes. É como se os sabores fossem se intensificando ao se combinarem, algo como uma fusão nuclear de sabores. Nunca havia sentido sensação semelhante em um vinho".

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  4. Respostas
    1. Acabei de ver na primeira página do enoblogs

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  5. Sensacional Bacco! Quando voltar a Itália, certamente procurarei outras Freisas (e possivelmente novas dicas da Maida).
    Abraço
    Eduardo

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  6. Bom dia amigos!
    História muito bem contada,fiquei com uma vontade muito grande em provar um vinho elaborado com a uva Freisa.Pesquisei e encontrei na Mistral R$ 383,00...vou me programar e ir a Italia e faço uma degustação nos produtores,acho que é mais inteligente.
    Um grande abraço.
    Roberto.

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    Respostas
    1. É um roubo! Uma boa Freisa custa , na Itália, 7/10 Euros.Mas me ocorreu uma coisa: É o Mondaccione da Coppo?
      Caso afirmativo é um roubo na Itália , também.

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  7. Pelo jeito o Sr. Matt Kramer, da Wine Speculator, nem o Sr. que ele cita, sabem que Freisa é feminina. Veja em http://www.winespectator.com/webfeature/show/id/50420:

    "The great American authority on Italian wines, Burton Anderson, long ago pointed out that where all wines in Piedmont, and elsewhere, take the masculine article (il Nebbiolo, il Dolcetto, il Freisa), only Barbera is accorded the feminine: la Barbera. It's a linguistic sign of affection".

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  8. Eles não sabem tantas coisas..... Não sabem , por exemplo que o Casanova di Neri 2002, que classificaram como melhor vinho do mundo, era falsificado com a adição de Cabernet Sauvignon e Merlot e provavelmente desconhecem que também a Bonarda , a Vernaccia, a Albana são femininos. Dante , que não lia Winespeculeitor , no capitulo XXIV do purgatório , escreve "...... purga per digiuno
    l'anguille di Bolsena e la Vernaccia". Depois de Dante, ninguém mais discute....

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