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terça-feira, 1 de julho de 2014

VINIDAMARE II


 


Quando um produtor quiser valorizar a apresentação e degustação de seus vinhos, causar (muito) boa impressão, realizar um evento, que será lembrado por longo tempo, deveria conhecer a “Villa Durazzo” e fazer dela seu palco.

O mítico e imponente palácio, sua localização, seus jardins, os salões ricamente decorados, as obras de arte que o enfeitam   e, finalmente, o panorama que se descortina de seus terraços, de onde se pode ver Santa Margherita, Portofino e todo o “Golfo del Tigullio”, é único.

Santa Margherita, por si só, já é uma cidade que transpira beleza, refinamento e sofisticação; ”Villa Durazzo” e tudo isso elevado a segunda potência.

Percorrer os salões da fantástica residência com uma taça na mão, bebericando tranquilamente, podendo degustar mais de 40 vinhos lígures, desembolsando apenas 10 Euros, foi experiência única e inesquecível.
 

Havia programado e limitado minhas degustações: Deveria provar os vinhos de meia dúzia ou, no máximo, oito produtores.

É bom lembrar que os viticultores sempre apresentam todas suas etiquetas e alguns expõem, para a degustação, até uma dúzia delas.
 

Pretendia apreciar alguns vinhos já conhecidos, para confirmar a qualidade do novar safras, e abrir o leque para outras 4 ou 5 novas etiquetas.

Nada além disso: Degustar mais, a meu ver, apenas aumenta o risco de um porre ou de “cozinhar” paladar e língua.

Paulo Cogorno, meu amigo e representante de vinhos, estava presente e, como sempre, me deu algumas dicas preciosas: “Não perca muito tempo...Va diretamente à ala dos vinhos das “Cinque Terre” e procure o balcão do Walter Battè e do Vétua”.

BATTÈ já é uma realidade consagrada, mas de “VÈTUA” nunca ouvira falar.

Esta matéria, a segunda da série, não  se prolongará para não cansar o leitor, deixando o epílogo para a próxima semana.

Falarei, agora, dos vinhos que já conheço e recomendo, deixando para o final (próxima semana) a avaliação dos três produtores que mais me impressionaram. 

Vinhos lígures que realmente me agradam e que indico com prazer: Rossese di Dolceacqua Ka Mancinè
 

Maurizio Affonso já frequentou as páginas de B&B com seus 2 Rossese: Geleae e Beragna.

Bebi os vinhos de Maurizio, pela primeira vez, quando acompanhava um grupo de brasileiros pelo interior da Ligúria, mais especificamente, em Triora.
 

Maurizio estava entregando, ao proprietário do ótimo hotel “La Colomba D’Oro”, algumas caixas de seus vinhos.

 Quando soube que eu vinha do Brasil, gentilmente me ofereceu uma degustação de todas suas etiquetas.

Eu, que já acreditava não mais poder encontrar um verdadeiro Rossese di Dolceacqua, fiquei paralisado: Aí estava um produtor que vinificava, um dos raros tintos lígures, respeitando o terroir, a casta e a tradição.

No “VINIDAMARE” pude confirmar que Maurizio continua trabalhando com seriedade e seus Rossese di Dolceacqua são os melhores da Ligúria.

O “BERAGNA” produzidos com uvas do cru homônimo é mais leve, mais fresco, se faz beber com facilidade.
 

 É um vinho perigoso: O prazer que se revela, ao degusta-lo, leva ao entusiasmo, ao excesso e ao porre.

O “GALEAE” toma emprestado o nome do outro cru de Maurizio.

O “GALEAE” é mais encorpado, estruturado, mais importante, diria, do que eu seu irmão “BERAGNA” e deve ser consumido acompanhando algum prato da cozinha local.
 

De um extremo ao outro.....

O Rossese Ka Mancinè é produzido quase na divisa da Ligúria com a França e o Vermentino dei Colli di Luni, de Ottaviano Lambruschi, nasce nas colinas que separam as terras lígures das toscanas.

Ottaviano, trabalhou durante décadas nas minas de mármore da vizinha Carrara.
 

Cansou da pedra, comprou, nos anos 70, dois hectares de ótima exposição e plantou vinhas.

A partir dos 90 o filho Fabio assumiu a vinícola e com cuidado quase maníaco, produz 30/35 mil garrafas de vinho (aquela anta, jornalista do Correio Braziliense, classifica a Carraro, com suas 300.000 garrafas, uma vinícola “boutique”…)

O Vermentino “SARTICOLA” vinificado com uvas do cru homônimo, é para mim, apesar de ter percebido, na degustação de Villa Durazzo” uma pequena e desnecessária adição de leveduras selecionadas, o melhor Vermentino da região.
 

O vinho não é difícil de ser encontrado nas enotecas lígure e seu preço oscila entre 12/13 Euro.

Recomendo com entusiasmo safras mais antigas (06/07/08) não contaminadas, ainda, com as leveduras selecionada.

O Vermentino Sarticola de Ottaviano Lambruschi continua sendo um bom vinho, mas, devo confessar, já foi melhor.

O belíssimo Rossese di Dolceacqua Ka Macinè é encontrado nas enotecas por 13/15 Euro.

Bacco

 

11 comentários:

  1. não sei o que invejo mais, Bacco... se o ambiente ou se os vinhos degustados. aguardo ansioso pela terceira parte!

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    1. Aposto que ele inveja a sua idade. Poucos conseguem tudo ao mesmo tempo.

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    2. A minha idade , motivo de inveja ? Não creio.... Para conseguir meu estilo de vida basta planejar e parar no momento certo.

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  2. Vida dura!!!! Coitado.

    Enquanto isso eu tomei hoje MAIS UM chileno sauvignon blanc com maracuja que parecia feito de saquinho em po. Um horror por R$ 90.00.

    Vai comendo, Raimundo...

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    1. Você é masoquista? Sauvignon chileno? Chegou quase ao fundo do poço que é o (Scar)Faces da Cararo
      Dionísio

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    2. Dionísio, teve um sauvignon chileno, o Tamaya, que você chegou a recomendar no site antigo, não?

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    3. ah não, acho que esse Tamaya era chardonnay.

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    4. Meramente obrigacao profissional. Deixou uma boa dor de cabeca na patroa.

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    5. Realmente certa vez comentei que o Chardonnay Tamaya ,preço qualidade , era bebível, mas nada além disso.
      Tenho o maior dó e respeito pelo seu seu fígado.

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  3. Grande Bacco!! Isso que é vida!

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