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terça-feira, 13 de maio de 2014

MILLESIMO


 

Quanta vezes sai da autoestrada, bem na entrada de Millesimo, sem nunca pensar em dar uma paradinha para conhecer a aldeia?

 Não sei.

Certamente centenas.

Quando de Chiavari me dirijo até Alba, ou resolvo visitar Martinelli em Vicoforte, invariavelmente deixo a rodovia em Millesimo, subo até Montezemolo e percorro as estradas secundarias.

O tempo perdido, nas estradinhas cheias de curvas perigosas, é largamente compensado pelo fantástico panorama que se descortina a cada instante.

Doces colinas, campos floridos, aldeias de sonho (Sale San Giovanni merece uma rápida parada), natureza preservada, os Alpes, nevados e no horizonte, emoldurando todo o conjunto, são belezas naturais que alegram até os mais cansados e exigentes olhos.

Todos esses apelos, raros e belos, contribuíram para que eu desprezasse, sempre, a pequena Millesimo.

Semana passada, sem um motivo claro, um estranho desejo: Antes de prosseguir viagem, ao sair da autoestrada, entrei em Millesimo.

Falta de imaginação e pouca curiosidade me distanciaram, durante longos anos, de uma beleza que releguei, estupidamente, a segundo plano......

Pequena (pouco mais de 3.000 habitantes) Millesimo conserva um centro histórico importante, belos traços medievais e uma tranquilidade, quase contagiante, de fazer inveja à tradicional baiana.
 

Belos bares, poucas lojas, ruas calmas e limpas, pequeno rio margeando a aldeia, resto de ponte do século XIII; Millesimo é importante centro gastronômico que abriga, creiam, até restaurante estrelado Michelin.

Em final de setembro, assim como na mais badalada e mundialmente conhecida Alba, Millesimo realiza sua “FESTA DEL TARTUFO”.

Tartufi e funghi são abundantes e podem ser encontrado com facilidade nas colinas que cercam a cidade.

 Funghi, tartufi, preparados pelos cozinheiros locais ou vendidos pelas ruas da cidade, atraem sempre mais e mais turistas.

O restaurante estrelado Michelin, “Locanda dell’Angelo”, fechado por repouso semanal, deverá esperar minha próxima viagem.

  Suas portas cerradas, todavia, serviram para me levar ao ótimo “PANTAREI”
 

Sob os pórticos medievais do centro histórico, o pequeno e aconchegante “PANTAREI”, merece ser mencionado.

Não mais que 8 mesas, cozinha regional com alguns toques inventivos, boa carta de vinhos, serviço cordial, preços de matar de raiva brasileiros sobreviventes de assaltos praticados pelos restaurante tupiniquins, o “PANTAREI” é uma válida e boa opção em Millesimo.

No ‘PANTAREI” vivi dois momentos distintos: Comi a pior galinha de Angola da minha vida, mas provei um dos melhores antepastos da minha, não exatamente curta, existência.

A coxa da galinha de Angola, ressecada, sem sal e sem aparência, foi esquecida e sepultada pela lembrança do extraordinário “Vitello Tonnnato” e da soberba “Caponata di Melanzane”.

Carne macia, ponto perfeito, molho de sutileza ímpar.... Um “Vitello Tonnato” para ficar na memória.

A “Caponata di Melanzane”, já na apresentação, prometia.

Prometia e cumpriu!

Na foto é possível perceber a composição do antepasto e, também, notar as anchovas no pratinho vermelho.
 

As anchovas, importantes na culinária lígure e piemontesa, são utilizadas em centenas de receitas.

Podem ser fritas, curtidas no limão, cruas, marinadas, etc. etc. etc. e, por isso mesmo, não surpreendem mais ninguém que viaje por aquelas regiões.

Não são novidades, concordo, mas as anchovas do “PANTAREI” não somente me deixaram de queixo caído como me obrigaram a levantar da mesa para cumprimentar a cozinheira:” Nunca provei anchovas iguais. Parabéns!”

A cozinheira, Lucia, sorridente e contente, (omiti a péssima galinha de Angola) retribuiu meu entusiasmo com mais um prato de suas anchovas que, literalmente, devorei.

Gran Finale: Dois antepastos, a galinha (argh) de Angola, meia garrafa de vinho Gavi, café = £ 26

Millesimo e Pantarei, mais dois endereços imperdíveis de B&B.

Bacco

 

14 comentários:

  1. muito apetitosas as fotos da comida, Bacco. tá aí mais um lugar que preciso conhecer.

    enquanto isso, nos EUA, olha o cúmulo do sabrage...

    http://virgula.uol.com.br/inacreditavel/curiosidades/apresentador-dos-eua-ensina-abrir-garrafa-de-champanhe-com-espada

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    1. Olhe esta
      https://www.youtube.com/watch?v=YWnm1Evrnus&index=10&list=UUk-Tx8y5To6EFjtTpeayWeQ

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    2. essa eu conheço... a clássica da escumadeira. ri pra cacete quando vi da primeira vez!

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  2. Um ótimo restaurante onde jantei várias vezes é o do hotel Locanda del Pilone, nas cercanias de Alba. Também estrela do Michelin e a cozinha realmente é muito boa, além de a carta de vinhos ser excepcional e com preços que considerei justos, pois quase equivalentes aos das enotecas. Muitos vinhos de safras já antigas, 96, 97 e diante. Vale conhecer.
    O hotel também é muito bom.

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  3. O restaurante trocou de cozinheiro há três ,mas continua ótimo.
    O antigo chef, Maurizio Quaranta, agora toca seu restaurante, o bem mais modesto "La Speranza" em Farigliano.

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  4. Prezados senhores do Board:

    Voces nao gostam do norte e do sul da Italia, includindo as ilhas? Aproveitem o tempo que (aparentemente) tem a disposicao. Pais inteiro lindo. E pitoresco....(mais ao sul vemos um pouco de ordem e progresso, elvira do ipiranga).

    Auguri, bastardi.

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    1. Gostamos ,mas Bacco que mora em Chiavari está ficando preguiçoso...

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  5. Quem pede meio vinho é meio gay rss. Não seria bem melhor pedir uma garrafa inteira, beber metade e levar a outra metade para degustar depois? Abços.

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    1. Quem fala degustar é fresco por inteiro. Vinho se bebe ou se toma.

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  6. Olá Bacco, belíssima matéria!
    Aproveitando o ensejo, conhece o BAROLO DOCG ROCCHE COSTAMAGNA DELL’ANNUNZIATA?
    Recebi uma promoção dessas lojas on line por email e,em breve pesquisa na internet, pareceu-me que se trata de um bom produtor.
    Desde já agradeço.
    Abraço

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    1. Não conheço o vinjo ,mas sei que é um pequeno produtor. Na Cantina Comunale di La Morra custa 28£

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    2. Obrigado Bacco. Acho que vou arriscar. Abraço

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