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domingo, 11 de maio de 2014

A MISTRAL NAO É A ÚNICA


 


Um leitor enviou o seguinte comentário:

........Até por conta da minha ignorância e inocência, por que chamam a Mistral de "importadora predadora?" Por causa dos margens vergonhosas de lucro? Quanto à precificação dos vinhos brasileiros, de fato algumas vinícolas exageram. Mas não creio que produzir um vinho de qualidade no Brasil custe pouco.......

 

Caro Anônimo, a Mistral foi citada apenas por ser uma das patrocinadoras do Didu Bilu “Secondo Me” Teteia.

Poderia mencionar qualquer outra concorrente da Mistral, mas a vocação para a predação seria exatamente a mesma.

 Os produtores de vinhos no Brasil metem a faca porque os importadores descem a lenha.

Se você inverter a frase acima, o resultado será o mesmo: Uns se apoiam nos outros para poder assaltar, sem serem incomodados, o consumidor brasileiro.
 

É uma vergonha sem fim!

Abri a página da Mistral, cliquei na Itália, depois Veneto e escolhi aleatoriamente um Prosecco do Adami Gica Brut

Preço Mistral: R$ 111,27

Em seguida abri um site italiano para verificar quanto   o Francesco, lá de Gallarate, gasta para refrescar sua cuca bebendo o mesmíssimo Prosecco.

O Francesco paga, por uma garrafa de Adami, £ 8,60 (R$ 25,80)
 
Veja:


Adami Spumanti Adami Bosco di Gica
Vitigno : Glera 95-97%, Chardonnay 3-5% Anno : n.d. Capacità : 75 cl Denominazione: BOSCO DI GICA Brut Valdobbiadene Prosecco...   8,60 Spese: n.d.
Totale
 
         

A Mistral vende, para o Zé, lá de Brasília, o mesmo produto com um acréscimo de módicos 320%.

Certo?

Não, errado.

A Mistral não compra o Prosecco Adami por £ 8,60.

A Mistral paga muito, mas muito menos pelo vinho.

Vejamos: As lojas italianas remarcam os vinhos, normalmente, com 100%

A conta é a seguinte:

 Custo vinho £ 4,30 + 22% IVA = £ 5,25 + 60% (pouco mais ou pouco menos) obtemos os 8,60 que o Francesco pagou pelo Prosecco Adami.

A Mistral, que compra em grande quantidade, certamente não pagará £ 4,30 pelo vinho e nem desembolsará os 22% do IVA.

Para a Mistral o Prosecco do Adami custará, já no contêiner e na pior das hipóteses, £ 4,00 (R$ 13).

De R$ 13, da compra, para os R$ 111,27 da venda o caminho é longo e lucrativo.

Caro Anônimo, pode culpar os impostos quanto quiser, o custo Brasil quanto desejar, alegar que o Didu Bilu “Secondo Me” Teteia bebe vinhos da Mistral sem parar e de graça, mas você não acha que 760% de acréscimo são exagerados?

 

Mais uma coisa: Você acha que no Brasil produzir vinhos, de qualidade (mais que duvidosa), custa muito?

Aguarde a próxima matéria sobre o Champagne é verá qual o tamanho da ladroagem praticada pelos nossos insaciáveis produtores de vinho.

 
Dionísio

13 comentários:

  1. Muito interessante a análise e ao mesmo tempo revoltante se a rentabilidade for realmente essa. Lembra a recente discussão entre o BoicotaSP com o Olivier Anquier que disse: "se tem quem compre um ovo de 200 reais, não há problema algum, ninguém tem nada a ver com isso". Por outro lado, fico me perguntando a razão de algumas importadoras grandes estarem em crise (exemplo da EXPAND) ou terem sido vendidas (caso da TERROIR) nos últimos anos. Seria má gestão ou simplesmente os custos no país são caros? Será também que o baixo consumo de vinho no país não permite que o importador tenha um lucro aceitável se fosse vender a preços mais em conta? ou os preços assustam o consumidor que acaba consumido menos?
    Ricardo S.

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    1. A Expand quebrou , faz tempo, por má gestão e pela personalidade megalômana de seu proprietário.
      O baixo consumo do vinho está intimamente ligado ao altíssimos preços praticados no Brasil.

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    2. Já culparam os impostos (60% sobre R$15,00 = 8,00, dava pra vender a 50,00 com bom lucro), o frete (favas, não sai a EU$0,30/garrafa), agora mais recentemente culpam o consumidor. Eu prefiro chamar de gula, uma gula voraz sobre cada garrafa impede que mais garrafas sejam vendidas.

      Dou um exemplo o vinho Argento, vinho simples de Mendoza que era vendido pelos predadores a R$40,00 e quando em grande promoção por R$34,00, pois bem a WalMart negociou diretamente com os donos, compraram TODA PRODUÇÃO e colocaram a mesma garrafa por R$11,00 nas prateleiras, e não venham dizer que a WalMart é benemérita pois ela lucra e muito.

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    3. Baixo consumo do vinho continuara mesmo com precos melhores. Ha varias pesquisas de mercado que mostram isso. Quer vender o (querido dos neo-eno-trouxas) Mau-lamos 25.00 ou a atuais 45.00? Consumo continuara o mesmo ou piora, visto que vinho ainda eh artigo de ostentacao (de sabedoria ou de dinheiro).

      Olhem ao redor: Qualquer produto importado com ou sem concorrente no pais custa muito muito muito mais caro aqui do que na origem. Concordo com B&B&D: Os impostos e o custo Brasil (greve em porto, despachante bandido que pede propina para fiscal bandido, transporte interno, selo de garrafa, custo do comerciante varejista, encargos trabalhistas) nao podem justificar as marcacoes praticadas na Republica Federativa do Bananal.

      Enquanto isso o consulado americano processa mais de 2.000 vistos em SP ao dia. O dinheiro da Zelite e ate da classe media vai para os bens comprados nos USA feitos na China, Pakistan.

      Em relacao ao ridiculo Bilu Teteia: Haja dinheiro mal utilizado. Eu duvido que esse cara (assim como outros) de retorno. Nao importa (sem trocadilho) o tanto que seja o patrocinio ou as garrafas enviadas semanalmente.

      Outros blogueiros que sao patrocinados dao pouco retorno em que pese o bla bla bla deles tentando erguer os produtos do importador ou produtor que no presente se apresenta como patrocinador (os banners sao discretos e ate parecem que nao sao patrocinio).

      Para entreter os pais de criancas novas: Mao do Hulk nos USA = USD 15.00. A mesma mao na Banania = R$ 190.00.

      Chupa mistral, tem que aprender muito ainda com os predadores maiores.

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    4. Eu acho que o trabalho dos blogueiros dá resultado, sim! Ainda que pouco significativo, afinal, o consumo de vinho no Brasil é ínfimo. Não nos esqueçamos de que ele beira os dois litros per capita ao ano, sendo que a maior parte disso corresponde a vinhos de mesa.
      Ainda assim, é cada vez maior o número de pessoas interessadas em conhecer, estudar e em provar vinho. Eu, por exemplo, sou jornalista e posso garantir que meus amigos jornalistas, que não são exatamente bobos ou desinformados, não entendem nada do assunto, apesar de gostar de vinho e de manifestar vontade de saber mais. Sempre que organizamos festinhas onde a cada um cabe levar uma garrafa, meu deus! É um festival de Reservado da Concha Y Toro que eu vou te contar! É por isso que qualquer curso ministrado por sommelier recém-formado bomba! "Em terra de cego quem tem um olho e rei".
      Eu, antes de ser capaz de fazer minhas próprias escolhas, recorria aos blogs. E ainda hoje os consulto. Afinal, quem quer apostar às cegas 50 reais, que seja, num vinho sem nenhum antecedente, só com base no que se lê no rótulo? Então, eu acho sim que blogueiros, bons ou ruins, experientes ou não, vendidos ou não, simplesmente por ter dez centímetros de conhecimento além da maioria, influenciam decisões de compra. Porque simplesmente não há outras fontes onde buscar referência.
      Eu já disse num post anterior o quanto gosto deste blog e o quanto aprendo com ele, não apenas sobre vinho, mas sobre seus personagens e o contexto no qual ele está inserido. Mas, B&B, vocês só comentam vinhos impossíveis! Ou caríssimos aqui, ou que jamais chegarão a estas bandas. Como leitora assídua, quero continuar lendo tudo o que têm a dizer, mas gostaria que escrevessem também textos sobre vinhos que nós, jornalistas padrão, mas não só, possamos provar.

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    5. Impossíveis , no Brasil , sim ,mas caríssimos não. Já comentamos vinhos italianos , portugueses e alguns franceses (Côte du Ventoux) não ato caros que podem ser encontrados no Brasil.
      Não comentamos vinhos todos os dias e em quantidades insanas ,mas as garrafas indicadas são sempre baratas , fáceis de encontrar e que deveriam fazer parte da bagagem na volta de uma viagem à Europa.
      Pena que tenhamos deletados mais d 1.000 matérias de B&B . Havia nelas bias indicações.
      Além do Côte du Ventoux , procure o Redondo , O redondo é um ótimo branco português e custa pouco mais de 20 R$.

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  2. O comentário em questão foi desta anônima aqui. Condordo contigo em quase tudo. O preço do vinho no Brasil é uma vergonha e um fator limitador do consumo e da popularização da bebida por aqui. Em restaurante, então, nem se fala! Há muito tempo desisti de beber fora de casa porque não vou permitir que me façam de otária. Essa gente se vale da "emergência" de brasileiros que acreditam que quem paga mais bebe melhor. O vinho caro, na visão do sujeito, é um passe ao mundinho glamouroso do qual o emergente tanto quer participar. E o que eu vejo entre a maioria dos blogueiros que escreve sobre vinho é exatamente a tentativa de manutenção desse status quo. Se o vinho for desmistificado ele deixa de ser objeto de desejo. Aí, nem "ex-pobre" vai querer.

    Em relação aos vinhos brasileiros, a minha experiência é a seguinte: tenho insistido em prová-los, com algumas boas surpresas. O problema é que são caros, e pelo mesmo valor você acaba comprando um importado que já conhece, de um país já consagrado na produção de vinho. E se o gringo chega aqui ao mesmo preço do brasileiro de qualidade parecida, significa que o nacional poderia, sim, custar menos. O pior, é que na porta da cantina você não paga mais barato, como acontece em outras regiões vinícolas mundo afora. Aí, eu penso "poxa, o cara vende mais barato para quem vai distribuir, mas a preço de distribuidor pra mim!" Claro que estou me referindo a vinhos disponíveis no mercado brasileiro e a preços que posso pagar. Enfim, é isso!

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  3. Há muito tempo também não bebo em restaurante. A gota d'água foi quando um proprietário de restaurante tentou me explicar, matematicamente, porque um vinho de 40 reais tem que ser vendido a 80 num restaurante. Quando mais ele falava, mais eu perguntava, e menos ele explicava. Até chegar na épica frase: "Você não entende. Simplesmente não tem como vender um vinho de 40 reais por menos de 80". Simples assim, sem porque, sem explicação. Realmente, não entendi no momento, e continuo sem entender.

    Vinho nacional, tentei um pouco mais. De vez em quando ainda compro uma garrafa. De bobo que sou. Mas toda vez é a mesma coisa: vinho que custa mais do dobro que vale.

    A conclusão é essa mesma que o anônimo disse acima: Quem quer a popularização do vinho? Quem quer a desmistificação do vinho? A verdade é que ninguém quer isso, só os consumidores. Enquanto for possível manter os altos preços, eles serão mantidos. Enquanto for possível enfiar na cabeça do consumidor que vinho bom tem que custar mais de 150 reais, e "não tem como" importar por menos, é isso que vai acontecer.

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    1. Ha uma forte recessao (retracao, crescimento negativo) no mercado do vinho. E alguns motivos nao sao dificeis de serem localizados:

      Mas o principal motivo, numero 1 secondo me foi o consumidor que se tornou consciente que era explorado e passado para tras pelos predadores ou pelo custo brasil. Vinhos que € 5.00 chegam as prateleiras por R$ 80.00. Eles se revoltaram e passaram a trazer vinho de fora ou simplesmente tomar outras coisas.

      Vai vender vinho para europeu ou sul/norte americano p/ ver o quanto eh facil (nao eh). O povo nao paga o custo predatorio.

      E mesma coisa aconteceu em varios outros mercados e produtos.

      Em relacao a essas importadoras (mesmo de embutidos, queijos, e outros artigos de comida) varias se ferraram porque supermercados estao trazendo os produtos diretamente.

      Adeus, pragas egipcias.


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  4. a Mistral pode ser predadora, mas acho que nenhuma se compara à Zahil nesse ponto...

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  5. Concordo com tudo o que foi comentado e mais um pouco, rs.

    Não é do interesse de ninguém a popularização do vinho, exceção feita aqueles que já consomem. Pois os que vendem, garantem suas margens, os que não consomem... bem, estes continuam não consumindo.

    O que boa parte dos importadores/retailers não percebem é que o povo que bebe vinho com frequencia, também é o cara que viaja pra fora. Não precisa ser bom de matemática pro cara chegar a conclusão de que vale a pena trazer 16 garrafas mocozeadas na mala (32 o casal) e equacionar o consumo de semanas (talvez meses) por 1/4 ou menos do preço que pagaria por aqui.

    E é assim que eu faço, vou 1 a 2 vezes por ano pro exterior e trago minha cota (e da minha esposa). Sempre nos melhores rótulos que o orçamento permita. Já pros vinhos do dia-a-dia, fds de almoço com a sogra e coisas do tipo, recorre a uma loja que por 'incresça que parível' vende os vinhos da predadora-monopolista mais barato que ela própria!

    Ok, o desconto não é lá essas coisas, mas o rótulo de 70 sai por 67 (+5% desc. a vista).. PIMBA. Chupa Mistral. (Shoe Pair Mistral). Continuo bebendo os vinhos deles, mas com um intermediário no processo que não me repassa toda a margem.

    Vinhos Nacionais. Culpado. Eu pago e consumo vinhos nacionais. Muito mais pela curiosidade do que pelos benefícios e custo-benefício.Eu quero acreditar que um dia vai se barato, bom e barato. É um espumante ali, um moscatel pra sobremesa daquele mesmo almoço com a sogra ('que gostos, que docinho' humpf).... mas vai tentar comprar direto com o produtor! Alguém me explica pq diabo tem zé-videira que me cobra BRL30 de frete? Caixa com 6 garrafas! Ou seja, se eu comprar 2 garrafas.. pago 15/garrafa. Mas não conseguiria pagar menos que 5/garrafa anyway. Ahhh mas pedidos acima de BRL1.000 o frete é gratis! Claro, pq eu adoro torrar milão em vinho nacional só pra fugir dos 30 conto do frete.

    Como faço pra comprar? Pois bem, aquela mesma loja me vende o nacional pelo mesmo preço que eu compraria diretamente com o produtor. Joga o desconto a vista, ou parcela no cartão e PIMBA. Shoe pair.

    Só no brasil mesmo pra uma coisa dessas acontecer, quanto mais intermediários vc tem, mais barato o produto fica.

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    1. Miele,

      frete no brasil eh assim mesmo. de sp para o interior qualquer caixinha de 6 garrafas fica entre 60 a 80 reals dependendo da rota.

      do rgs para sp tambem fica caro. pode culpar a falta de concorrencia como item principal.

      felizes sao os que consomem 51 e ainda se tornam presidentes de republica.

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