Facebook


Pesquisar no blog

segunda-feira, 17 de março de 2014

PIETRASANTA




 

Um leitor postou, em comentários, não sei quem e muito menos quando, que deixei de escrever sobre aldeias italianas, pouco conhecidas e esquecidas (felizmente) pelo turismo internacional de massa e que realmente merecem uma visita.

A idade, a preguiça e a falta de inspiração, que sempre mais frequentemente me assaltam, limitaram, não de raro, minhas viagens em busca de novos endereços.

Hoje está chovendo, amanhã fará frio, previsão de muito calor, viajar com neve caindo? 
 Nem pensar...

Desculpas não faltam.

Há dez anos encarava 500 km sem parar uma única vez, nem para mijar (hoje procuro um banheiro a cada 50 quilômetros...), o cansaço não me assustava e dirigia por estradas que hoje nem de helicóptero enfrentaria.  

Mas, quando acordo do torpor, mando a preguiça à merda e resolvo botar o pé na estrada, sai da frente.....
 

Durante conversa fiada, no ótimo restaurante “Il Vecchio Borgo”, que frequento três ou quatro vezes por semana, em Chiavari, o amigo Salvatore, que por muitos anos foi representante comercial e que conhece a Itália como poucos, me recomendou um passeio pela Versilia, mais especificamente em Pietrasanta.

A Versilia, para quem não sabe, é a costa toscana, que confina com a Ligúria e abriga as badaladas Viareggio e Forte dei Marmi.

As duas cidades parecem bairros de Moscou: Estão apinhadas de russos que, com o dinheiro fácil (da corrupção?), compram casas pelo triplo do preço, invadem as praias, se bronzeiam e bebem caixas e mais caixas de Sassicaia, Ornellaia, Masseto etc. como se fossem de água mineral.

Os russos são insuportáveis, grosseiros e prepotentes.

Deixando a preguiça de lado e aproveitando um raro dia de sol, botei o carro na estrada, decidido.
 

As metas: Rever Lucca, conhecer Pietrasanta e Borgo a Mozzano.

A primeira parada Pietrasanta.
 

A cidade toscana, para os padrões italianos, é “jovem”; foi fundada em 1255.

Pietrasanta foi a primeira cidade toscana planejada que abandonou o urbanismo arredondado, dominante de então, as estreitas e labirínticas ruelas e adotou um traçado moderno, “limpo”, que está maravilhosa e integralmente preservado até hoje.

Pietrasanta é um museu à céu aberto!

A aldeia, desde sempre, foi endereço obrigatório de escultores e artistas de grande fama.
 

Michelangelo e Vasari, procuravam Pietrasanta para comprar, diretamente nas pedreiras que a circundam, blocos de mármore, muitos dos quais foram transformados em obras primas do renascimento.

Caminhando pelas ruas da cidade é possível encontrar a casa onde Michelangelo, famoso, também, pela proverbial avareza, negociava à exaustão o preço dos mármores.

Bebericando nos bares da cidade não é difícil encontrar, numa mesa  ao lado, Fernando Botero ou de Igor Mitoraj, artistas de renome internacional que fizeram de Pietrasanta sua segunda casa  (ambos moram na cidade).
 

Heny Moore, Arnaldo Pomodoro, Salvador Dalí, Juan Miró, Kan Hyashuda e dezenas de outros frequentaram (os que não morreram continuam frequentando) Pietrasanta para realizar suas obras nas famosos forjas dos artesãos locais, incomparáveis mestres no processamento do bronze.

Inúmeros   artistas doaram belíssimas obras à cidade e que podem ser admiradas nas praças, ruas, jardins e em todos os cantos de Pietrasanta.

Pietrasanta é arte pura!
 

Mas Pietrasanta é, também, gastronomia.

É inacreditável: Somente no centro histórico de Pietrasanta, há duas dezenas, ou mais, de bons restaurantes.

Cozinha regional, internacional, tradicional, moderna…. Há para todos os gostos e bolsos.

Uma dica: A maior parte dos restaurantes abre somente à noite e é a noite que doa à Pietrasanta ainda mais fascínio.

Não poderia deixar de indicar alguns endereços interessantes e imperdíveis.

Na praça “Del Duomo” não deixe de conhecer o “Bar Michelangelo” e “Bar Locanda Pietrasantese”.

Os dois endereços servem vinhos, espumantes e Champagne em taças generosas (preço salgado) além de bons petiscos.

O ponto obrigatório de Pietrasanta e a “L’Enoteca Marcucci”.
 

A Marcucci é um local histórico, onde se come realmente bem e que possui a segunda melhor enoteca da Toscana (a primeira é a Pinchiorri em Firenze).
 

Sensacional!!!!.

Pietrasanta, magia pura.

Para a turma “outlet-sacola”, uma dica para mitigar a abstinência: Nas ruas de Pietrasanta não há lojas de grifes famosas, mas nas boutiques sofisticadas da cidade há peças únicas e de refinado bom gosto que fazem os russos sorrirem e os italianos chorarem.

Não perca Pietrasanta.

3 comentários:

  1. Sensacional! Enquanto ainda existirem lugares como essa adorável localidade, continue nos brindando com seus entusiasmantes relatos. Vou anotando as dicas por aqui para utilizá-las em minha próxima passagem pela Bota.
    Abraços

    ResponderExcluir
  2. Centenas, ou milhares, de lugares como esse nesse fantastico pais. Varios estados que deram origem a algo muito especial. Nao me canso da fabulosa Italia.

    Em Abruzzo (ao norte) ha algumas localidades bem parecidas tambem. Facam um inquerito.

    ResponderExcluir
  3. Estive em Pietra infelizmente por apenas dois dias. Por sorte não vi nenhum russo por lá, mas muitos brasileiros. Em compensação os russos que vi em outros lugares coincidem plenamente com a sua descrição, só acrescentaria que me causou grande desagrado a maneira extremamente grosseira como tratam suas mulheres. A maioria das vezes são lindas, mas sempre com aquela carinha de medo de quem é espancada por qualquer motivo. Pitbull é pouco para o olhar desses russos para suas mulheres.

    ResponderExcluir