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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

ANTI TERROIR III



Nos últimos 30/35 anos muitos vinhos italianos passaram por mudanças radicais nas técnicas de vinificação e no “blend” de uvas, mas poucos foram tão agredidos quanto o Chianti.

Todos os vinhos do mundo (Borgonha, fora) sofreram ataques, por parte da indústria do vinho (grandes produtores), o que privilegiou maior concentração, cores impenetráveis, uniformidade de sabores, maciez, tempos mais curtos de maturação, madeira em profusão...... vinhos marmelada.

A mentalidade industrial esmagava, mais uma vez, a sabedoria agrícola e imolava, no altar do mercado consumidor (americano-parkeriano), tradição, cultura, identidade, território.....

 Era chegada a hora de merlotizar e cabernetizaro Chianti.

Adeus à antiga “formula” do barão Ricasoli, “vade retro” Malvasia, Trebbiano, Colorino: Chegou a hora do Chianti internacional, do Chianti com sotaque francês para americano beber.
 

Por algumas décadas deu certo, mas o mercado deu uma guinada.

 Os gostos, as tendência foram mudando; aos poucos, lentamente, continuaram mudando e não pararam mais: Hoje o consumidor não quer mais muita concentração, cores impenetráveis, álcool em excesso, muita madeira e, especialmente, percebeu que os as indústrias vinícolas lhe impuseram um incalculável número de vinhos todos iguais, vinhos que não exprimem território, vinhos sem identidade.
 

Quando o consumidor bebe um Chianti “cabernemerlotizado” é difícil diferenciá-lo de um australiano, sul africano, chileno, americano….

Simplificando: O Chianti “moderno” parece um belo prato de lasanha à bolonhesa que, para agradar aos paladares americanos, lhes adicionam meio quilo de ketchup.

Hoje o consumidor, ao beber um Chianti, quer sentir Toscana, perceber sotaque toscano, quer um vinho que lhe recorde Radda in Chianti e não Napa Valley.

O resultado?

Todo o dinheiro e tempo que a indústria do vinho gastou para vender a ideia que o bom Chianti é o Chianti com sotaque francês deverá ser reinvestido, agora, para convencer o consumidor que o barão Ricasoli tinha razão: O bom Chianti deve ser toscano, ter terroir toscano.

O caminho de volta será penoso, difícil e o “Gallo Nero”, símbolo do “Chianti Classico”, deverá lutar bravamente para reconquistar o respeito e a credibilidade perdidas, mas já se percebe um sem número de produtores que estampam na etiqueta: “Sangiovese 100%”.
 

Quando a madeira em excesso, também, sumir voltarei a beber Chianti.

 


Você que ainda acredita que há seriedade e nobreza na indústria vinícola toscana, aguarde a próxima matéria.

11 comentários:

  1. Entao selecione uns bons Chiantis puramente toscanos e sem madeira, pois semana que vem estou chegando

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  2. Melhor vc beber Barolo , Barbaresco, Barbera, Taurasi, Gattinara, Brunello....

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    1. por falar em Taurasi, Bacco, um minuto de silêncio (e um post sobre, talvez?) pelo falecimento recente do grande Antonio Mastroberardino, que deu à Aglianico uma segunda vida.

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  3. Para mim foi um dia muito triste quando constatei que Bordeaux esta cabernetizando, merlotizando as uvas da regiao.

    Idiotas esses franceses.

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    1. Não é Bordeaux/Frances que faz isso. Não são eles que plantam Cabernet e Merlot na Itália, Portugal ou Espanha. O problema é quem é corrompido.

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  4. Boa conversa. Lembrando que o fato de ser feito com uva autoctone nao garante um vinho perfeito, inesquecivel. Eu so tomo lixo malbec frances de Cahors.

    Uma mesclada com uvas estrangeiras vem bem por vezes.

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    1. Não afirmei que uvas autóctones sejam garantia de qualidade . Estou falando de anti-terrior.
      Não credito que uvas mescladas sejam uma boa pedida. Os franceses plantam Barbera ? mesclam seus vinhos com Nebbiolo? Adicionam Garganega aos brancos?
      Cada macaco no seu galho.A Itália não precisa de castas francesas . A Itália precisa de seriedade.

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    2. Concordo. Nem uvas autóctones garantem qualidade, nem as "estrangeiras" significam que vão gerar vinhos ruins. É uma questão de identidade. Alinho-me com seu pensamento, de que a Itália não precisa de castas francesas, assim como Portugal.
      Salu2,
      Jean

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  5. Aproveitando a conversa, quem vai comprar o novo Brrrrrrrrrrunello por miseros 350 R$? Tem até o "autor" dando entrevista e falando de Terroir no seu blog preferido. Toma um Engov e dá uma olhada lá.

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  6. Chianti sem madeira? Sabe de nada inocente!

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  7. Bobão , onde vc leu "Chianti sem madeira?

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