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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

VOCÊ GOSTA DE NÚMEROS?





Leio, no jornal, alguns números estonteantes sobre o vinho italiano.

Num congresso, em Verona, durante a Vinitaly, foram reveladas, entre outros assuntos, algumas cifras referentes ao setor vinícola da Bota.

A viticultura empregou 1.250.000 trabalhadores sendo que 200.000 são imigrantes e 20.000 sazonais.

Nos últimos dez anos houve um aumento de 50% nos postos de trabalho.

Há, na Itália, 20 faculdades de viticultura e enologia, 32.000 sommeliers em atividade e a AIS (Associazione Italiana Sommeliers) organiza mais de 5.000 cursos anuais.

250.000 são as empresas vinícolas, 35.000 as engarrafadoras e 21.600 os pequenos produtores que vendem vinho diretamente ao consumidor.

1,7 bilhões de Euros é o faturamento do agro turismo graças aos 5,5 milhões de turistas que procuram e percorrem as 150 estradas do vinho e as 500 cidades (aldeias, seria o termo mais exato) do vinho.

O faturamento, do setor vinícola, atingiu, em 2012, impressionantes 8,9 bilhões de Euro.

As exportações superaram, em 2012, os 4,7 bilhões de Euros sendo que o preço médio foi de 1,83 Euros por litro.

Os números acima demonstram várias coisas.

 Salta aos olhos, por exemplo, quão ridícula é a alegação dos industriais gaúchos que pediam maior protecionismo para salvaguardar os empregos de 35.000 trabalhadores do setor.

Balela!!!

1º) As grandes vinícolas e engarrafadoras gaúchas são fãs da mecanização e empregam pouco.

2º) Exploraram, com impressionante cinismo, os pequenos produtores, pagam preços ridículos pela matéria prima (uva) e estão se lixando para os empregos.

3º) As únicas preocupações, das grandes vinícolas, são: Faturamento e lucro.

 


O mercado está na mão de meia dúzia de gigantes que sufocam os pequenos viticultores e obtém lucros astronômicos com vinhos cômicos.

Notaram o preço médio do litro de vinho exportado?

1,83 Euro equivalem a R$ 6,00.

 No preço médio, é bom lembrar, entram Sassicaia, Solaia, Brunello, Amarone, Barolo, Barbaresco que custam uma grana preta (o dobro, triplo e até dez vezes mais que os vinhos populares).

Nossos engarrafadores dos sul colocam no mercado vinhos industrializados, de terceira categoria, por preços bem mais elevados se comparados aos do Brunello.
 
Col d'Orcia - Brunello di Montalcino
1 BOTTIGLIA DA 75 CL. Varietà: 100% sangiovese. Affinamento: 4 anni di cui 3 in botti di rovere di Allier e di Slavonia della capacità di 25 - 50 e 75 hl e successivo affinamento in bottiglia di almeno 12 mesi in locali a temperatura controllata. Gradaz    
Disponibile

22,90
Spese: n.d.
Totale: 22,90


 


A mesma facilidade não é possível na Itália onde 35.000 vinícolas disputam o mercado.

Seria bom que os produtores gaúchos parassem de culpar os impostos como únicos vilões responsáveis pelo alto custo dos quase vinhos nacionais.

Em 1967 um hectare de vinha de Brunello di Montalcino custava (16.000 Euros)

O mesmíssimo hectare de vinha vale, hoje, 380 mil Euro (quanto custa um hectare na Serra Gaúcha?)

Os salários, na Europa são mais altos, a qualidade é melhor, os preços mais baixos e para nos, sobra a mesma cantilena:  Os impostos.

 É bom nem falar de impostos com os europeus: Na Europa apenas o ar
não é taxado.

Então porque os preços de nossos vinhos medíocres são elevados?

Respostas, por favor!

Mais uma coisa: Quem viajar para a Europa faça um teste: Leve na mala algumas garrafas de Nebbiolo Bettu ou Carraro, outras de Talento da Salton, mais outras de Lote 43 ou Sesmarias da Miolo e, se tiver espaço, mais algumas de Barbera Perini.

  Se o kamikaze tupiniquim tiver coragem sobrando e decidir visitar a Borgonha deve colocar na mala duas unidades de Fúlvia Pinot Noir do Daniele e mais duas de Chardonnay da Villa Francioni.

 Se não for acusado de “homem bombas” e conseguir chegar ao destino, deverá organizar degustações e tentar vender os quase- vinho nacionais, pelo preços praticados no Brasil, aos franceses e italianos.

Caso   escape ileso, desta perigosíssima empresa, e consiga vender uma única garrafa, B&B enviará, totalmente grátis, uma caixa de Barolo Monvigliero 2005, do Gian Alessandria, inteiramente grátis.

Uma belíssima oportunidade para conhecer e provar um grande vinho que custa menos de todos os quase vinhos nacionais acima mencionados.

Dionísio.

 

 

7 comentários:

  1. Oba, vamos falar mal dos picaretas. Mas antes alguns comentarios as suas palavras de amor:
    1º) As grandes vinícolas e engarrafadoras gaúchas são fãs da mecanização e empregam pouco.
    Meia verdade. Em grande parte da serra a regiao nao permite mecanizacao. Mais ao sul, perto da fronteira isso ja ocorre com mais frequencia.

    2º) Exploraram, com impressionante cinismo, os pequenos produtores, pagam preços ridículos pela matéria prima (uva) e estão se lixando para os empregos.
    Tudo isso procede e acrescento que as grandes vinicolas (ate as auto chamadas de ‘boutique’ sao pessimas pagadoras. Muitas pagam somente na justica (quando ha processo movido pelos pobres coitados) e processo judicial sabemos que leva algum tempo. Sao uns fdp mesmo. Outra coisa: As uvas nem sempre sao europeias.

    3º) As únicas preocupações, das grandes vinícolas, são: Faturamento e lucro.
    Legal. Aqui concordo com eles. Quem fala em negocio sustentavel, criacao de creche, programa pao ao irmao, trabalho em hospital aos domingos eh um puta hipocrita. Empresario quer dinheiro mesmo. O resto que se dane. Os humanos fazem ate boa acao pensando em si mesmos.

    A mesma facilidade não é possível na Itália onde 35.000 vinícolas disputam o mercado.
    Ta, mas um numero imenso deles mal vai ao mercado. Nao da nem para a saida. Ficam vendendo vinho em bomba de gasolina sfuzzi para o povo local e a vida segue boa.

    Seria bom que os produtores gaúchos parassem de culpar os impostos como únicos vilões responsáveis pelo alto custo dos quase vinhos nacionais.
    Concordo, mas......Os impostos entre estados sao um descalabro desse pais de m. Ao menos na europa um tiozinho da Sicilia compra um vinho toscano e nao ha imposto mais nenhum alem de um IVA da vida. Aqui ha ST pesadissima a ser paga pelo comprador do estado de destino do produto.

    Os salários, na Europa são mais altos, a qualidade é melhor, os preços mais baixos e para nos, sobra a mesma cantilena: Os impostos.
    Di, ta louco? Salario no Brasil eh uma loucura. Voce nao contrata ou paga alguem? Adivinha quanto custa uma faxineira na italia e uma aqui? Sabe quanto custa um caixa de banco aqui e la? E um medico? O Brasil eh o paraiso para executivos ex-pats, my bro. Aqui ganham muito tutu.
    No resto estou de acordo.

    Resposta porque os vinhos mediocres tem precos elevados:
    Selic de 10.5% a.a. Isso tem que ser levado em conta. Euro loan rate hoje esta uma piada. Opportunity cost bem menor que no Brasil. 4 anos de afinamento em garrafa nao significam muito em opportunity cost. Aqui seria impraticavel.
    Brasileiro nao da valor a vinho barato. Tente vender um lixo de escarraro faces por R$ 20.00 (R$ 50.00 por ai) e vera o fracasso que sera.
    Temos estados como intermediarios na compra e venda. Isso aumenta BEM o preco final do vinho
    Custos operacionais, fixos, variaveis e banguela-convexa altissimos no pais todo. Resultado? Marreta no preco. Azar do consumidor.
    Margens draconianas normalmente utilizadas pelo viticultor de plantao. Estilo brasileiro.

    E por ultimo a cereja cabacinho: Ha gente no brasil e no rgs praticando precos 'honestos' ou mais decentes que muitos dos picaretas que voces conhecem. Insisto nisso. Sao poucos, mas nem todos sao esses inuteis que abundam por la.

    Pode falar de gaucho e abundar numa mesma sentenca? Foi sem querer.

    Auguri, bastardi.

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    1. Bom comentário , como sempre ,mas..... Tréplica: Numa classificação, entre 189 países , a Itália se classificou em 138° lugar com uma taxação de 65.80% sobre o lucro das empresas. Um funcionário , mesmo uma domestica , na Bota , ganha , no mínimo 800 Euros e custa ao empregador o dobro ou um pouco mais. As grandes empresas vendem através de representantes comerciais. No restante , concordamos. Alias concordamos em tudo

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    2. Siga a conta:

      Ha algum tempo me encontrei com um mega conhecido produtor de barolo. Ele me falou que um hectare na regiao dele (colinas mais nobres possiveis) estava em torno de € 250 mil. Ele vende os dois barolos que produz entre € 20 e €40. Falando somente do barolo mais famoso, vamos supor que ele produza ao redor de 6000 gfs ano com um custo de €15 por garrafa. Sao €150,000 de lucro num ano bom em termos de produtividade x qualidade (ok, talvez isso 150 mil esteja chutado para cima) ano. Mais que compensa comprar um hectare la. A questao toda he que ninguem vende um hectare. Eu nao venderia nem ferrando, e nao falo do ego, mas falando financeiramente mesmo.

      Aparentemente um hectare de barolo he mais negocio que um hectare de brunello (de acordo com esse numero que voces jogaram ai).

      Enquanto isso pago cofins, pis, ir, darfs mil, icms..... trouxa.

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  2. mais uma bela matéria, repleta de informações. muito bom.

    aliás, estou adorando a safra 2014 de Bacco & Bocca: quase todo dia tem. continuem assim, por favor!

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  3. Homem bomba...muito boa essa...deve ser disso que aquele brazuca estava falando nos EUA e acabou no xilindró.

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  4. Boa tarde! Bom, primeiramente deixe me te dizer que tu foi muito infeliz no teu comentário sobre as"citações de vinhos" que tu deu para levar a uma viajem com destino a Europa. Gostaria de te dizer que por exemplo, Talento Safra 2009 Salton está na Vinícola 55 reais. Lote 43 está 100 na loja virtual da Miolo. 55 reais(talento) ao cambio de hoje pelo site UOL em euros ficaria 17 euros! Então sim, caso quiseres, aceito o teu desafio de venda deste vinho Nacional com muito gosto!

    Meu contato fica em anexo para você ;D

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    1. Sinto muito, mas você terá grande dificuldade. Só se pegar alguém com pouco conhecimento (o que existe em todo lugar), ou que queira conhecer algo de um país com pouca tradição na vinicultura (perto da que eles têm).

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