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sábado, 18 de janeiro de 2014

TERROIR 2




 

Antes de reiniciar nossa caminhada, percorrendo as estradas dos Grands Crus, rumo a Chassagne-Montrachet, gostaria de esclarecer que, ainda, não dei minha opinião sobre o “TERROIR”.

A interpretação do DIWINE TASTE, na matéria anterior, praticamente esgota o assunto, mas há algo mais que gostaria de acrescentar: Para mim, o conceito de terroir, vai um pouco além.

Continuando nosso percurso quase não se percebe a pequena placa indicando que estamos deixando Puligny e alcançamos as terras de Chassagne.

Há apenas aquela sinalização anunciando o novo território.

 Nenhuma mudança nas características e na paisagem vinícola: As vinhas dos   Grands Crus, “Montrachet” e “Bâtard-Montrachet”, “invadem” com 3,9 e 5,84 hectares, respectivamente, o território de Chassagne-Montrachet.

O único Grand Cru, totalmente de Chassagne, é o “Criots-Bâtard-Montrachet” que, com seus 1,57 hectares, divididos entre uma dezena de proprietários, produz, anualmente, cerca de 8.000 garrafas de vinho (60 hectolitros).

Quando a estrada, já em Chassagne, encontra uma pequena descida, terminam as vinhas de “Montrachet” e “Bâtard-Montrachet”

Bem no início da descida, mais duas joias raras da região.

Apenas um muro separa o “Bâtard-Montrachet” do Criots-Bâtard-Montrachet e uma minúscula estrada divide o “Montrachet” do ótimo Premier Cru “Blanchot Dessus”.
 

É bom lembrar que a estradinha entre o “Blanchot Dessus” e “Montrachet” é a mesma que conduz a outro estupendo Premier Cru: “Dents de Chien”.

Chassagne, território de grandes brancos.

Há, todavia, uma Chassagne-Montrachet que esqueceu, nos anos 80, o “terroir” e privilegiou o dinheiro, dinheiro que seduziu corações, almas e....vinhas.

Nos anos 80 o mundo “descobriu” e se apaixonou pelos brancos da Borgonha.

  Um belo dia, como sempre acontece, nesses casos, hordas de compradores, negociantes, turistas, importadores etc. desembarcaram na Côte D’Or e compraram todos os brancos que viam pela frente.

Em pouco tempo o preço, dos Chardonnay locais, foi para o espaço.

Pommard, Volnay, Corton (alguns exemplos) foram aldeias que não substituíram as vinhas e continuaram produzindo seus grandes tintos, mas em Chassagne, onde não havia uma legislação específica que determinasse e limitasse as áreas de brancos e tintos, o Chardonnay foi paulatinamente ocupando o espaço antes reservado (há séculos) ao Pinot Noir.

A corrida para produzir brancos foi tão desenfreada que as vinhas de Pinot Noir do território, em pouco mais de 25 anos, passaram de 80%, nos anos 80, para os atuais 48%.

O fato preocupou alguns viticultores que tentaram frear a transformação e sugeriram novas regras.

Foram vencidos pela maioria que soterrou a proposta.

O Pinot Noir lentamente foi   empurrado para as partes mais baixa dos vinhedos e o Chardonnay, por sua vez, ocupou espaços, nem sempre os melhores e adequados às suas características.

Resultado: Chassagne-Montrachet produz grandes brancos, mas com características bastante heterogêneas.

Diversamente de Meursault e Puligny,  não há um “estilo” Chassagne-Montrachet.

 Sempre ótimos vinhos, afinal aqueles 316 hectares são fantásticos, mas os “vignerons” não se importaram nem respeitaram, como deveriam, o “TERROIR”.

Na próxima matéria: Saint Aubin, Jean Claude Bachelet, Criots-Bâtard-Montrachet, Blanchot Dessus.
 
Bacco

Um comentário:

  1. Excelente, Bacco! Aguardamos o próximo capítulo.
    Salu2,
    Jean

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