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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

FORNACI DI TASSAROLO 1995


 


Michele Chiarlo não é exatamente um dos meus produtores favoritos, mas dois vinhos, produzidos pela vinícola de Calamandrana e que provei nas últimas semanas, me obrigaram a reconsiderar minhas opiniões sobre a famosa engarrafadora.

O primeiro vinho, um Barolo Cerequio 1999, que bebi na casa de um amigo, provou ser um extraordinário Nebbiolo e não temer comparações com outros primos mais caros e premiados.

O segundo, um Gavi “FORNACI DI TASSAROLO 1995”, que provei no “Piccolo Ristorante”, simplesmente, me deixou de queixo caído.

Em matéria anterior comentei que, enquanto aguardava a retorno do proprietário Enrico Boitano, que havia saído para comprar cigarros, a garçonete do restaurante me servira uma taça de vinho.

A garrafa, que havia sido aberta no dia anterior, não despertou meu interesse, mas, assim mesmo, aceitei.

 O vinho me impressionou de tal forma que pedi para ver a etiqueta e quase não acreditei quando constatei que estava bebendo um Gavi 1995.

 Quando Enrico Boitano retornou fui logo perguntado: “Onde você arrumou essa garrafa de Gavi 1995 ?”.

Com um sorriso matreiro, Boitano, respondeu: “Ontem encontrei, esquecida num canto da adega, uma caixa de madeira toda empoeirada do Michele Chiarlo. Pensei que era de Barolo, mas quando a abri vi que continha 6 garrafas de Gavi “Fornaci di Tassarolo” 1995. Abri uma e provei para verificar como estava o vinho”.
 

O sujeito esquece uma caixa na adega e depois de dez ou quinze anos, em 2013, “redescobre” o vinho abre uma garrafa e o Gavi, com 18 anos nas costas, se apresenta perfeito, maduro, extraordinário.

“Enrico, se você vender uma dessas garrafas, apenas uma, eu te mato. Vamos bebê-las somente nos três: Você, eu e Bertolone. Esse é um vinho que nunca mais encontraremos”.

Boitano sorriu, concordou e ontem abrimos a quinta garrafa, por sinal, a melhor delas.

Antes de continuar comentando o “FORNACI DI TASSAROLO” quero falar, mais uma vez, sobre o Cortese.

O Cortese possui uma acidez e uma estrutura extraordinárias e são justamente a estrutura e a acidez que garantem ao Gavi um envelhecimento invejável.

Beber um Gavi de um ou dois anos é quase um crime, mas, apesar disso, os 8 milhões de garrafas produzidas anualmente (há muita porcaria no meio desses milhões) são comercializados e vendidos apressadamente.

  É praticamente impossível encontrar nas vinícolas safras antigas.
 

Somente alguns felizardos conseguem garrafas mais velhas para poder, assim, apreciar toda a riqueza dos aromas terciários que se apresentam somente após alguns anos de envelhecimento.

Encontrar, então, 6 garrafas de Gavi “FORNACI DI TESSAROLO” 1995 é como acertar na sena....

O “FORNACI DI TESSAROLO” apresentou aromas intensos, que mudavam constantemente tornando muito difícil qualquer descrição honesta e válida. .

 Do floral ao balsâmico, do tostado ao frutado, novos aromas se acumulando e atropelando os últimos..... Uma festa.

Na boca surpreendentemente jovem, grande estrutura, um final persistente e quase sem fim.

 “FORNACI DI TASSAROLO” 1995: uma grande e verdadeira emoção.

Alguns dados: As 5.000 garrafas de Gavi “FORNACI DI TASSAROLO” 1995 foram produzidas com uvas provenientes de um vinhedo, plantado em 1910 (provavelmente o mais antigo do Piemonte), em época pré- filoxera, no município de Tassarolo,

As 5.622 unidades desta safra apresentam 12º de álcool.

Pesquisando, na internet, encontrei uma enoteca que anuncia 6 garrafas do “FORNACI DI TASSAROLO 1995” pelo preço.....

 Você, que pagou R$ 76 por uma garrafa de Chardonnay Villa Francioni, está sentado? Tranquilo? Relaxado?

Pois bem, uma enoteca, na Ligúria, anuncia 6 garrafas do Fornaci 1995 por 16,99 Euro.

Adivinhe quem as comprará?

Bacco

6 comentários:

  1. Que inveja. Bela descrição de uma experiência única. E tem gente que paga caro e acha bom Sauvignon Blanc do Gavião, Chardonnay Francioni etc. É de doer.

    Sds, Jean

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  2. E nós, aqui no brasiu, pagando os tubos por vinhos importados, e os tubos por vinhos nacionais que por pouco deveriam ter outros nomes em vez de vinho.........

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    Respostas
    1. nem fale, Emerson. com esse Barolo Cerequio do Michele Chiarlo a 620 reais e um Gavi dele, que não é o Fornaci, a 130... sai de baixo...

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    2. O Gavi base do Chiarlo , o vendido no Brasil , custa, nas enotecas da bota, 7 ou 8 euro.

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    3. A vinicola esta certa. Ha trouxas e outros que nao sabem nada de vinho aos montes que compram o vinho. Fazem uma garrafa mais elaborada e fisgam a turma. Se colocarem aquele vinho fraquinho numa garrafa convencional, nao vendem o vinho nem para sagu. Incrivel a reacao dos enoblogueiros a esses vinhos. Sempre com !!!!!! ao final das frases. Quanto ganham para passar essa vergonha?

      Eu posso falar dos vinhos dessa vinicola brasileira porque degustei os vinhos. O rose me impressionou pela falta de presenca. Uma agua de arroz lavado. Por R$ 80.00... ai, ui, ai, ui.

      Passar bem.

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  3. Bacco,

    ótima matéria, fiquei doido para provar um Gavi desses. só faltou falar (e nos deixar com inveja) quanto custa o Minaia do Bergaglio.

    por aqui, vi um Gavi da Broglia à venda por um preço razoável. o que você acha dele?

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