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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

FERA FERIDA






 

Minhas matérias, sobre os “sommerdiers”, deve ter ferido um deles profundamente.

Educado, mas sibilino, o provável atingido, insiste que B&B revele nomes de profissionais brasileiros,  competentes, no mundo dos rolhas.

Vejam os comentários e respostas:

 

1.    Anônimo18 de outubro de 2013 08:38

Prezado, apenas a título de curiosidade, qual, ou quais, profissionais da sommellerie, brasileira em particular, mas também no exterior, você consideraria dignos portadores deste título e modelos para as futuras gerações de Sommeliers?
SDs


Vc acha que eu vou perguntar o nome do sommelier que me serve em Puligny-Montrachet, Alba, Beaune,Torino etc.?Uma coisa posso afirmar: Qualquer garçom de restaurante médio, das cidades mencionadas, pulveriza o Beato Salu. Vou fazer o seguinte: Em minha próxima viagem à Europa vou filmar um serviço de um sommelier profissional , coloco no YouTube e vc poderá comparar com os que lhe atendem no Brasil
Dionísio

1.    Anônimo29 de outubro de 2013 03:59

Agradeço!
Posso então inferir do seu comentário que, em sua opinião, não há sequer um profissional brasileiro digno da alcunha de Sommelier? Além do já citado na matéria, brinde-nos com sua opinião sobre os demais nomes que tem destaque na mídia; gente como Tiago Locatelli, Gabriela Monteleone, Dionísio Chaves, Gianni Tartari, Diego Arrebola, Guilherme Corrêa e etc...

Abraço

 

 

Caríssima fera ferida, quando um sommelier aparece na mídia constantemente e se transforma em “star”, há algo errado no mundo das taças.

  Tamanha importância? Por quê?

Qual a razão deste endeusamento?

É justo transformar o sommelier em “prima donna”?

Sinceramente não entendo....

Nunca soube, não sei e nem tenho interesse em conhecer o nome dos maitres, garçons ou sommeliers que me serviram no “Le Montrachet”, “La Table du Gourmet”, “Le Clos du Cédre”, “Le Tamerici”, “Campo del Drago”, “Pascia” “Antica Corona Reale” e dezenas de outros restaurantes “estrelados” Michelin.

Para mim os que trabalham em restaurantes são apenas profissionais, como tantos outros e não tietadas estrelas midiáticas que provocam orgasmos nos admiradores(as) e seguidores(as).

Em tempo: Meus ídolos não trabalham abrindo garrafas ou arrumando mesas......

Sinto muito, mas tenho muita rodagem e muita bagagem para me impressionar com sommeliers, garçons ou maitres.

Quando o sommelier faz seu trabalho com competência reconheço   seu empenho, deixo gorjeta, mas não peço sua foto autografada.

O que me irrita e constatar que no Brasil a carência de ídolos é tão grande que qualquer imbecil, que encontre “flores brancas, frutas vermelhas, tabaco, chocolate” etc., em uma taça de vinho, é imediatamente considerado celebridade.

 Quando leio que um “sommerdier”, endeusado como o melhor do Brasil, afirma que Bandol e Cornas são denominações da mesma região vinícola, começo a duvidar que a profissão, em nosso país, seja tratada com seriedade.

Se o “inferido” ferido considera que o profissionais, citados por ele, são ótimos e sabem trabalhar é sinal que há vida inteligente no Brasil das garrafas, mas não espere entusiasmo, admiração e tietagem de minha parte.

Para mim o sommelier é, e sempre será, apenas um garçom de vinhos.

 

PS. O Assada foi eleito, minha santa caspa, o melhor sommelier do Brasil.

Imaginem o segundo….

terça-feira, 29 de outubro de 2013

MAIS UMA SENSACIONAL RECEITA



E por falar.

E por falar em “Final de Tarde no Lord Nelson” .... No dia em que fotografei o por do sol, que aparece na matéria homônima, resolvi jantar no restaurante da casa para provar os novos pratos que o chef (este não é blefe), Ivan Maniago, havia inserido no cardápio.

Os restaurantes, em toda a Itália, costumam trocar o cardápio quando há mudança de estação.

Com o verão chegando ao fim os pratos leves, frescos e pouco calóricos, cedem espaço para uma cozinha mais rica, temperada, mais pesada.

Funghi, tartufi, carnes de caça, risotti, polenta, bacalhau, fonduta, etc. tomam conta das panelas e reinam absolutos até a primavera.

Escravo de eterno regime, quase esquecido no excessivo consumo de espumante e canapês, escolhi apenas um antepasto: 

 “Cappasanta Croccante com Purè Aspro”  

(Vieras Crocantes e Purê Azedo).






Após provar o antepasto fiquei de queixo caído (repeti o prato em outras três ocasiões).

O jovem chef Ivan, (25 anos), que pode ser visto no link http://www.youtube.com/watch?v=7vjm40BxAuQ
preparando uma sensacional “Bistecca alla Milanese”, não para de me surpreender com sua inventiva, combinação de sabores, a apresentação dos pratos.

Conheço Ivan desde o dia que aportou no “Lord Nelson” e não tenho maiores dificuldades em “filar” as receitas de seus melhores pratos.

Amparado pela amizade pedi a receita da “Cappasanta” e Ivan imediatamente me atendeu.

Devo alertar que o prato exige, do cozinheiro, habilidade um pouco acima da média, muito cuidado e razoável tempo de preparo, mas garanto que o antepasto, quando bem executado, doará muita alegria para o “chef” e convivas.

 

PREPARO:

Limpar e salgar as vieiras. Em um dos lados colocar uma fina fatia de pão e fritar à temperatura elevada (1 minuto cada lado)

O pão tornará as vieras crocantes.

Preparar um purê clássico adicionando algumas gotas de limão e ralar um pouco de sua casca (o limão deverá ser o siciliano).

Em uma panelinha colocar leite e creme de leite fresco em quantidades iguais. Adicionar alguns grãos de pimenta do reino, de boa qualidade e muito aromática e reduzir até que o creme engrosse.

Coar o todo para eliminar a pimenta.

Empratar alternado purê e vieiras e condimentar com o molho reduzido.

Ivan dispõe de uma cozinha muito bem aparelhada e, para dar mais um toque de sofisticação ao prato, esquentou, com o vapor da máquina de café expresso, um pouco de leite, exatamente como se faz com o “cappuccino” e ornamentou as vieiras com a espuma.

Prato excepcional, que provavelmente não será realizado à perfeição na primeira ou segunda experiência, mas com um pouco de teimosia e talento.....   

Para beber?

Você sugere algo melhor do que um Champagne rosé?

Bacco

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

FINAL DE TARDE NO LORD NELSON



Um dos locais mais sofisticados, elegantes e agradáveis, para se tomar um aperitivo no final da tarde é, sem sobra de dúvidas, o “LORD NELSON” em Chiavari.

 As elegantes e escassas mesas na orla, poltronas confortáveis e viradas estrategicamente para a não distante Portofino, o ocaso quase sempre deslumbrante são alguns motivos, mais que suficientes, para confirmar o “LORD NELSON” como o mais sofisticado bar de Chiavari e um dos melhores da Ligúria.   

Bebericar uma taça do ótimo espumante “Haderburg”, recomendado pelo competentíssimo maitre, Lorenzo e servido pelo elegante garçom, Franco, ajuda a realçar, ainda mais, o festival de cores que ilumina o céu quando o sol começa a se esconder atrás das colinas de Portofino.

Panorama único, bar perfeito, momento mágico…O melhor dos mundos.

O serviço impecável, bebida de qualidade, preços contidos (5 Euro pelo espumante e canapês) confirmam o “LORD NELSON” em mais um “Endereço Imperdível” de B&B.

Confira!

Bacco 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

OS VIVALDINOS




 


Pensei que os enófilos brasilienses já conhecessem todos os cursos picaretas que, tranquila e impunemente, proliferam, como coelhos, em nossa capital.

 Cursos de vinho “nascem” em quantidade alarmante e qualquer Zé Mané, que tenha frequentado meia dúzia de palestras ministradas por outros zé manés, passa a se considerar um Robert Parker apto a iniciar carreira solo e, assim, formar mais e mais sommerdiers.

É uma vergonha!

Não satisfeita, com os enganadores regionais, Brasília adora importar vivaldinos.

Em novembro o italiano Rabachino (pronuncia-se: rabakino) ministrará, no “Restaurante Sarcófago”, também conhecido como “Dom Francisco da Asbac”, um curso básico de sommelier.

Leia:

Eliane Simões traz para o restaurante Dom Francisco o italiano Roberto Rabachino, duas vezes eleito o melhor degustador de vinhos do mundo pela Internacional Wine Tasters Organization. O italiano vem para ministrar um curso básico de sommelier, nos dias 7 e 8 de novembro. As aulas são voltadas para chefes de cozinha, apreciadores de vinho, profissionais de hotelaria, restaurantes, operadores e representantes do setor vitivinícola, entre outros. Os alunos receberão lições sobre como conservar a bebida, aprender a fazer a análise sensorial dos vinhos, técnicas de harmonização com os alimentos, uso do vinho na cozinha moderna, entre outras. Haverá também uma prova básica de degustação. A inscrição custa R$1.300. Os alunos receberão certificados pela Federação Italiana de Sommelier Albergatori Ristoranti (Fisar).

O Rabachino é figura manjada que aportou, há alguns anos, nos Pampas.

O Rabachino, veio, viu e ficou.

Ficou porque percebeu que aqui é terra de eno-otários que não possuem tradição, cultura e conhecimento vinícola e, por isso mesmo, fáceis de enrolar e “rabakinar”.

Você não acredita?

Alguns dados:

 Dois dia de aula a toque de caixa aliviarão os bolsos dos incautos enófilos brasilienses, candidatos a sommerdiers, em R$ 1.300.

A FISAR, entidade italiana, que certificará os alunos candangos, ninguém sabe como e porque, cobra na Toscana pelo curso básico de 13 aulas Euro 300 além de 60 Euro de inscrição anual para obtenção da carteira de sócio.

 

CORSO PER SOMMELIER 2013-2014

 

Il 17 settembre 2013, alle ore 20.45, inizierà il nuovo CORSO PER SOMMELIER, primo livello, della FISAR Delegazione di Livorno.

Il corso di primo livello è dedicato alla degustazione ed all’enologia.

In particolare, il calendario (indicativo e suscettibile di modifiche per esigenze dei docenti) delle lezioni è il seguente:

Data
Argomento

 

Martedì 17 settembre 2013 
Presentazione del corso e della FISAR. Le funzioni del sommelier

 

Martedì 24 settembre 2013
Fisiologia dei sensi
Martedì 1 ottobre 2013   
Analisi sensoriale. La tecnica di degustazione
Martedì 8 ottobre 2013
Viticoltura
Martedì  15 ottobre 2013
Enologia: vinificazione, vini bianchi
Martedì 22 ottobre 2013
Enologia: vinificazione, vini rosati e rossi
Martedì 29 ottobre 2013
I vini spumanti
Martedì 5 novembre 2013 
I vini passiti e speciali (aromatizzati, fortificati)
Martedì 12 novembre 2013
Enologia: difetti, alterazioni e malattie
Martedì 19 novembre 2013
Legislazione vitivinicola
Martedì 26 novembre 2013 
La birra
Martedì 3 dicembre 2013  
I distillati

 

Il costo del corso di primo livello è di Euro 300,00, che è possibile corrispondere in tre soluzioni, oltre ad Euro 60,00 (Euro 40,00 se si ha meno di 25 anni) per la tessera associativa FISAR, che dà diritto a ricevere la Rivista Il Sommelier ed a partecipare alle attività associative (l’associazione, se effettuata da settembre 2013 in poi, è valida fino

 

Um rápido e simples cálculo nos remete à seguinte constatação: Na Itália o curso, com 13 aulas, é orçado em R$ 1.080.

 Se dividirmos 1080 por 13 será fácil perceber que cada aula custará, ao Peppino toscano, R$ 83,07.

Nosso valoroso Zé Mané, ao adentrar no “Sarcófago da Asbac”, para assistir as palestra do Rabachino, desembolsará, para cada sessão, R$ 650.

O nosso Zé Mané não aprenderá nem 10% dos conhecimentos que Peppino acumulará  e pagará muito por mais esta enganação.

Enquanto isso o nosso guru importado continuará
 “rabakinando” incautos.

PS. Acredito que não há maiores dificuldade em entender o texto em italiano, mas, se alguém precisar de ajuda, tradutor do Google resolve.

Dionísio

 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

OS PROFISSIONAIS



Estou acompanhando com atenção as matérias em que o Dionísio tenta simplificar e desmistificar o reconhecimento dos aromas presentes nos vinhos.

É boa a iniciativa, especialmente se lembramos o total despreparo das AB$ da vida na formação de competentes profissionais do ramo.

Poderíamos resumir, o corpo docente das AB$, da seguinte forma: Os que não sabem tentam ensinar aqueles que desconhecem.

Meia dúzia de degustações, sempre com os onipresentes Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Syrah (preferencialmente chilenos, nacionais e argentinos) Carmenere, Tannat etc., algumas palestras, muita encheção de linguiça e.…. Um tsunami, de despreparados sommerdiers, acaba invadindo o mercado de trabalho.

Resultado?

Patético…tragicamente patético.

Querem conhecer um episódio emblemático que aconteceu, há alguns anos, no “Gazebo dos Pardais Perdidos”, na QI 28 do Lago Sul?

No antigo endereço, antes que os pardais nidificassem na proximidade da” Ponte dos Suspiros Candangos” (eu suspirava a cada reajuste no custo) ordenei, ao sommerdier da casa, uma garrafa de Chablis.

Após dez longos minutos de espera o “profissional” retornou à mesa.

  Com ar desolado e voz grave anunciou: Doutor o Chablis tinto acabou. Serve o branco?”

Na hora da conta restaurante teve a coragem de cobrar 10% pelo (des)serviço.

Outro belíssimo exemplo, de despreparo profissional, aconteceu na grande enoteca brasiliense “xaxaxaxa”.

Tenho boas relações com os vendedores da empresa que, por sua vez, conhecem minha predileção pelos vinhos franceses e italianos.

Um dos profissionais, após as brincadeiras de praxe, foi logo dizendo:
“Bacco recebemos uma batelada de vinhos franceses e os preços estão bem acessíveis. Veja, por exemplo, este Beaune........”

O vendedor pronunciou o nome da cidade francesa exatamente como se escreve em português.

Levei um susto e fui logo falando:
“Se não fosse meu amigo te detonava agora mesmo. Você nem sabe pronunciar corretamente o nome do vinho. Está na cara que desconhece totalmente o produto e não pode aconselhar ninguém”

O rapaz confessou que o curso, que havia frequentado na AB$, não abordava nada profundamente e todos os vendedores, também, se sentiam inseguros, despreparados e muitas vezes informavam incorretamente os clientes.

Percebendo suas deficiências e a de seus colegas, o vendedor,  sugeriu que eu ministrasse uma pequena aula sobre vinhos da Borgonha.

Argumentei que não era professor e não me sentiria à vontade no papel.

O amigo insistiu tanto que finalmente aceitei.

“OK! Conheço bem a região, tenho mapas da Côte d’Or e em duas horas, ou pouco mais, acredito que poderei repassar algumas informações interessantes sobre denominações, terroir, castas etc. além de responder às perguntas do pessoal, mas não vou perder meu tempo…. Quero duas garrafas de Taittinger”

O amigo, contente com minha anuência, respondeu:

” Vou falar agora mesmo com o Zé (nome fictício do proprietário) e acredito que a gente pode marcar para próxima segunda feira “

Como era mais que previsível já se passaram umas dez segundas feiras e eu continuo esperando sentado o convite e o Champagne.

 Os vendedores da “xaxaxaxaxa” continuam não entendendo nada de vinho francês.

Os empresários brasilienses sabem cobrar, mas não sabem investir na especialização e aperfeiçoamento dos funcionários.

Viva Brasília, capital mundial dos sommerdiers!!!!

PS. Dois esclarecimentos: Não revelei o nome da loja para não prejudicar os funcionários. O Taittinger custava, para os clientes, R$ 189,00. É mais que obvio: Minha “aula” custaria, para a enoteca, R$240/250.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

CURTURA CARABRESA COM SERTESA


Leio, no suplemento de hoje do “Correio Brasiliense”, que o “Monardo Gastonomia e Curtura” (nunca a gastronomia foi tão ofendida e a cultura tão banalizada) uniu o calabrês mais chato do Brasil e a “chefe-blefe” que durante, alguns anos, maltratou as panelas do finado “Cielo” (ou será purgatório?).

Os dois, diz a reportagem, são “unidos pela Itália...”. Provavelmente esta união visa destruir a imagem gastronômica e cultural da península.

A dupla dinâmica propõe, por R$ 29,90, um típico prato italiano (não é nem nunca foi): “Filé à Parmegiana”.

A cultura do calabrês anda tão rala que, apesar de manter um curso do idioma italiano (deve ser para alunos oligofrênicos), desconhece que não existe, na língua de Dante, “parmegiana”.
 

Qualquer prato que queira lembrar Parma, ou à moda de Parma, deverá ter esta grafia: “PARMIGIANA”.

Para finalizar: Na “CURTURA E GASTONOMIA” o Cappuccino custa R$ 6,50 (2,15 Euros)


 

Em Chiavari, no “CAFFÈ DEFILLA”, um dos 100 bares históricos da Itália, todas as manhãs, Bacco e eu tomávamos nosso “cappuccino” por 1,10 Euros (R$ 3,30).

Hoje, no “Monardo Curtura”, R$6,50 (mais 10%?).

Imagine o Brasil da copa.....

Dionísio

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

FORNACI DI TASSAROLO 1995


 


Michele Chiarlo não é exatamente um dos meus produtores favoritos, mas dois vinhos, produzidos pela vinícola de Calamandrana e que provei nas últimas semanas, me obrigaram a reconsiderar minhas opiniões sobre a famosa engarrafadora.

O primeiro vinho, um Barolo Cerequio 1999, que bebi na casa de um amigo, provou ser um extraordinário Nebbiolo e não temer comparações com outros primos mais caros e premiados.

O segundo, um Gavi “FORNACI DI TASSAROLO 1995”, que provei no “Piccolo Ristorante”, simplesmente, me deixou de queixo caído.

Em matéria anterior comentei que, enquanto aguardava a retorno do proprietário Enrico Boitano, que havia saído para comprar cigarros, a garçonete do restaurante me servira uma taça de vinho.

A garrafa, que havia sido aberta no dia anterior, não despertou meu interesse, mas, assim mesmo, aceitei.

 O vinho me impressionou de tal forma que pedi para ver a etiqueta e quase não acreditei quando constatei que estava bebendo um Gavi 1995.

 Quando Enrico Boitano retornou fui logo perguntado: “Onde você arrumou essa garrafa de Gavi 1995 ?”.

Com um sorriso matreiro, Boitano, respondeu: “Ontem encontrei, esquecida num canto da adega, uma caixa de madeira toda empoeirada do Michele Chiarlo. Pensei que era de Barolo, mas quando a abri vi que continha 6 garrafas de Gavi “Fornaci di Tassarolo” 1995. Abri uma e provei para verificar como estava o vinho”.
 

O sujeito esquece uma caixa na adega e depois de dez ou quinze anos, em 2013, “redescobre” o vinho abre uma garrafa e o Gavi, com 18 anos nas costas, se apresenta perfeito, maduro, extraordinário.

“Enrico, se você vender uma dessas garrafas, apenas uma, eu te mato. Vamos bebê-las somente nos três: Você, eu e Bertolone. Esse é um vinho que nunca mais encontraremos”.

Boitano sorriu, concordou e ontem abrimos a quinta garrafa, por sinal, a melhor delas.

Antes de continuar comentando o “FORNACI DI TASSAROLO” quero falar, mais uma vez, sobre o Cortese.

O Cortese possui uma acidez e uma estrutura extraordinárias e são justamente a estrutura e a acidez que garantem ao Gavi um envelhecimento invejável.

Beber um Gavi de um ou dois anos é quase um crime, mas, apesar disso, os 8 milhões de garrafas produzidas anualmente (há muita porcaria no meio desses milhões) são comercializados e vendidos apressadamente.

  É praticamente impossível encontrar nas vinícolas safras antigas.
 

Somente alguns felizardos conseguem garrafas mais velhas para poder, assim, apreciar toda a riqueza dos aromas terciários que se apresentam somente após alguns anos de envelhecimento.

Encontrar, então, 6 garrafas de Gavi “FORNACI DI TESSAROLO” 1995 é como acertar na sena....

O “FORNACI DI TESSAROLO” apresentou aromas intensos, que mudavam constantemente tornando muito difícil qualquer descrição honesta e válida. .

 Do floral ao balsâmico, do tostado ao frutado, novos aromas se acumulando e atropelando os últimos..... Uma festa.

Na boca surpreendentemente jovem, grande estrutura, um final persistente e quase sem fim.

 “FORNACI DI TASSAROLO” 1995: uma grande e verdadeira emoção.

Alguns dados: As 5.000 garrafas de Gavi “FORNACI DI TASSAROLO” 1995 foram produzidas com uvas provenientes de um vinhedo, plantado em 1910 (provavelmente o mais antigo do Piemonte), em época pré- filoxera, no município de Tassarolo,

As 5.622 unidades desta safra apresentam 12º de álcool.

Pesquisando, na internet, encontrei uma enoteca que anuncia 6 garrafas do “FORNACI DI TASSAROLO 1995” pelo preço.....

 Você, que pagou R$ 76 por uma garrafa de Chardonnay Villa Francioni, está sentado? Tranquilo? Relaxado?

Pois bem, uma enoteca, na Ligúria, anuncia 6 garrafas do Fornaci 1995 por 16,99 Euro.

Adivinhe quem as comprará?

Bacco