Facebook


Pesquisar no blog

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cortese , um bom branco piemontês




Uma feliz coincidência!

Esper, enófilo e amigo, comentou que as “Langhe” produziam, também, bons brancos.

Discordei.
 

As colinas de Barolo, La Morra, Monforte, Serralunga, Castiglione Falletto, Barbaresco, Neive, Treiso etc. foram e são, desde sempre, terras de grandes tintos.

Barolo, Barbaresco, Barbera, Dolcetto atingem, nesta região, seu ponto máximo de qualidade.

Brancos?

Apenas o Moscato, já na divisa de Mango e o “Astigiano”, merece ser citado como grande uva.

 Arneis, Favorita nunca superaram a condição de medianas e as castas francesas (Chardonnay, Sauvignon, Viogner etc.), presentes (nunca entendi porque) nas “Langhe”, são plantadas, em sua esmagadora maioria, em terrenos fracos e não apropriados para doar grandeza aos tintos; terrenos mais indicados para cultivo de batatas.

O Piemonte produz alguns bons vinhos brancos, mas nenhum excepcional.

Os bons brancos são provenientes das castas  Cortese e Timorasso da província de Alessandria e Erbaluce da província de Torino.

Enquanto o Chardonnay é vinificado há quase 1.000 anos na Borgonha as castas brancas piemontesas somente em tempos recentes mereceram uma atenção maior por parte dos viticultores regionais que sempre privilegiaram as tintas.

Não viverei o suficiente para acompanhar a evolução, por exemplo, do Timorasso, mas posso prever que esta casta terá um futuro promissor.
 

O Cortese, que se adaptou maravilhosamente em Gavi e nos outros 10 municípios que fazem parte da DOCG (desde 1998), é outra casta que poderá fazer história.

Quando afirmo que as castas italianas são “recentes” me refiro apenas à descoberta de suas reais potencialidades.

O Cortese, por exemplo, era conhecido já na idade média, mas somente no século XVII há notícias concretas sobre sua presença e qualidades.

O “BOOM” do Gavi se deu no início dos anos 90 quando este  vinho conheceu, finalmente, a fama.

A fama , como sempre acontece, trouxe, também, a ganância.

Animados, com o sucesso mundial do Gavi, os vinicultores privilegiaram preço (um “Gavi di Gavi La Scolca”, nos anos 90, custava mais do que um bom Barolo) e quantidade relegando a qualidade a um segundo plano.

Resultado?

O Gavi deixou de ser o vinho da moda e voltou a um injusto quase esquecimento.

Restou a lição: Não é fácil, em 10-20 anos, transformar um bom vinho branco em um, por exemplo, “Bâtard-Montrachet”.

Uma rápida, meteórica e fulminante ascensão é apenas privilégio dos os vinhos de Marcos Danielle.

Marcos Danielle e seu fiel Sancho Pança Didu-Bilu-Tetéia, com um Pinot Noir gaúcho, conseguem, em apenas três anos, superar a qualidade dos consagrados primos da Côte D’Or.
 

Os normais e mortais viticultores precisam percorrer um longo e nem sempre róseo caminho.
 

Na próxima matéria revelarei a descoberta de dois incríveis vinhos produzidos com a uva “Cortese”: Ciapon” e “Fornaci di Tassarolo”

Bacco

 

3 comentários:

  1. não vá esquecer do fim da saga do Dent de Chien, Bacco!

    ResponderExcluir
  2. Eduardo, não esqueci....Está no forno. Minha maneira de comentar è um pouco longa e muitas vezes pode entediar, daí o espaço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. sua maneira de comentar não é nada entediante, meu caro. longe disso: é uma delícia.

      estou com uns 400 textos da encarnação anterior de B&B, vocês querem?

      Excluir