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sábado, 7 de setembro de 2013

CORRIGINDO O ESPER




Leio, com prazer e alguma preocupação, que meu amigo Esper Chacur (não o vejo há anos, mas continua amigo) há alguns meses, através da Rádio Jovem Pan, está divulgando um programa sobre vinhos.

Esper, esperto enófilo, conhece vinhos como poucos e, de maneira fácil, leve, compreensiva revela boa dicas aos ouvintes da estação.

Mas, Esper, comete algumas imprecisões quando comenta vinhos do Piemonte.

Falar sobre grandes variedades de vinhos, de uma infinidade de países e zonas produtivas é normal que o enófilo se perca no labirinto das vinhas.  

 Esper percorre, com rara agilidade, Champanhe, Borgonha, Piemonte, Toscana, Chile, Argentina, Austrália, África do Sul...

Quem “viaja”, assim, acaba se perdendo pelo caminho e esse é exatamente seu primeiro erro.
 

Quando insisto em afirmar que para se falar de vinhos é preciso conhecer, real e profundamente, a região na qual são produzidos, não é exagero meu.

Esper, ao falar e comentar vinhos do Piemonte, comete alguns deslizes típicos de quem não tem intimidade com a região.

O primeiro deslize fica por conta, então, da localização.

O Piemonte, na visão de Esper, está logo abaixo de Milão.

Ledo engano!

 Milão é a capital da Lombardia, não tem nenhuma afinidade vinícola com o Piemonte e não pode ser referencia geográfica de outra região.

O Piemonte se situa ao oeste da capital lombarda e se estende até a França, ao norte confina com a Suíça e ao sul com a Ligúria.

Milão, então, deveria ser urgentemente substituída por Torino.

Torino, sim, é a capital piemontesa.

Esper fala de “Os Barolos”

Barolo é uma pequena aldeia que empresta o seu nome para uma das mais prestigiosas denominações italianas e não pode ser escrita no plural.

Não há Barolos assim como não existem Santos Paulos, Milãos, Lisboas, Vienas, Berlins etc.

Esper, em minha opinião, não deveria citar o Freisa (Freisa é um vinho que é quase impossível de ser encontrada no Brasil), deveria informar, isto sim, que o Piemonte é pátria de quase 40 variedades de uvas autóctones, entre as quais se destacam Barolo, Barbera, Barbaresco, Dolcetto etc. etc. etc.

Último e terceira falha de Esper: Colocar as “Langhe” como bom produtor de vinhos brancos.

O único vinho branco, digno de nota, produzido nas Langhe é o Moscato, o resto é o resto...... .
 

Os bons vinhos brancos do Piemonte são produzidos na província de Alessandria (Timorasso e Cortese di Gavi) e na província de Torino (Erbaluce di Caluso).
 

Pode aparecer um ou outro bom vinho deste ou daquele produtor, mas os bons brancos piemonteses, definitivamente, não nascem nas Langhe.



Ao Esper desejo sucesso e um pouco mais de cuidado ao comentar.

Bacco

6 comentários:

  1. Caríssimo Bacco:

    O pouco que conheço do Piemonte aprendi com você e com outros diletos amigos de cultura avantajadas. Cito o Magno como paradigma. Entretanto algumas pequenas considerações, sem o fulcro de polemizar, por favor:
    - Jamais afirmei que Milão é a Capital do Piemonte, no máximo (de uma forma poética), posso ter afirmado que é a Capital gastronômica do Norte da Itália, e isso reafirmo.
    - A primeira vez que fui a Turim foi por indicação sua e lá fui sabendo que é a Capital do Piemonte. Das poucas cidades que conheço no Piemonte a maioria foi seguindo suas orientações, certeiras e precisas.
    - Quando se diz "beba um Barolo" (me desculpe mas eles são mundialmente assim conhecidos) claro que se refere ao vinho que leva a denominação do lugar. Serve para "beba um Bordeaux". Agora dizer "os Barolos", significa, é claro, dizer os vinhos feitos na região de Barolo a partir da uva Nebbiolo....mera figura de linguagem .
    - Há boas ofertas de Freisa no Brasil sim, poucas mas boas. Há importadoras que os trazem e custam valores possíveis (R$ 59,00). Só para saber, desde 1942 há importação de vinhos da uva Freisa por aqui. A Granja União que produzia e importava, trazia Freisa.
    - Há bons Langhe brancos sim, cito o Collaretto do Odero, por exemplo; O Paulo Scavino faz um bom branco no Langhe também e por aí adiante. Mas, bem sei, tem muito da variável "gosto pessoal" nisso tudo.
    - Conhecendo seu gosto, é compreensível que goste mais da uva Cortese que, confesso, tem me encantado.

    Caro Bacco, fiquei muito contente em ler este artigo, poxa sua opinião é a mais abalizada sobre o Piemonte, sobre a Itália, que conheço. Se vou para a Itália sempre me estribo nas suas dicas, sugestões e opiniões. A verdade é que de muitos vinhos italianos nunca tinha ouvido falar até conhecê-lo.

    Por fim saiba que toda opinião, crítica e sugestão sua sempre será recebida por mim com muito amor e como uma verdadeira aula.

    Dia desses vou para BSB só para passarmos aquelas alegres tardes bebendo, comendo, conversando, se divertindo como amigos de verdade que, mesmo distanciados, se querem muito bem. Você não conhece só de vinho e gastronomia, você é um Mestre na Vida.

    Forte abraço meu Mestre.

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  2. Sempre gostei de ler seus artigos sobre regiões, vinhos, ou seja, tudo relacionado ao universo da enofilia.

    Hoje, venho enaltecer esse seu artigo. De maneira simples, direta e convincentemente educada, reparar gafes cometidas pelo meu Querido Camarada virtual Esper.
    Sempre gostei de seus artigos irônicos, a utilização das metáforas para ser mais "gentil" com os falastrões. Mas hoje, me curvo para reverenciá-lo pela forma cortes que corrigiu meu Camarada Esper.

    Axé Bacco & Bacco, são as Energias e Vibrações Positivas que esse neófito baiano na arte da enofilia, envia com respeito e amizade para você e ao Dionísio Bacco.

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  3. Caro Esper , apena quis retificar o sentido geografico: Milão não tem nada a ver com Langhe.Há Freisa no Brasil , mas não è um vinho emblemático do Piemonte(tem gente , por aqui que nem o conhece rsrsrsrsrsr). Os vinhos brancos que vc citou são pálidas imitações de vinhos franceses . Continuo não entendendo um país com mais de 450 castas autoctones , como a Italia, precisa vinificar Sauvignon , Chardonnay , Voigner . No mais, um abraço e te confesso que è mais fácil vc me encontar na Itália do que em Brasília,

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  4. Caríssimo Bacco, então, com profundo sacrifício, vou a Itália.

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