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quarta-feira, 31 de julho de 2013

Banquete Babaquette


Brasiliense adora ser burlado, enganado, ridicularizado.
Falsos sommeliers, chefes blefes, restaurantes medíocres, preços astronômicos... Não há escapatória.
O “Aquavit”, restaurante recôndito e dinamarquês, dinamarquês especialmente nos preços de seus pratos, ataca os bolsos dos incautos e abonados candangos com a versão 2013 da Festa Babaquette (ops) Babette”.

Os bem aventurados e dourados brasilienses, que babaquiarem no “Banquete Babaquette”, poderão, por módicos R$ 480, assistir ao filme homônimo e degustar o trivial cardápio do chefe (blefe?) dinamarquês do Lago Norte.

Aconselhamos levar algumas garrafas escondidas, pois somente uma taça de vinho será servida a cada prato (esperemos que não haja demasiado sal....).


Se lembrarmos que R$ 480 correspondem a 160 Euros e por esta ínfima quantia é possível comer em restaurantes com duas estrelas Michelin, na Europa, ao final da noitada, antes de dormir, seria de bom alvitre deixar de escovar os dentes: Os resíduos devem permanecer em contato com dentes, língua, paladar etc. o mais longo tempo possível para justificar os hiperbólicos R$ 480.

Bom apetite, babaquette

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Vinho Vestal




Você, que ainda acredita que o vinho é um produto “natural”, que não é manipulado, trabalhado, modificado na adega, deve ler com calma e sem se alarmar o texto abaixo.

Tenho a mania de ler sites que tratam de enologia, de produção de vinhos e das mazelas que ocorrem ou podem ocorrer no escurinho das adegas.

A última moda que surgiu , mas que (ainda bem) já está sumindo, foi a dos vinhos biodinâmicos, “naturais”.

Os vinhos biodinâmicos e naturais, alardeavam os produtores, deveriam dispensar, ou quase, o uso de defensivos nas vinhas, sofrer nenhuma ou pouca intervenção corretiva por parte dos enólogos, o mínimo intervento por parte do viticultor...... Vinhos puros, vinhos “vestais”.

Ser uma vestal, na zona, é difícil e o mundo do vinho, como todos os mundos, aliás, é uma tremenda zona.

Aromas, taninos, chips, mentiras, falsificações, engodos etc. etc. etc. são muito mais comuns do que se possa pensar ou imaginar.

Você, que acreditou nos vinhos “naturais”, biodinâmicos, biológicos, puros etc. veja o que é permitido adicionar, por lei, na comunidade europeia, aos vinhos “vestais”.

Leia, releia e creia....


 Ar e oxigênio na fase gasosa, perlita, celulose, farinha fóssil, azoto, argônio anidrido carbônico, leveduras, fosfato de amônio, cloridrato de tiamina, carvão de uso ecológico, gelatina alimentar, proteínas vegetais do trigo e da ervilha, cola de peixe, albumina de clara de ovo, taninos, caseína, caseinato di potássio, dióxido di silício, bentonita, enzimas pectinolíticos, ácido láctico e acido L- tartárico, carbonato di cálcio, tartarato neutro de potássio, bicarbonato di potássio, resina di pinho di Aleppo para a retzina no vinho grego, bactérias lácticas, ácido L-ascórbico, ácido cítrico, ácido meta-tartárico, goma arábica, bitartarato de potássio, cirtrato de cobre, sulfato de cobre, chips de madeira, sulfato de potássio, SO2.



O uso dos produtos, acima mencionados, é permitido na comunidade europeia


Imagine o que é permitido, então, na comunidade gaúcha...

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Gazpacho de Morango


 


Não seria justo elogiar com entusiasmo um prato sem fornecer aos nossos leitores a receita.

Estou me referindo ao “Gazpacho de Morangos” que provei e repeti no “Fierobecco”.

A repetição do prato foi necessária para recordar o sabor daquele gazpacho e desvendar seus ingredientes.

Não foi difícil.... Sou fã deste prato de origem Ibérica e sei prepará-lo de várias maneiras.

Um ingrediente aqui, uma pequena mudança ali, mais um toque acolá... O gazpacho de morango , cuja receita agora revelo ,ficou exatamente igual àquela  do Fierobecco”  .

 

INGREDIENTES:

1 vidro de “Passata di Pomodoro” italiana (há inúmeras marcas nos supermercados: Casino, Divella, Di Cecco...).

2 bandejinhas de morango bem maduros e doces

1 pepino médio.

Pimenta verde e da Jamaica.

Molho inglês

Creme de leite fresco

Folhas de menta

Cubos de atum cru ou salmão defumado em fatias

 

PREPARO

Descascar o pepino, cortá-lo em rodelas e colocá-lo em um prato fundo acrescentando um pouco de sal.

Outro prato fundo e igual, com um peso (2-3 KG), deverá ser posto sobre aquele com o pepino .

O peso, depois de duas horas, fará o pepino soltar um pouco de sua água .

Enquanto o pepino descansa , despejar a “Passata di Pomodoro” em uma tigela de inox , acrescentar os morangos , quatro ou cinco colheres de creme de leite fresco, alguns grãos de pimenta verde, uma pitada de pimenta da Jamaica e algumas gotas de molho inglês.

Bata o todo com o mixer até obter um creme denso e uniforme e leve o todo para a geladeira.

Quando o pepino tiver soltado sua água adicione-o ao gazpacho e bata novamente.

Na hora de servir , em cada prato , adicione o atum ou o salmão e alguns pedaços de menta .

O gazpacho devera ser servido frio e como antepasto.

PS . É muito difícil estabelecer as quantidades exatas dos ingredientes,mas vou tentar simplificar: O prato será perfeito quando nenhum sabor prevalecerá demasiadamente sobre o outro e dificultará a identificação de todos os componentes .

Muitos poderão identificar o morango, poucos o tomate alguns o pepino, mas ninguém se recordará da pimenta da Jamaica, do creme de leite, do molho inglês...

domingo, 21 de julho de 2013

FIEROBECCO


Chegando à Itália , ou dela partindo, sou “obrigado” a parar, na vinda ou na volta, em Arona.

Por quê?

Porque é justamente em Arona que, durante minha ausência, meu amigo Pietro há anos guarda com carinho meu carro em sua garagem.

Arona não é exatamente um paraíso gastronômico e para comer realmente bem é preciso pesquisar nas cidades próximas.

No raio de 20-30 quilômetros há ótimos restaurantes e, sem exagero algum, há uma meia dúzia deles que ostentam uma, duas e até três estrelas Michelin.

 Os “Michelin” são locais que recomendo e são os mais indicados para os brasileiros que, no exterior, não se assustam com os preços exorbitantes.

Nossos patrícios estão mais que acostumados aos assaltos praticados nos restaurantes de São Paulo, Rio, Brasília e no restante do Brasil maravilha (“Quase-Ex-Terra-Prometida”, atualmente lhe cai melhor.....).

“Se você conhecer o “Il Fierobecco” vai se apaixonar pela cozinha de Dario

As palavras, ditas por Chiaretta, proprietária do “Bar Pinguino”, em Boca, despertaram minha atenção.

“Fierobecco? Onde?”

“O Fierobecco fica na estrada de Bolzano Novarese. É um restaurante simples, mas com uma adega ótima e uma cozinha ainda melhor”.

Tenho por norma confiar nas indicações, seja de pratos ou de garrafas, que os moradores da região me transmitem.

 Não havia, então, porque duvidar do bom gosto gastronômico de Chiaretta.

Reserva feita, GPS acionado (não tente encontrar o “Fierobecco” seguido o mapa ou confiando na sorte... É impossível), em menos de 20 minutos, apesar das dezenas de curvas, da estreita estrada, estacionei o carro bem na porta do “Fierobecco”.

Local simples, decoração modesta, ambiente acolhedor.

 Uma “trattoria” como milhares de outras espalhadas pela Itália.

 Você, que teima em chamar de “Cantina” os restaurantes mais modestos da Bota, deve urgentemente abandonar esta definição idiotizante e aprender, de uma por todas, que “Cantina”, na Itália, significa adega e não restaurante.

Se pedir, para qualquer italiano, o endereço de uma “cantina” o interlocutor certamente indicará a vinícola mais próxima.

A classificação italiana de locais onde comer, é a seguinte: Ristorante, Trattoria, Osteria ou Hostaria, Pizzeria, Ristoro, Tavola Calda (self-service).

Cantina para se comer não existe!

Cantina é uma “invenção”, ridícula,  que os italianos, analfabetos  de pai e mãe, impuseram aos brasileiros.

O ambiente não decepciona, mas não entusiasma.

A boa impressão inicial fica por conta da ótima carta de vinhos que alia uma inteligente e variada escolha com preços honestos.

A cozinha do “Fierobecco”, pilotada por Dario Marini, se baseia firmemente na tradição da cozinha local, mas sem esquecer de “viajar” por novos caminhos.

Um sensacional “Gazpacho” de morangos, uma Catalana de “Mazzancolle” (Mazzancolla é um crustáceo parente do camarão, maior e mais saboroso) uma garrafa de Chablis 1er Cru (35 Euros), um licor e um café, me aliviaram em 65 Euros.

Não preciso dizer que voltei no dia seguinte para provar mais uma vez o fantástico “Gazpacho” e completar o almoço com um ótimo frango ao molho de pêssegos frescos.

 Os pratos foram regados, desta feita, com um Geco di Tufo 2011 da vinícola Benito Ferrara que comendo com entusiasmo.

O “Fierobecco” é um restaurante que, apesar do complicado endereço, merece várias visitas.

Fierobecco
Ameno/Lortallo





quarta-feira, 10 de julho de 2013

BORGONHA I






Dionísio, durante um jantar em Chiavari, comentou que gostaria de retornar à Borgonha.

 Não pensei nem dez segundos, não me fiz de rogado e, após os normais preparativos, na manhã seguinte colocamos o carro na estrada.

Dia límpido, frio... Ótimo para viajar.

“Vamos passar pela Val D’Aosta, atravessamos o Monte Bianco e, se não tivermos nenhum contratempo, comeremos as ótimas rãs do Saint Laurent em Macon”.

Fiz o comentário quase falando comigo mesmo enquanto Dionísio anuía balançando a cabeça e sorrindo “giocondamente”.

Uma multa de 90 Euros, pagos na hora aos policias franceses, pelos excessivos 185 km horários, diminuiu nossa pressa, mas não nosso entusiasmo e antes das 13, entramos, triunfantes e confiantes, no Saint Laurent, bem ao lado da belíssima ponte que há mais de 800 anos se eleva sobre o rio Saône e une Mâcon e Saint-Laurent-Sur-Saône.

Atendimento perfeito, rãs, como de costume, maravilhosas, carta de vinhos razoável, preço condizentes (para os padrões franceses....).

 O Saint Laurent continua sendo um endereço mais que válido em Mâcon.

De Mâcon para Pierreclos é um pulo.

Havíamos decidido visitar os Jambom para saudá-los e comprar algumas garrafas de seus ótimos e baratos vinhos.
Eu estava pensando, em especial, no belíssimo “Mâcon-Pierreclos 2005” a pequena obra prima de Pierre Antoine Jambon.

Pierre Antoine, pilotando seu gigantesco e sacolejante trator pela estreita estrada rural que de Pierreclos,  num sobe e desce constante, acaba desaguando no quintal de sua pequena vinícola, não nos reconheceu quando o ultrapassamos e ficou surpreso ao ver meu carro estacionado bem na porta de sua casa.

Onze horas em ponto!
Saudações, sorrisos e costumeiros abraços antecederam a abundante e interminável degustação dos vinhos produzidos pelos Jambon.

Mâcon Pierreclos Couvée 2005,2009 - Mâcon Pierreclos Fût de Chene 2001, 2005 - Poully Vinzelles 2009 e finalmente, mais uma pequena obra prima de Pierre Antoine: Vendanges de La Saint Martin.

Os vinhos dos Jambon sempre me “obrigam” a um desvio na rota, mas a qualidade e o preço de suas garrafas compensam qualquer contratempo e distância.

  “Mâcon-Pierreclos Couvée”, “Mâcon Fût de Chene”, meus preferidos, diferem apenas pela presença mais marcante da madeira no “Fût de Chene”, mas ambos são Chardonnay elegantes, finos e com uma persistência impressionante no paladar.

Grandes vinhos por apenas 7 Euros (viva os Bettus da vida....).

Se alguém desejar gastar uns pouco mais  (14 Euros) poderá levar para casa uma garrafa do extraordinário “Vandanges de La Saint Martin”

O Saint Martin é produzido apenas nas safras em que as  uvas  são atacadas pela “Botrytis Cinerea” e o vinho (  4.500 garrafas em 2007) se apresenta tão complexo ao nariz  e tão rico na boca que , sinceramente, não me atrevo ir além com receio de  beirar o ridículo e   parecer mais um dos   sommeliers mentirosos e picaretas que infestam nossa crítica capenga.

Quem estiver passando  por Mâcon, quiser provar  e comprar grandes vinhos, por um preço mais que justo, deve dar uma passadinha na.

 Domaine Jambon Marc et Fils
Pierreclos

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O TÚNEL


 

 

 Para você, que gosta de caminhar ou correr e que acredita ter praticados estas modalidades em todos os lugares possíveis e imagináveis, aqui vai uma pergunta: Já praticou seus esportes favoritos por antigos túneis ferroviários?

 

Não? Chegou a hora, então, de conhecer e percorrer as galerias de uma antiga ferrovia construída no século XIX.

 

Essa velha estrada de ferro serpenteava por toda a costa da Ligúria e, com seus incontáveis túneis, atravessava as montanhas graníticas numa sequência impressionante.

 

A via férrea, que foi planejada e executada para as necessidades e trens daquela época, acompanhava a costa lígure para fugir das insuperáveis montanhas apenínicas, do interior da região, que exigiriam um trabalho muito mais complexo e custoso.  

 


 

Após

segunda-feira, 1 de julho de 2013

VOLTAMOS!!!

Três meses sem nada escrever, descansando, pensando e discutindo se voltar valeria a pena ou não...
Estávamos de saco cheio com a mediocridade vinícola e gastronômica do país, sem assuntos novos e interessantes, um pouco (muito) repetitivos e, motivo maior, gastando uma grana preta com a hospedagem do site na Locaweb.
Continuar por quê?


Os insistentes inúmeros e-mails pedindo reconsideração, elogios tardios, mas lisonjeiros, criticas altamente positivas comentando nossa integridade e linha de pensamento, após quase três meses de sepulcral silêncio, nos convenceram que não seria ridículo voltamos para esculhambar, como sempre, os picaretas que infestam o mundo da eno-gastronomia.

Mandamos a “Locaweb” e suas tarifas escorchantes às favas, fechamos o site, optamos pelo formato “blog” e resolvemos voltar, revigorados e combativos.
 Longos e belos passeios pela Borgonha, meses rodando a Ligúria, Piemonte, Lombardia, Toscana, Emilia Romagna nos levaram à novas cidades e aldeias fascinantes que brevemente descreveremos para os nossos fieis leitores.


Belas fotos de lugares únicos e exclusivos, descrições de alguns vinhos e restaurantes memoráveis, meia dúzia de ótimas receitas, dezenas de dicas de locais, restaurantes e bares que valem uma ou mais visitas, programas inusitados etc., são matérias que freqüentarão o blog a partir de julho.
Naturalmente continuarão as criticas aos nossos empresários dos “quase-vinhos-nacionais”, aos preços escorchantes praticados pelas importadoras predadoras e aos malandros que vivem maltratando as cozinhas tupiniquins e nossos doloridos bolsos.
Infelizmente não conseguimos salvar nada além de pouquíssimos e-mails de nossos mais de 2.500 leitores (a Locaweb ,quando deixamos de pagar, os garfou) assim B&B recomeçará praticamente do zero.
Quem receber este newsletter certamente se encarregará de divulgar, novamente, o velho (ma non troppo) B&B.
Até já!
Dionísio